Uma reunião no deserto

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Você pode imaginar?
então eu te convido a mergulhar em uma vívida narrativa de um dos capítulos da história de um rei...
... vamos lá, ouse  imaginar:

Um homem foi convocado para uma reunião em pleno deserto e o assunto era muito, muito importante.

Imagine os raios do sol escaldante daqueles dias marcantes, aquecendo o árido deserto, enquanto o vento impetuoso sopra a areia quente contra o rosto de um homem que caminha vacilante, com as roupas ainda molhadas das águas do rio Jordão.

O lugar é espetacular! O horizonte define a palavra extravagância! Ao alcance dos olhos, tudo  que se vê é uma infinita extensão de grãos de areia dourados que cobre o chão, prendendo o andarilho até a altura dos tornozelos, quase arrancado-lhes as sandálias dos pés.
O céu se estende como um manto  tingido impecavelmente de um azul fabuloso. Nenhuma nuvem há; apenas o sol que majestoso e imparcial cumpre seu dever de brilhar como luminar do dia, e o seu calor é de um grande esplendor.

O homem ainda segue ofegante, suas roupas já não estão mais molhadas das águas do rio, agora é o suor de seu corpo que umidece o grosso tecido de suas vestes largas e compridas.
Com um fino tecido jogado ao rosto e o dorso de sua mão esquerda, ele protege os olhos enquanto caminha em uma direção qualquer.
O homem não está indo, ele está sendo levado, está sendo conduzido, mas o andarilho entende que a maior nobreza está em obedecer.

Em meio a intensa claridade produzida pelos tons pastéis do canário e a luminosidade do dia, podemos vislumbra um ser angelical, com vestes de luz, envolto em uma áurea cintilante, e o anjo o conduz até uma grande rocha.
O homem então senta-se ao chão apoiando seu corpo a grande pedra, fecha os olhos e começa uma oração que vai durar por quarenta dias e quarenta noites.

As noites são frias, a atmosfera muda e se torna ainda mais hostil. Animais peçonhentos e ferozes se aproximam, o tocam, o cheiram, mas não fazem nada. Aquele homem detém um curioso domínio sobre tudo naquele lugar.
Seu corpo estremece com a baixa temperatura, sua carne sofre com a influência do lugar, mas seu espírito intrigantemente está fortalecido.

Certa manhã o calor impiedoso, e os intensos raios solares perfuram o leve tecido que está sobre seu rosto e o desperta. A essa altura ele está sujo, maltrapilho, com a pele de seu rosto ressecada e ferida, e os lábios rachados.
O homem está sedento, seu estômago dói, a fina pele de seu corpo já sem qualquer capa de gordura toca  ossos de sua costela. Com grande lentidão o homem ergue-se do chão, volta os olhos para o céu e novamente inicia sua incansável oração. Ele ora clama em seu idioma, ora, fala a língua dos anjos... Ele chega a chorar, parece que o assunto é realmente muito importante.
Enquanto o homem conversa com aquele que ele insiste em chamar de Pai, uma névoa negra paira ao redor dele e gritos de horror perturbam seus ouvidos, neste instante seres malignos se aproximam com garras afiadas, grandes presas à mostra e salivas gosmentas que escorrem de suas bocas, e com olhos vermelhos o fitam sedento. Ele  parece corajoso, mas por um breve momento estremece.
Seus olhos lentamente se abaixam, sua respiração pára por uns segundos e logo ele volta a respirar, está aturdido, um tanto confuso, mas percebe que não pode tirar os olhos dos céus e volta olhar em direção de onde se encontra aquele que ele chama de pai.

Nada! Nem mesmo as potestades pode desencorajar aquele homem.
E ele volta a falar com o pai... sim, e ele ainda tem um assunto importante para tratar.

Uma voz áspera ecooa acima de sua cabeça... e uma voz intensa e macia o chama pelo nome Jesus. Talvez o homem tenha respondido: "Sim, eu sou Jesus." E a voz perguntado: O que faz aqui no deserto? E resposta tenha sido: Eu tenho um assunto a tratar com o meu pai o Criador!"
Subitamente um vulto toma conta do lugar, um vento furioso gira em um estranho espiral, e em meio a um redemoinho eis que surge um homem alto, esguio, de pele morena e olhos esverdeados; ele está vestido de linho puro.
Sua aparência é como a de um homem de muitas riquezas, é de fala  persuasiva e extremamente tentador.
Em sua mão direita carrega um cedro dourado e em sua cabeça uma coroa que não lhe cabe, mas no momento que o Jesus o olha nos olhos, sua coroa e o cedro imediatamente se decompõem como que consumidos por uma chama invisível e viram cinzas. 

-Se tu és filho de Deus, mande que essas pedras se tornem em pães. (Mt4/3?) -Debocha o homem tentador.

Então o andarilho maltrapilho protesta calorosamente - Está escrito, nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.

Repentinamente o homem maltrapilho sente seu estômago embrulhar, uma leve tontura e suas vistas escurecem e de maneira súbita Jesus se vê junto ao tentador  sobre o pináculo do templo na cidade Santa. Ele está confuso, não consegue enxergar o propósito de tudo aquilo.
Mas o eloquente tentador, sabe o seu propósito e o desafia -  Se tu és o filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordem a teu respeito: E tomar-te ao nas tuas mãos, para que nunca tropece em alguma pedra.

Sentindo indignação Jesus responde imediatamente -Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.

Novamente Jesus volta a sentir-se desconfortável, suas pernas bambeam e tudo em sua volta rodopia como um carrossel e desta vez ele é levado ao alto de um grande monte... e com os dedos em riste o tentador lhe aponta a reinos do mundo e toda a glória da terra e
diz -- Tudo isso te darei se prostrado me adorares.
Jesus está maltratado pelo fome e a hostilidade do deserto e encontra dificuldade de falar, mas seu raciocínio e claro e sua indignação lhe dá força na voz e com autoridade ele responde - Vai-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. 

Você já pode visualizar o homem de vestes elegantes e pose de rei, sendo reduzido a pó e desaparecendo com a mesma rapidez que surgiu, pelas forças das palavras de um  homem maltrapilho.
Se me permite vamos além, imagina os anjos descendo do céu e servindo como um rei aquele que mais parece um escravo ou súdito qualquer.  Imagina? Quem poderia imaginar que aquele andarilho do deserto, que conversa com o céu é rei. E em pensar que assunto muito, muito importante daquela reunião era você e eu.
E imagine mais: Ele na sala do trono ao lado do pai. E acredite, Ele ainda  fala de nós.
                     ♡Barbara Machado

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