April 1 - [ZARRY]

Shopping

- Shopping? - questionei descendo da moto. - Não quero almoçar hambúrguer, Hazz.

- A gente pode ir comer em outro lugar depois. - deu de ombros e me puxou pela mão. - Vem.

Caminhamos pelo local, mal tive tempo de observar as vitrines já que Harry parecia estar focado em chegar a algum lugar.

- Onde estamos indo, afinal? - parei

- Comprar roupas pra festa de hoje. - explicou parando a minha frente.

- Que festa? - não lembro de nenhum convite.

- Hoje tem a inauguração de uma nova balada no centro e o meu querido pai fez o favor de conseguir um camarote pra compensar a falta de afeto com o filho perfeito. - bufou com um sorriso fraco. - Um motivo ruim, mas um presente bom. Só temos que aproveitar. - começou a andar novamente, me levando junto. - Os meninos também vão.

- Eu tinha marcado de dormir na casa do Niall. - expliquei

- Chama ele também. - deu de ombros e eu apenas assenti.

Caminhamos por mais alguns instantes até que finalmente Harry parou em frente a uma das vitrines e logo entramos.

- Você não cansa da Gucci? - comentei rindo

- Na verdade, meu pai meio que não gosta muito que eu use outras marcas. Não é bom pra os negócios. - explicou.

- Oh... Entendi.

Imagino como deve ser pra Harry ter até suas roupas sendo controladas. Ter a família, fortuna e o legado que tem, obviamente é algo ótimo, mas existe um lado ruim que é um ponto bem forte nisso tudo e me faz questionar se eu iria querer uma vida assim.

- Eu até pensei em ir contra as regras dele e a gente sair correndo pra Louis Vuitton. A nova coleção deles tem uns casacos perfeitos, mas eu sei que você não iria aceitar que eu pagasse. - suspirou. - Aqui eu tenho a desculpa de que o dinheiro volta pra o meu bolso.

- Você veio comprar roupas pra mim? - indaguei surpreso.

- Nós viemos comprar roupas pra nós dois. - corrigiu.

- Não, você veio comprar roupa. Eu achei que a gente tava indo almoçar. - insisti.

- E o que tem demais? Já falamos sobre isso. - comentou dando de ombros

Harry seguiu em direção a um homem de meia idade, loiro e que possuía olhos azuis intensos, ele possuía um crachá que parecia ser de gerente ou algo assim.

- Harold! - o homem exclamou ao avistar o garoto e logo o abraçou.

- Como está, Tom? - indagou o cacheado.

- Muito bem, na verdade. Graças a você. - agradeceu.

- Você merecia. - piscou. - Mas então, eu vim olhar a nova coleção.

- Por aqui. - caminhou e Harry logo puxou minha mão e seguimos atrás do homem. - Creio que essa parte seja mais o seu estilo. Qualquer coisa pode me chamar. - completou e saiu

- Só por hoje você vai deixar esses moletons que dizem "sou um nerd, chato" de lado, ok? - exclamou colocando uma calça sob minha cintura.

- Hazz... - bufei

- O que foi? - perguntou preocupado.

- Primeiro você só pagava meu táxi até sua casa ou algo assim, aí começou a pagar todos os almoços, me deu um celular e uma carteira que só ela já custava mais do que meu celular e minha carteira antiga juntos. Agora são roupas em um loja onde só uma cueca custa 1000 euros, qual o próximo? Me fazer começar uma coleção de carros também? - perguntei

- O que quer dizer com isso?

- Você reclama tanto que seu pai compensa a falta de atenção com dinheiro e presentes, mas você faz o mesmo que ele. - respondi

- Você tá me comparando com o meu pai? - riu - Eu sou idiota mesmo. - bufou. - Melhor você ir pra casa.

- Harry... - tentei me aproximar um pouco.

- Quer que eu te leve em casa ou isso também é muito, já que eu vou ter que gastar a gasolina. - debochou

- Eu me expressei mal, ok? - suspirei segurando o rosto do garoto com as duas mãos. - Eu não quis dizer que você é igual a ele. É só que você parece ter que me dar coisas o tempo todo como se isso fosse a prova de que gosta de mim. - Tentei explicar. 

- Z, eu não preciso te dar presentes pra te provar que gosto de você. Eu posso passar o dia inteiro falando isso no seu ouvido se quiser. Eu posso demonstrar tatuando suas iniciais no meu ombro, me declarando pra você no final de cada jogo que eu vencer, ou, só por te forçar a estar comigo o tempo todo. Então nunca compare a falta de amor que os meus tem por mim, com o jeito que eu gosto de te mimar. - me deu um beijo rápido.

- Então, por quê faz isso? - perguntei

- Porque eu gosto de agradar as pessoas que eu amo. Principalmente quando eu descubro que quase deixei essa pessoa sem almoçar, por uma semana... -  comentou baixinho.

- Como você... Liam! - bufei. - Você não me deixou sem almoço, Harry.

- Eu sabia que você queria pagar e eu sabia das suas condições e mesmo assim gastei demais. Então, sim, foi culpa minha. - insistiu. - Eu só quero que você entenda que me deixar pagar as coisas pra você não vai te fazer menos homem ou mais fraco. Eu simplesmente posso e quero fazer isso por você.

- Tá bem. - assentei e puxei um conjunto de calça e casaco da coleção que estava a minha frente. - Gostei desse, uh?

- Você não cansa dessas roupas folgadas e completamente compostas, não é? - riu

- Não. - sorri - E você? Do jeito que é, vai acabar indo só com as meias.

- Quase isso. - puxou uma bermuda jeans rasgada e uma camisa preta transparente.

- Você vai morrer de frio e eu não vou te dar meu casaco. - comentei.

- Eu sobrevivo. - deu de ombros e foi pagar.

- Ei! A gente não vai provar? - questionei

- Não. Se não prestar, a gente volta e compra outras. - piscou

- Gente rica é foda. - comentei rindo e o mesmo fingiu não ouvir.