Em Busca Do Pai Do Meu Filho |DEGUSTAÇÃO|

Capítulo 01: O Homem Misterioso

Lola

03 de Junho de 2018

Meus pés tocam o chão. O chão de casa. Automaticamente sinto meus lábios formarem um sorriso. Que saudade disso.
Depois de dois anos fora, estou de volta.

O aeroporto está um caos. Pessoas em todos os lados, andando apressadas, ou até mesmo correndo. Choros. E gritos de alegria.
Alguns choram por ver alguém amado partir, outros gritam e choram por vê-lo retornar.

Sorrio olhando em volta.
Impossível não reconhecê-lo. O homem que cuidou de mim desde o dia em que nasci. O homem que trocou minha primeira fralda, cuidou de mim quando fiquei doente, deixou de lado sua vida para viver por mim. Meu pai.

Ele também me vê. Apesar de ser durão, vejo de longe seus olhos brilhando. Lágrimas. Mas sorrio sabendo que são de felicidade.

Mesmo com as malas nas mãos, corro até ele que me recebe de braços abertos. Não penso para largar as malas no chão e abraçá-lo com força. Um abraço que ambos precisamos durante esse tempo afastados.

Em vinte e quatro anos, nunca fiquei longe do meu pai por mais de uma semana. E agora, foram dois anos, dois anos longe.

— Meu amor — ele diz quando nos afastamos e vejo as lágrimas molharem suas bochechas.

— Pai — não aguento e puxo-o novamente para um abraço.

Como o resto das pessoas neste lugar, entramos numa chuva de abraços, lágrimas de felicidade, palavras amorosas.

— Seu cabelo está mais curto — ele diz finalmente prestando atenção em mim — E loiro — rimos.

Nunca pensei em ficar loira. Mas o que o tempo não faz!

— Não acreditei quando me contou — ele acrescenta.

•••

O carro para de se movimentar. Mesmo se passassem milhares de anos não podia me esquecer desta rua, do condomínio, das casas. Da nossa casa, o portão, o jardim, tudo.

Descemos e eu olho em volta com um grande sorriso estampado no rosto. Nem que eu quisesse, não conseguiria tirar meu sorriso hoje.

Papai me ajuda com as malas, pegando a maior parte sobrando para mim apenas minha bolsa e uma mala de tamanho médio.

Caminhamos em passos lentos pelo caminho de pedras no meio do jardim, indo em direção à porta principal.
Parece que fiz isso ontem.

— Seu quarto está como deixou, Rosie deixou ele preparado para te receber.

— Meu Deus. Rosie, onde ela está? — pergunto percorrendo os olhos pela sala, mas não a encontro.

— Ela saiu para o mercado, irá fazer um almoço especial para comemorar que você está em casa — sorrio.

Continuamos a conversa enquanto subimos as escadas em direcção ao meu quarto, que mesmo se papai não tivesse dito, saberia que ele está como deixei.

Quando abro a porta minha mente enche de memórias. Abraço meu pai novamente. Nunca pensei que ficar longe fosse ser tão difícil, mas foi.