Depois do incidente na Octagon, tivemos que tomar mais cuidado ainda. Fui trabalhar apenas três vezes nessas últimas duas semanas. Akemi pediu demissão, o que não era algo de se estranhar já que ela já vinha reclamando do seu trabalho.
Ganhamos nossas cópias das chaves do galpão, assim podíamos usar quando quisermos. E foi isso que eu fiz. De certa forma, me sentia calma naquele lugar, longe da loucura da cidade e da loucura da minha casa. Eram os únicos momentos que conseguia pensar.
Eles ainda nos deram as senhas dos computadores que poderíamos usar. Eu vi estas ações como demonstrações de confiança. E isso me deixava feliz, já que agora que experimentei esse sentimento de liberdade e adrenalina, não queria deixar essa vida de lado nunca mais.
Havia acabado de chegar no galpão, vim com o carro do meu pai. Estava sozinha, felizmente. Muitas vezes que visitava o barracão sozinha, gostava de atirar. Apesar de que Suga vivia explicando que não poderíamos descontar nossa raiva na arma durante alguma ação, esse era o único momento onde poderia descarregar minha frustração com vários aspectos da minha vida.Já havia atirado em três dos alvos que tinham ali. Saí de trás do estande para mudar o alvo, voltei para meu lugar e apontei a arma para o meio da chapa onde tinha uma bola vermelha. Quando estava pronta para atirar, escutei um barulho vindo do piso de cima, onde ficam os computadores e as portas de entrada.
Os passos se aproximavam cada vez mais até que escutei a porta da sala de tiro se abrir. Sem pensar, apontei a arma para o final da escada e esperei até que alguém aparecesse. Meu dedo já estava no gatilho, preparada para o pior. Finalmente aparece um homem de estatura média e cabelos platinados. Assim que ele viu a arma, levantou as mãos e deu um passo para trás se escondendo atrás da parede de concreto.
"UOU! Cuidado com essa arma!" A voz do Jimin ecoou pela sala.
Finalmente respirei aliviada e abaixei a arma.
"Me desculpa. Não estava esperando companhia." Disse e tampei o rosto envergonhada.
"Bom saber que você está preparada para qualquer coisa." Ele respondeu e riu.
Ele tirou sua jaqueta de couro e jogo um uma das seis estandes naquele lugar. Eu desviei minha atenção para o alvo novamente. Respirava devagar para me acalmar antes de voltar a praticar. Antes que pudesse dar o primeiro tiro, senti um corpo quente contra o meu. Era Jimin. Ele colocou sua mão sobre a minha e abaixou um pouco os meus braços.
"Você está com o braço muito alto e por isso fica mais difícil de acertar o alvo." Ele explicou.
Com os braços mais baixos, dei três tiros e todos eles acertaram a bola vermelha no centro do alvo. Conforme disparei os tiros, meu corpo era empurrado levemente para trás. Porém minhas costas colidiram com o peito do Jimin que mais parecia como uma parede. Ele não mexeu um músculo.
"Viu só?" Ele começou. "Assim fica mais fácil de acertar o alvo desejado."
Ele tirou seus braços dos meus, mas não desencostou seu corpo. Estava sem reação, e sem que percebesse, travei a arma e a coloquei na mesa de madeira e me virei ficando cara a cara com Jimin. Seu rosto estava a alguns centímetros do meu e conseguia sentir se hálito de menta.
"Porque você fez aquilo na Octagon?" Perguntei.
"Nenhum homem deve encostar em uma mulher ser ter consentimento." Ele respondeu. Seus olhos estavam confusos entre focar nos meus olhos ou na minha boca. "Posso?" Ele perguntou.
Apenas acenei com a cabeça e senti seus lábios contra os meus. Seu beijo era devagar, mas com uma certa urgência. Sua mãos me puxavam em direção ao seu corpo e as minhas estavam perdidas nos seus cabelos macios. Não tinha noção de quanto tempo nossos lábios ficaram juntos, mas apenas nos separamos quanto escutamos a voz dos outros meninos chegarem.