Entre as frestas das janelas, a claridade do dia invadia minha visão, despertando-me para mais um dia.
Ao me levantar, uma mulher se retirava do banheiro, uma mulher familiar, de cabelos compridos, castanhos claros, muito alta, deveria ter por volta da idade de Chan, uns vinte e quatro anos.
"De onde a conheço?"
Eu esfregava os olhos, na expectativa de reconhecer a moça que, nesse momento, me encarava profundamente, assustada. Parecia ter me reconhecido.
Antes que pudesse a cumprimentar, lhe reverenciando, ela havia desaparecido.
"Ela está com Chan?"
Com o corpo inclinado para o lado, observo a porta do quarto de Bangchan se fechar bruscamente.
Sem dar muita importância, segui meu cronograma matinal, pois conhecendo Jeongin, ele devia estar em sono profundo, e só acordaria daqui à pelo menos uma hora, apenas por conta de seu trabalho.
Retirei meu notebook da mochila que trazia comigo ontem e enviei currículos para trabalhos que estavam contratando pessoas da minha área, a área de design.
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Algumas horas se passaram enquanto eu trabalhava em procurar empregos. Jeongin já havia saído para trabalhar, mas nenhuma alma viva havia nem mesmo tocado na porta do quarto do garoto mais velho.
Estranhando o silêncio, decidi bater na porta para ver se tudo estava sob controle. Dei três batidinhas na porta com as costas do meu punho fechado.
— Chan? Aconteceu algo? — aproximando meu ouvido da porta, o silêncio permanecia. Apenas alguns segundos depois, a porta foi aberta.
— Ele está no banho — a mesma mulher, agora com um vestido preto, um sapato de salto e sua maquiagem feita, caminhava em direção a saída da casa, quase me empurrando, fazendo com que eu recuasse.
Sem nem cogitar olhar para trás, a mulher apenas deixou o recinto, espalhando seu perfume extremamente doce pela sala.
— Desde quando Bangchan namora pessoas tão sem caráter? — como de costume, não dei relevância para o comportamento da mulher, afinal, a maior parte dos seres humanos acham que são superiores a outros.
Para evitar atrapalhar a moradia, fui àquela mesma ponte do dia anterior, que agora, estava bem mais vazia, pelo fato de ser segunda-feira.
Sinto meu celular tocar dentro do bolso e pela primeira vez no dia resolvo checar quem tanto me ligava. Eram meus pais, e por mais que eu não quisesse atendê-los, resolvi me arriscar.
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— Alô? — eu me encosto no concreto que cercava a ponte, em forma de proteção.
— Yang Yuna, volte pra casa agora mesmo! — a voz da senhora que ecoava no telefone era projetada com uma alta intonação raivosa, novamente ela tentava controlar minha vida.
— Você não vai querer que eu faça Jeongin te expulsar — dessa vez, o homem, mais conhecido como meu pai, berrava ao telefone.
— Jeongin é independente agora, assim como eu — tudo que eu menos queria era brigar através de uma linha — Por favor, não me contatem novamente, estou ocupada.
Encerrei a chamada sem hesitação, já estava farta de tentarem me dominar, como se a vida de seus filhos fosse pertence deles.
Ao notar que meu pacote de cigarros estava no fim, atravessei a ponte na procura de uma loja de conveniência. E não demorou muito para que eu encontrasse uma.
De frente para o balcão, apenas apontei para o que desejava, então o atendente apenas assentiu, sem trocar palavras e me concedeu o pacote.
Após entregar o dinheiro ao balconista, um homem se aproxima, o homem que havia perdido seu cachorro.
— Não deveria fumar — ele para ao meu lado, depositando algumas mercadorias no balcão para que o homem a nossa frente calculasse.
— Fala isso como se fosse fácil — guardo o maço em meu bolso, prestes a me retirar.
— Você se esqueceu disso — ele estende sua mão, mostrando a alça que ontem prendia Shen, o cachorro — E me perdoe pelo escândalo de Jina, ela adora chamar atenção, sabe?
— Sem problemas, costumo participar de certos alvoroços — sem olhar diretamente em meus olhos, ele me entrega o cordão.
— A propósito, me chamo Hwang Hyunjin — ele sorri de canto, provavelmente tentando simpatizar.
— Yang Yuna — meu tom não demonstrava animação alguma, sinceramente não estava interessada em segurar um diálogo ali.
Ele pareceu entender o recado, pois havia desistido de tentar fazer amizade com uma desconhecida. Eu deixava a loja e era possível ouvir ao fundo o homem atrás do balcão pronunciando algo como "volte sempre".
Do lado de fora do recinto, a imagem da mulher que estava com Hyunjin ontem se refresca em minha memória.
"Essa tal Jina é a mesma mulher que dormiu com Bangchan na noite passada?"
O garoto que antes estava dentro da loja, se deparou comigo estática do lado de fora.
— Essa tal de Jina é sua namorada? Apenas curiosidade.