Capitulo 1

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14 de Fevereiro  de 2016

Era o dia dos namorados.Julie e eu planejamos passar o dia no parque,onde iríamos tomar sorvete,sentar no gramado,ver as crianças brincar e ver os peixes laranjas no lago.E de noite iríamos relaxar em uma cafeteria tomando um cappuccino espumante, comer algumas guloseimas, contar sobre nossos planos,admirar o local aconchegante e depois ir para minha casa.Tudo isso assim foi feito com o maior carinho que tínhamos um pelo outro.Ela era tímida,loira dos cabelos curtos e estava muito linda naquele dia,com uma vestido preto simples e com as sapatilhas brilhosas que lhe dei de presente em seu último aniversário.

Estávamos casados há um ano e cinco meses,e a conheci durante uma tarde chuvosa na biblioteca da cidade.Eu estava lá para pegar um livro quando de repente começou a chover e eu não tinha como ir para meu trabalho.Julie era ajudante da bibliotecária.Viu meu desespero ,chegou perto e me disse :
- Parece que não vai passar tão cedo.É melhor ter paciência.
Eu era uma pessoa explosiva,ignorante com os outros.Mas no instante que a vi,eu não podia ser assim com uma moça tão linda como ela,então me acalmei.Ela sugeriu para que eu sentasse em uma das mesas e lesse o meu livro enquanto a chuva não passava.Sorriu para mim e voltou a trabalhar. É claro que não me concentrei na leitura,pois fiquei apreciando sua beleza,sua delicadeza com os livros e a sua gentileza como as pessoas.Minhas idas até aquele lugar ficaram mais frequentes,acho que por umas três vezes na semana eu ia lá para conversar com ela.Ficamos mais próximos e depois de algum tempo, ela aceitou meu pedido de namoro.
Era incrível como não tinha alguém que a achasse feia ou mal arrumada.Sempre me esperava no portão da minha faculdade com a sua moto,e alguns estudantes homens babavam quando a observavam.As mulheres fofocavam porque sentiam inveja.Mesmo com todos os olhares,Julie não ligava pois tinha autoestima elevada. Meus pais a recebiam bem aos domingos quando ela almoçava na minha casa.Ajudava mamãe a preparar a comida,enquanto meu pai dizia para mim casar logo,porque uma igual a Julie é rara por aí.
Depois de uns meses nos casamos.Compramos nossa casa em Santa Bárbara e nosso carro, demorou porém foi possível com muito orgulho. Ela estava tão feliz com as conquistas que depois veio me perguntar :
- E se tivéssemos um filho?
A pergunta me assustou um pouco.Eu apenas respondi :
- Acho que está muito cedo.É melhor terminarmos de pagar o carro e as outras dívidas para depois pensar em outro gasto.
Percebi sua tristeza logo quando ela abaixou a cabeça e disse que deitar.Eu fui um imbecil,mas não queria admitir aquilo.Alguns dias se passaram e ela queria me convencer da ideia,só que eu era receoso demais para aceitar.

Voltando ao dia 14 de fevereiro  de 2016,assim que chegamos em nossa casa,ela foi até a cozinha enquanto eu ligava a TV para me distrair.De lá,ela me gritou:
- Mike,esqueci de comprar o tempero para colocar no jantar de hoje!Vou ir ao supermercado rapidinho!
- Mas já está quase fechando amor! - respondi de volta.
- Se eu for com o carro não vou me atrasar!Onde está a chave?!
- Eu não vou deixar você ir á essa hora.É feriado e a rua está uma bagunça!
- Querido,preciso fazer uma comida especial para você.Não vai querer comer pizza né ?!
- Eu não ligo para isso!Qualquer coisa que vem de você é bom!
- Engraçadinho!Por favor,eu prometo que vou tomar cuidado!Eu vou lá,enquanto você assiste a partida de basquete!
Eu estava com muito medo de deixá-la ir.Já era tarde e ela não costumava dirigir naquele horário.Julie insistiu muito,então acabei lhe dando a chave.
- Obrigada meu anjo. - me beijou - volto em um minuto.
- De nada querida,tenha cuidado.Eu te amo muito.
E saiu.
Meia hora tinha se passado...quarenta minutos...quase uma hora de atraso...Eu imaginava todo tipo de coisa ruim que poderia ter acontecido.Ela não me atendia,seu celular só chamava.Fiquei com medo.Comecei a andar de um lado para o outro sem parar.O corpo suando,os pensamentos vindo à tona e nada dela.Até que depois de uns minutos,uma ligação do seu celular.Atendi depressa.
- Alô?Julie,onde você está?!
Uma voz desconhecida e ofegante de um cara respondeu :
- Alô,é o Mike?
- Sim,o marido dela.Quem está falando?!
- Mike,sou um homem que estava andando pela avenida com meu carro, e encontrei o da sua esposa colidido com um caminhão.Deve ter ultrapassado o sinal.
Meu coração se acelerou.
- Meu Deus...Como ela está?!
- Fique calmo,já chamei uma ambulância!Ela está desacordada,não ousei em tocá-la.Só mexi nas suas coisas para conseguir alguma informação.
- Julie!!Ah,não!!- comecei a chorar desesperadamente.
- O motorista parece que está ferido também.A ambulância está a caminho.
- Me diga,qual o seu nome?
- Me chamo Jonathan Price.
Depois da ligação,sai correndo da minha casa para a avenida que levava até o supermercado.Ao longe, consegui ver a ambulância já pronta no local.Foi quando corri mais rápido.Jonathan me viu e ficou surpreso.Quando cheguei tentou se explicar ao máximo,mas eu só estava gritando por Julie ao ser levada para dentro da ambulância.Agradeci,ele me entregou o celular dela e me juntei com minha esposa á caminho do hospital.
Meus pais,eu,a família dela...todos preocupados com o estado dela na sala de espera do Pronto-Socorro.Sua mãe Daisy era a que mais chorava.Depois de muito tempo de angústia,veio um médico em nossa direção,lançando um triste olhar para todos.Apenas deu a notícia:
- Sinto muito.Fizemos tudo o que podiamos.Ela não resistiu.

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