Marianne
— Só dessa vez, Anne. Eu imploro! – Juli diz enquanto eu ainda estou olhando para seus documentos e a passagem sem acreditar que estamos mesmo fazendo essa tolice. Que eu estou mais uma vez, cedendo a sua vontade.
—Eu já disse que vou. É só que parece louco demais. Fingir ser você. – Ela toca meus ombros, me faz olhar para ela.
—Escute, não precisa fingir ser eu, não é como fazia alguma prova minha ou tentávamos enganar a mamãe, ele não sabe quem somos, não sabe sobre ter uma irmã gêmea, só vai estar com o nome trocado, o que está mais do que acostumada.
— Mesmo assim é assustador, nem consigo me imaginar entregando os documentos na alfandega e não me entregando só com um único olhar desconfiado.
— Vai dar certo. Ninguém vai fazer perguntas, é Julianne, vão olhar a foto e confirmar, pode responder qualquer coisa sobre mim e ainda será um pouco sobre você, data de nascimento, nome dos pais, local de origem. Não vai mentir sobre nada.
—Nada?
—Ok, o nome, mas só isso. Somos gêmeas univitelinas, idênticas, até nosso DNA é o mesmo.
— Sei disso. – E como sei, a vida toda eu me senti uma cópia mal feita do original, sempre tão perfeito. – Vou fazer a mala. E o apartamento, temos que fechar tudo e... o carro?
— Fica tudo fechado a sua espera, mando desligar a energia, deixo o carro guardado, prometo que venho aqui de vez em quando. Jacob vai ganhar bem, podemos pegar um avião vez por outra e vir passar o fim de semana.
—Então não desliga a energia e cuida das contas da casa, pode fazer isso, Juli?
—Posso.
—Julianne!
—Já disse que sim. – Ela insiste, mas é tão avoada, vou ter que telefonar para lembra-la.
—Vou contar com isso, do fundo do meu coração eu espero que tudo de certo, que eu consiga voltar a tempo para o inicio do ano letivo e que você... não faça tolices com sua vida.
—Vou casar e criar filhos com o homem mais incrível e lindo do mundo. Jacob é tão bonito e inteligente.
— Está certo, mas se algo der errado, se ele descobrir, se você me prejudicar e eu perder o emprego.
— O salário será todo seu, é umas quatro vezes o que ganha na escola.
— Um contracheque no seu nome? Nem sei como vou receber isso, se tiver que assinar algum papel...
— Você falsifica, tecnicamente nem será um tipo de fraude já que terá minha autorização e assinamos uma como a outra com perfeição.
—Boletins escolares, recados para a mamãe, nunca fizemos uma assinatura formal, em um documento.
Ela vai me empurrando em direção ao meu quarto, eu vou colocando todos os problemas que posso ter, mas nada parece assustá-la, sua determinação está sempre me deixando surpresa. Vinte oito anos juntas e ainda não aprendi que ela é cabeça dura, coloca uma coisa na cabeça e nada pode demovê-la.
— Eu te ajudo com a mala.
Juli abre meu armário, pega a mala que está lá intacta desde a compra por insistência dela que estava sempre dizendo que eu tinha que ter uma mala e viajar ao menos de vez em quando.
Primeiro o vestido que ganhei dela, esse é o primeiro item que ela enfia na mala.
—Juli, esse não, o que vou fazer com esse vestido de gala?
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A casa da Colina(DEGUSTAÇÃO)
RomanceJavier Ruiz carrega marcas físicas de um passado que ele sabe que jamais vai esquecer, se isolar na casa da colina é sua maneira de lidar com a dor, mas ele sabe que precisa de ajuda. O contrato tem uma multa astronômica se quebrado, desse modo, ele...