Capítulo 05: Começando do início

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Lola

— Mas por onde eu começo? — pergunto a mim mesma, pela milésima vez.

Passou uma semana desde o primeiro aniversário do Theo. Mas mais importante, desde a minha decisão de buscar pelo pai dele. E agora, eu não sei se estou tão certa sobre isso. Eu não sei como ele se chama, se ele é daqui ou se ele quer descobrir, do nada, que tem um filho de uma estranha que viu apenas uma vez.

Mas prefiro seguir o conselho da Kim, e focar apenas em coisas boas. Pelo menos eu ainda lembro perfeitamente do rosto dele nem?! Já é um começo.

As vezes eu me pergunto, será que ele já pensou naquela noite, será que ele lembra daquele dia. Sei que não deve imaginar que dela resultou algo maravilhoso — pelo menos para mim — que é o nosso filho.

Nosso filho.
É a primeira vez que eu digo isso. Que penso assim.
Ahh. Nosso.
Mas e se ele não quiser aceitar Theo como filho? E se ele for um canalha que fica com mulheres diferentes a cada noite numa boate diferente. Droga. Chega disso Lola Washington. Só pensamentos positivos. Só pensamentos positivos.

•••

— E se você começar pelo começo? — Kim me olha.

— Mas qual é o começo? — ambas paramos por alguns segundos.

— O The Ocean — dizemos ao mesmo tempo e sorrimos.

O lugar onde nos vimos. Onde isso tudo aconteceu. É isso. É para lá onde eu vou.

— Queria ir com você. Mas preciso voltar para o trabalho — ela diz.

— Claro, não precisa se preocupar. Acho que consigo fazer isso.

Depois de mais algumas palavras trocadas Kim se despede e eu, arrumo o Theo e depois me arrumo também.

— Rosie, pode cuidar dele por mim? Preciso resolver umas coisas — ela me encara com um sorriso.

— Claro. Será um prazer Lola, e faz bem em sair um pouco, desde que se tornou mãe você só pensa no Theo — sorrio sem mostrar os dentes. Pena que isso não é uma saída para me divertir.

— Eu não demoro. Qualquer coisa me liga, qualquer coisa mesmo, ok?

— Pode deixar — ela ri — Não será a primeira vez que eu cuido de um bebê — rimos.

— Te amo muito meu amor — digo com a voz afinada enquanto beijo a bochecha do Theo que ainda está no meu colo — Tchau.

— Tchau.

Lola pega o Theo e eu me afasto. Ele não chora, graças a Deus.
Vou para a garagem onde está o meu carro, e depois de me colocar no interior do mesmo, dou start tendo certeza do meu destino.

•••

Estaciono em frente à boate.
Ainda é cedo, então, ela está completamente vazia, diferente de todas as outras vezes em que em que aqui estive.

Para em frente do lugar e fico apenas olhando. Sem saber o que fazer.
Eu definitivamente não sei o que fazer.

Suspiro uma, duas, três e varias vezes até que finalmente ganho coragem e caminho em passos extremamente lentos até a entrada onde não está nenhum segurança ou alguém que possa me impedir de continuar, então, passo por ela sem olhar para trás.

Um arrepio invade meu corpo. Engulo em seco várias vezes e sinto como se meu coração fosse sair pela boca.
Mordo o lábio e caminho desorientada procurando por alguém, até que vejo um homem arrumando garrafas de bebida atrás do balcão do bar.

Ele não me vê. E nesse momento penso em sair correndo, desistir. Mas não prossigo, pois tenho um motivo para não desistir, meu filho. Não posso desistir, por ele.

— Ainda não estamos abertos — diz um homem sem olhar para mim e sorrio demonstrando meu nervosismo.

— Eu... eh, eu... eu preciso de ajuda — minhas palavras se recusam a sair organizadas.

— Isso não é uma organização feminista — ele diz em forma de zombaria me fazendo revirar os olhos e suspirar.

Tiro algumas notas da minha bolsa e estendo a mão para ele que pela primeira vez me olha.
É um homem normal, deve estar na faixa dos quarenta anos, não muito alto, moreno, barba e cabelo pretos, com poucos fios grisalhos.

— O que você quer? — pergunta depois de pegar o dinheiro.

— Eu preciso de uma informação. Vocês têm câmeras de segurança, certo? — ele assente.

— Preciso encontrar alguém que esteve aqui. Preciso ver as câmeras do lado de fora, do estacionamento. Ver a placa do carro dele. — explico — Eu preciso muito achar esse homem — digo desesperada.

— Hmm — ele murmura e volta a ignorar minha presença. — Quando ele esteve aqui? — pergunta sem olhar para mim.

— Hmm — murmuro — Há quase dois anos. Em Junho de 2018, dia 3. — ele me olha por alguns segundos e depois desvia o olhar negando com a cabeça.

— Passa muito tempo. As gravações que ainda estão aqui são dos último seis meses apenas.

Suspiro.
— Onde estão as gravações desse dia? Por favo. — imploro.

— Eu não sei. Desculpa — assinto e suspiro. Mordo o lábio com raiva e me sentindo uma idiota.

— Obrigada — digo e me despeço com um aceno.

Saio com os olhos fixos nos meus pés. Me sinto derrotada e parece que isso foi uma ideia boba, algo que eu sabia que não daria certo nunca, mas eu própria preferi me iludir.

Reviro os olhos comigo mesma quando estou quase passando pela porta, mas paro quando ouço a voz do homem com quem conversava a segundos atrás me chamar.

Me viro e ele me olha, como não fez antes.

— Me deixa com o seu cartão. Caso eu saiba de alguma coisa, eu te informo — automaticamente abro um sorriso sentindo a esperança que a pouco me abandonou regressar.

— Claro — vou em passos largos até ele — Aqui está. — ele recebe o cartão e guarda-o no bolso de sua calça jeans.

— Adeus — digo e ele acena com a cabeça.

Dessa vez saio mais confiante, e quando passo pela porta um pequeno sorriso se forma em meus lábios denunciando a satisfação que sinto neste momento.

________
Mais um...
Me perdoem pelo sumiço.

O que acharam do capítulo?
Em breve temos mais.
Votem e comentem muito.
Beijos no coração❤️.

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