Uma noite sem resposta ||H.S||🦋

Capítulo 16

Ars est celare artem.

  

A frase em Latim estava no quadro. Todos os alunos estavam prestando atenção no que o professor dizia já que, esse era o maior foco. Pelo menos deveria. Mas meus olhos estavam  fixamente no quadro, enquanto eu começava a pensar no significado dela. O professor disse que era apenas um frase qualquer, na qual escolheu para introduzir a aula. Mas para mim, pareceu ser o universo querendo me fazer lembrar de Harry.  A frase significava: A arte está em esconder a arte. Quando busquei pesquisar mais sobre ela, me pareceu uma frase retirando da obra de Dorian Gray, livro de Oscar Wilde: O objetivo da arte, é revelar a arte e ocultar o artista.

  Eu realmente não sabia o motivo pelo qual isso ainda estava em minha cabeça. Ontem quando Harry chegou eu estava na sala, mas antes que ele entrasse corri para o quarto e resolvi fingir que dormir. Não queria conversar sobre o assunto, pois sabia que para ele, eu ter descoberto não foi algo confortável. Sem contar que sua reação foi um tanto grosseira, mas não me importei. Um tempo depois resolvi me colocar em seu lugar e, a história dele na qual Morgan me contou me fez recordar que, pintar não era algo no qual a família dele queria que ele fizesse. Entendi então, que se soubessem disso seria um grande problema. Eu entendia o mesmo, e passei a invejar a sua coragem. Harry tinha um talento incrível, e eu podia dizer com convicção. A forma na qual o professor falou orgulhoso do rapaz e como seu sorriso estava largo, pelo menos antes de me ver, me fez perceber que era realmente aquilo que ele queria. Para fazer ele mentir, só podia ser algo que ele realmente queria.

    O tapa de Gemma em minha perna me acordou do meu longo devaneio. Meus olhos seguem para sala e logo para ela que, se aproximando mais de mim, faz uma careta.

— Esther, eu não estou entendendo nada.

— Que ?

  Sua feição ao mostrar tédio surgiu ao reconhecer que eu estava mais perdida que ela. O professor estava arrumando suas coisas o que significava que a aula já havia chegado ao fim.

— Está com a cabeça aonde? - ela arruma as coisas em sua bolsa e logo coloca meu livro em cima de minha mesa, já que ontem havia deixado em seu armário. - Desde que chegou parece avoada.

—  Só sono.

  Saímos da sala seguindo até meu armário. Tinha uma hora até a próxima aula e me questionava se iria para casa ou iria a biblioteca do campus. Gostava do cheiro de livros e era o lugar menos visitado nos intervalos. Silêncio talvez fosse o que eu precisava para ler meu livro.

—  Marquei de dar um saidinha com minha mãe, provavelmente ela já deve estar me esperando. - Gemma olha para o relógio- Vou indo. Nos vemos depois?

—  Sem problemas.

Acenei fechando meu armário. O caminho para a biblioteca era movimentando, as pessoas tomavam um pouco de sol já que o dia diferente de ontem, estava mais ensolarado. Algumas pessoas estavam animadas já que hoje, haveria um jogo de basquete do time universitário e, como Joana me explicou eram " Homens suados brigando por bolas", era algo importante. Ainda pensava se iria aceitar o pedido de Morgan em ir com ele, nunca fui a um jogo, mas não era algo no qual eu realmente gostaria de ir.

  Assim que adentrei a Biblioteca acenei para a senhora que ficava a porta, recebendo um sorriso gentil. Subi os degraus para o segundo piso, onde as relíquias ficavam. Várias estantes repletas de livros. Poucas pessoas " descobriam" o lugar, assim como diz a senhora. Ficava feliz. Assim que fui a última fileira agarrei um livro de literatura antigo, mas quase morri do coração ao ver os olhos verdes do outro lado da estante.