—O que você tá fazendo?!—Pergunto, me recuperando do susto que eu levei.
Jamie tirou seu pé direito do pedal de sua bicicleta, inclinando seu rosto para mais perto do meu. A bicicleta que ele estava usando era uma bicicleta vermelha de modelo clássica com aro 28 que possuía uma cesta, na qual estava sua bolsa com vários pins de bandas e quadrinhos.
—Está indo para sua casa?—Ele me responde com outra pergunta.
—Estou.—Digo, tentando encerrar essa conversa, cruzando os braços.—Preciso chegar o quanto antes em casa, então se você me der licença, vou indo.—Tento me esquivar do obstáculo que ele virou.
—Não quer uma carona? É melhor do que ir à pé...—Disse, sussurrando a última parte. O olhei incrédula, como eu vou pegar carona com alguém que eu falei uma vez só?
—Eu mal te conheço... Como vou saber se você não quer me matar?—Pergunto grosseiramente, me arrependendo depois de ele me olhar assustado.—Minha mãe me ensinou a não pegar carona de estranhos.—Tento amenizar a situação constrangedora.
—Eu sou um estranho para você? Além do mais, se eu quisesse te matar eu não te pediria para vir comigo numa bicicleta!—Exclama, dando ênfase na última palavra e caindo numa gargalhada.—Sem contar que tenho apenas dezenove anos...—Confessa. Fiquei pasma, ele não tem cara de quem tem essa idade...mas enfim, não acreditei nessa sua desculpa da bicicleta. Olhei meu relógio de pulso com as faixas de couro e me assustei com o horário. Vou ter que pegar a porra da carona.
—Agradeça o horário.—Peço, enquanto subo na parte costeira da bicicleta, segurando sua cintura no mesmo tempo em que ele começa a pedalar. Não posso me atrasar no único dia da semana que posso almoçar com a minha mãe, seu trabalho de bancária requer muita atenção dela. Lhe informo onde eu moro e, por coincidência ou não, ele mora três ruas acima.
As batidas frenéticas de meu coração são as consequências da minha vergonha misturada com nervosismo. Mesmo assim, a adrenalina de estar com ele, simplesmente andando de bicicleta, me trás um momento de formigamento nas pernas e nos braços. Jamie parece andar sempre com essa bike, a velocidade que ele pedala é surpreendente. Infelizmente, resultou em uma viagem pequena da escola até minha casa. Queria tanto a companhia dele por mais um tempo...
Desço da garupa e lhe agradeço, ele me pede para procurar ele no SixDegrees, uma rede social que usamos muito, e eu coro de imediato, lembrando que já o procurei antes e não o adicionei para não parecer uma stalker. Digo que vou procurar e mandar uma solicitação de amizade e que era para ele aceitar. Ele riu e afirmou com a cabeça, saindo logo depois.
Caminho até a porta de entrada da minha casa, passando pelo jardim que fica sob meus cuidados. Fico feliz ao ver as minhas rosas germinando e algumas plantas tomando forma, afinal, faço isso pelo meu pai. Ele cuidava sempre do nosso jardim e utilizava como uma válvula de escape para todo o estresse que o trabalho lhe causava, mas após seu falecimento, o jardim sentiu sua falta e digamos que o lugar morreu junto com o meu pai. Não pude deixar isso se prolongar por muito mais tempo: ver o espaço em que meu pai ficou anos cuidando ser a cada dia destruído pela nuvem de depressão que se instalou na nossa família, acendeu uma faísca em mim. Após uns três anos após a morte, eu finalmente toquei minhas mãos na terra molhada e lhe garanto que foi a melhor coisa que eu podia ter feito naquele momento.
Procurei minhas chaves na bolsa que levava e peguei minha chave com um chaveiro que eu mesma fiz da logo da RED BACKPACKS, e entrei em casa, encontrando minha mãe na cozinha cortando os legumes para nosso almoço
A casa de Luna era o que podemos considerar de classe média. Tinha dois andares, mas nada muito extravagante, já que não tinha tanto dinheiro assim. No primeiro andar era localizada a sala, com uma televisão de tela plana em cima de uma bancada de madeira e com um sofá vermelho na frente dele; e a cozinha, que não tinha paredes separando da sala. Além disso, possuía um lavabo embaixo da escada e, uma porta na cozinha que dava acesso a uma área de lazer que havia atrás da casa. Já o segundo andar era exclusivo para os quartos e para o banheiro. O quarto de Luna era uma suíte, já que a mãe dela pediu para trocarem de quarto pois achava que não precisava de tanto espaço; já Luna, precisava.
Luna foi em direção à sua mãe e lhe deu um beijo na bochecha, dizendo que já a ajudava, mas que precisava largar suas coisas e trocar suas roupas para umas mais confortáveis. Sua mãe apenas agradeceu e lhe disse para não se preocupar porque já estava quase terminando o almoço. Essa foi a deixa para Luna sair da cozinha e ir em direção as escadas, subindo-as quase de imediato. Não demorou muito para ela chegar no corredor que interliga os quartos, esse que era praticamente vazio de decoração: apenas umas flores penduradas na parede, e na correria do momento, nem prestou atenção em seu cachorrinho, Merlin, que estava deitado tranquilo do lado da porta de seu quarto e, levou um susto ao ver sua dona escancarando a mesma. Luna jogou a bolsa em sua cama e, rapidamente tirou seu uniforme desconfortável o qual uso era obrigatório, e o trocou por uma camiseta preta de uma de suas bandas favoritas chamada Soundgarden e uma calça xadrez folgada da cor bordô com preto.
Luna se lembrou do pedido que fizera para Jamie e se sentiu uma completa idiota. Como ela pôde ser tão evasiva com alguém que conhecera no mesmo dia? Ele não deve nada a ela, pensou. Achara o rosto de Jamie parecido com alguém, mas também supusera que estava imaginando coisas. Essa Luna...mal sabe o que está por vir.
Sentou-se em frente a sua escrivaninha e ligou seu computador, entrando de prontidão no SixDegrees e colocando o nome do bibliotecário na barra de pesquisa, achando seu perfil sem dificuldades. Clicou em seu perfil e percebeu que estava vazio, contando somente com a descrição, que pedia para adicionar no MSN e o usuário estava ao lado: xXJamie.Bowie334_, fazendo referência à similaridade de seu sobrenome com o de David Bowie. Luna achou estranho, mas não fez questão de continuar esse pensamento.
Sua mãe lhe chamou para almoçar quando, no mesmo momento, adicionou Jamie no MSN. Ela foi para a cozinha ajudar sua mãe a arrumar a mesa para as duas, não demorando muito para que elas se sentassem e começassem a conversar.
—Quem era aquele garoto que te trouxe, Luna?—Sua mãe lhe perguntou, como se não quisesse nada, mas mesmo assim com um tom protetor.
Notas da Autora:
Desculpe a demora para postar o capítulo, estava passando por uns problemas e não tive tempo de escrever! <3
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1997
Teen FictionLuna Rodrigues é uma estudante do ensino médio que é extremamente fã de uma banda que toca toda quinta-feira às oito horas da noite num bar no subúrbio de Melbourne, sempre vai aos shows e possui um crush imenso em um integrante chamado Jeremy. Poré...