Olívia Brown, uma veterinária de sucesso estava sempre em busca de aventuras até conhecer Ben e a calmaria de um longo noivado. Quando é largada por ele, certa que a estava traindo, começa então uma inconsequente perseguição para descobrir a verdade...
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Olívia
— Acho que não vou conseguir superar isso, Kelly! — Minha amiga desde a infância tentava me consolar, mas não estava ajudando nem um pouco. — Ele se foi mesmo... Quando cheguei da corrida hoje de manhã, ele estava no apartamento enchendo uma mala enorme. Foi o pior momento da minha vida.
Doía lembrar, e não havia se passado nem vinte e quatro horas exatas. Naquela hora eu o abracei enquanto estava de costas ainda em frente ao closet com suas roupas organizadas quase milimetricamente como eu gostava que ficasse, pois cresci com tudo sempre muito organizado, era quase como uma obsessão a organização e limpeza de tudo. Mas o senti quase retesar com meu toque antes de me afastar.
Sentada em minha frente num restaurante do centro naquela mesma noite, Kelly Wright, a brilhante jornalista e crítica literária do Philadelphia Inquirer, exibia seu olhar de preocupação com meu estado que me lembrava bastante o de uma mãe ou uma irmã mais velha. Não era ruim, até porque era assim que eu a considerava, ela sempre tinha bons conselhos para me dar.
— Olívia, eu te conheço desde sempre, você sempre foi assim. Um pouco... — fez uma pausa tentando achar a palavra — impetuosa. Mas as pessoas, principalmente os homens, são imprevisíveis.
— Não sei mesmo o que me deu na cabeça, Kelly, e às vezes quando me lembro, parece que não era eu, sabe?
— Essa não seria a primeira vez. — Kelly disse colocando um pouco mais vinho na taça. — Olívia, não te ocorreu que talvez o Ben esteja certo?
— Ah, não. Você também?
— Eu só estou dizendo que provavelmente você precisa de algo além dele para se preocupar. Lembro bem de como você era ativa no seu trabalho, viajava para os quatro cantos do mundo salvando animais em extinção, se enfiando em matas fechadas... Eu te via e te achava tão... destemida!
Suspirei apoiando a cabeça com as mãos recordando em detalhes como era minha vida nessa época. Realmente, cada dia era uma aventura, eu sempre queria provar que podia ser melhor, que podia ir além... Conseguir o que eu queria do jeito que queria.
— Você era uma espécie de Indiana Jones para mim — completou ela tomando um gole de vinho e sorrindo, repeti o gesto com as lembranças. — Não sente mais vontade de fazer isso?
— A verdade é que eu não penso mais nesse tipo de coisa, não consigo mais — confesso. — Quando estou com o Ben, sinto que tenho tudo o que preciso, sinto uma segurança que nunca experimentei antes.
Depois de tanto tempo me arriscando, me aventurando, quando ele entrou em minha vida, senti tanta tranquilidade... Pela primeira vez eu tive alguém para me proteger, e só de pensar em voltar ao meu apartamento vazio o desespero voltava a aflorar.
— Você mais do que ninguém sabe que a vida está longe de ser segura, Olívia — mencionou minha amiga. — E eu mais do que ninguém sei o preço de não me arriscar.
