O garoto aparentava confuso com minha ação, talvez devido a falta de interesse demonstrada mais cedo.
— Por que o do interesse repentino? — ele interrompe seu caminho, atrapalhando a entrada do estabelecimento.
— Apenas curiosidade — repeti.
— Desculpe, não compartilho minha vida pessoal com desconhecidos — ele dá uma risadinha sarcástica. Se eu não tivesse sido tão fria na minha fala, talvez ele não teria agido daquela forma.
Ele deve ter se chateado com minha postura, pois voltou a seguir seu caminho, ignorando completamente meu questionamento. Eu não iria seguí-lo, claro, ele não era quem me preocupava.
No caminho contrário, em direção a ponte, consigo identificar uma figura que antes estava martelando minha mente. Bangchan. Acenava, na esperança do mais velho notar, e graças a ausência de pessoas no local, não demorou muito para que ele se dirigisse a mim.
— Desculpa não ter te cumprimentado ontem, estava ocupado com algumas coisas — ele sorri levemente, deixando suas covinhas profundas evidentes.
— Graças a deus eu estava em um sono profundo — do meu bolso, tiro o embrulho que havia comprado com diversos cigarros — Mas não fazia ideia de que estava namorando.
— E não estou — ao ver o que eu segurava em minhas mãos, Chan agarra o pacote sem me dar a mínima chance de tentar lutar contra — E você deveria parar de fumar — ele o guarda no bolso de sua própria calça.
— Vai tirar o único alívio que tenho na vida? — eu sabia que não iria convencê-lo a me devolver, mas ainda sim digo num tom emburrado.
— Há muitas formas de se aliviar dos pesares da vida — ele suspirava profundamente, parecia cansado de alguma forma.
— Quem era aquela mulher então?
— Apenas alguém que encontrei em uma festa por ai — ele me olha com uma expressão brincalhona, mas um tanto maliciosa — Eu precisava de um alívio também.
— Não preciso de detalhes — dou de ombros — Acho melhor ir para seu trabalho, ou vai se atrasar.
— Tem razão, vou indo então — ele acena — E vou levar isso comigo — ele balança a embalagem que eu tanto desejava entre os dedos, como se eu não soubesse daquilo.
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Algumas horas se passaram, e eu já me encontrava deitada no sofá de Jeongin, com uma perna apoiada no topo e outra jogada em direção ao chão, pensando no que aquela mulher estava envolvida.
"Se ela está com Hyunjin, devo avisá-lo?"
Meus pensamentos são rapidamente cortados por uma notificação alta em meu celular, que ecoou pelo lugar silencioso. Era a mensagem de uma das empresas que eu havia enviado um currículo.
"Eles foram rápidos, devem estar realmente precisando"
Na mensagem de texto, solicitavam uma entrevista, o que já era previsto. Uma empresa para criação de jogos não muito grande, mas pagava muito bem pelo que era. Era tudo que eu precisava.
Não demorou muito para que Jeongin e Bangchan retornassem ao seu lar, preenchendo o vazio do local.
— Yuna, chegamos — os dois garotos adentram a sala, com algumas sacolas de papel em mãos, provavelmente compras da casa.