OLÍVIA
Ele em nada era parecido com o que sonhei desde sempre, o silêncio dele e às vezes até a sua frieza em relação a certas coisas me faziam temer as situações que criei. Naquela tarde de clima ameno para os lados da Filadélfia era quase de se estranhar um dia bonito como aquele pudesse parecer tão sombrio para mim. Eu continuava sentada em frente a Benjamin Barnes, meu noivo há mais de dois anos, sem saber como reagir ao que ele disse olhando nos meus olhos daquele modo irritante e penoso do outro lado da elegante mesa de café da manhã na sacada do nosso apartamento. Isso não está acontecendo, repito a mim mesma mentalmente enquanto o silêncio castigante paira sobre nós dois. Nem mesmo a buzina de um carro na rua de baixo seguida de um xingamento do motorista conseguiu chamar minha atenção, só fez o momento ficar ainda mais constrangedor.
— Como é que é? — perguntei esperando ter ouvido errado.
— Por favor, Olívia, não me faça falar isso de novo. — Ben quase suplicou. — Já foi difícil demais aceitar a realidade depois do fiasco da noite passada.
Ele era polido, educado, sempre muito silencioso até, o oposto de mim, que era por muitas vezes extrovertida e sincera. Assim era Benjamin tanto nos pensamentos quanto nas expressões, mas agora estava inegavelmente distante e aborrecido. Eu não queria admitir, mas ele estava certo, e só de pensar na noite passada uma onda de vergonha me invadiu.
— Muitas das nossas "conversas" começaram com "Olívia, precisamos conversar..." e terminaram naquela cama ali, Ben. Se está tentando me passar um trote, acho melhor se esforçar mais.
— Ah, pelo amor de Deus! — Ele se deixou ser quase engolido pela poltrona da varanda soltando o ar. — Quer saber? Com você nunca funcionou ser civilizado, então que se foda. Isso aqui não está mais dando certo, eu e você! Eu estou cansado de sempre fazer vista grossa para as coisas que você apronta.
Sempre que a conversa se iniciava daquele modo, não seria nada bom para um dos lados, muito bate boca acontecia antes de podermos deixar aqueles atritos para trás e nos focar em outros tipos deste na cama.
— E pensar que agora eu entendo perfeitamente como seu pai se sente — completou ele num tom cheio de raiva e desgosto, e suas palavras me atingiram como um soco no rosto.
E de repente me senti mal dentro de nosso apartamento alugado há pouco mais de um ano e um frio percorrer minha espinha.
— Já pedi desculpas por ter feito aquela cena ontem no jantar. — Eu o olhava quase indo ao seu encontro quando ele se levantou da poltrona e se dirigiu à elegante sala de estar, me evitando.
Era mais que óbvio que tinha algo a ver com a briga da noite anterior que causei pelo do meu tão destemperado ciúme, mas era algo quase inevitável para mim, não conseguia me controlar! Ele era tudo o que uma mulher poderia querer. Um homem alto para lá de seus 1,90, cabelos escuros com alguns fios prateados começando a surgir deixando-o mais atraente, o que combinava muito com o seu rosto um tanto quanto quadrado e o furo no queixo que eu tanto amava. Seus olhos verdes estavam um tanto escuros agora que olhavam para mim, sua pele clara na parte onde crescia a barba agora estava um pouco escura devido aos pelos aparentes. Eu não conseguiria viver sem aquilo, sem ele, e a julgar pela sua postura, eu tinha certeza de que não iria me safar dessa vez.
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NENHUMA RAZÃO ( Degustação)
Lãng mạnOlívia Brown, uma veterinária de sucesso estava sempre em busca de aventuras até conhecer Ben e a calmaria de um longo noivado. Quando é largada por ele, certa que a estava traindo, começa então uma inconsequente perseguição para descobrir a verdade...