Eu faço doces quando estou triste
Resolvi então fazer maçã do amor
Fiz tão belo doce que quem visse
Logo comeria com fervor.
Mas eu que nunca fui lá tão saudável
Arrisquei um dia fazer doce especial
Maçã do amor sem açúcar nem corante,
Usando tudo do mais orgânico.
E a pobre veio ao mundo
E morreu sem ser adorada
Um ou outro até lhe mordiscou
E tu riste da minha produção.Pensando nas duas maçãs
São elas como tu
Uma é bela, doce e envenenada
Outra feia, sem sabor, mas salubre
Tu que és como açúcar e corante
Atraente e venenoso
Corrói minha alma por dentro
E eu gosto do gosto.
Cheguei a esta conclusão:
O homem é uma maçã do amor
Organicamente com potencial
De matar um corpo aos poucos,
E mesmo com essa percepção
Ninguém deixa tão fácil
De comer com voracidade,
Cada grão do doce açucarado.
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Isolada em palavras
PoetryUm livro composto por poemas-passarinhos voando com o poder da palavra enquanto sua criadora encontra-se isolada.