No pátio da escola ela conversava com um garoto, um pouco mais velho, todos os dias, até estar totalmente envolvida. Pouco tempo depois, o namoro escondido. Até entender que não podia esconder mais a partir dali. Tinha que falar com a mãe, estava grávida. Era adolescente ainda, contava entre 15 e 16 anos, não entendia muito da vida, mas sabia que a sua mudaria a partir daquele instante. Falou com a mãe, que ouviu atenta e com muita maturidade e sensatez, disse à filha que nada seria como antes.
- Assuma sua responsabilidade, estarei aqui para o que precisar.
Como toda boa mãe seu coração estava aflito, mas cheio de fé.
Mudando de casa.
Pouco tempo depois ela estava em sua nova casa, ao deixar sua mãe e irmãos o coração ficou aflito, parecia deixar um pouco dela ali, mas estava feliz, iria construir sua história, teria seu endereço próprio ao lado do homem que amava. A família dele, com mais posses que a sua, ajudou para que a casa fosse montada.
Casa pequena, coisas simples. Os primeiros dias foram de adaptação, até o vento parecia correr diferente. Contudo, aos poucos, cada vez mais afirmava-se que era seu lugar.
As mudanças:
Ela continuava frequentando a escola, saia da aula ia para casa, rotina doméstica e cuidados com a gestação. Passado o tempo, o casal já naturalizado à vida de casados (pois sim, eles casaram como manda a regra, de "papel passado"!), ela nota algumas mudanças: menos amor, mais cobranças; pouca compreensão com a gravidez... Mas estava casada, acreditava que seu marido estava em momento difícil e que tudo com o tempo voltaria ao normal, o mais próximo possível dos tempos de namoro na escola.
A criança nasceu. Era linda, tinha os olhos da mãe, apertadinhos. Era alegria da casa.
Mas ele, talvez, não estivesse tão preparado assim para todas as obrigações que um filho e uma esposa implicariam. Alguns meses depois, se mostrara violento; inconstante; instável. Ela tentou até o dia que ele passou dos limites. Um dia após, aguardou ele sair e foi embora, uma bolsa com poucas roupas, todos os documentos; e a filha; coração cheio de incertezas; mas com convicção que tinha para onde voltar. Sua tia a acolheu de imediato, temendo a presença dele, não foi para a casa da mãe, mas contava com todo apoio desta. Foram dias complexos, misturas de sentimentos, tomadas de decisões. Tentativas de conciliação com o ex-marido, não para atar o relacionamento, mas para que as visitas à filha fossem organizadas, enfim, após algum tempos e alguns conflitos, tudo estava normalizado.
Mesmo com o desafio da maternidade, ela não parou de estudar. A mãe apoiava em tudo, ficava com a criança para que ela pudesse finalizar o ensino médio, fechou esse ciclo e iniciou a faculdade. Era uma rotina dura, corrida, que envolvia a todos da casa, mas eles eram uma família daquelas que se juntam para a guerra se for preciso. Sua mãe era separada de seu pai, mas um relacionamento estável, baseado no respeito. Na casa haviam dois irmãos, a mãe, ela e a criança; todos se ajudavam mutuamente.
A criança
Era uma menina, esperta, já passara pelos primeiros aprendizados, gostava muito de andar e de se mexer e já dava os primeiros passos sozinha; já ficava de pé mas com ajuda; encaixava os brinquedos; compreendia ordens; ajudava a mãe a se vestir; já falava pelo menos quatro palavras; gostava de se exibir; tentava usar a colher para comer e colocava objetos na boca. Mas com o passar do tempo parecia que a evolução estagnara. A mãe notava que alguns dos comandos antes atendidos, agora não eram mais. E não haviam novos aprendizados, contrário a isso, cada dia mais apresentava involução de coisas simples. A mãe atenta, e preocupada com o choro constante, resolveu procurar um médico.
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Elas por Ela
Non-FictionHistórias reais de mulheres anônimas. Uma a cada capitulo, um novo a cada semana. Você vai se surpreender com o que mulheres comuns são capazes de fazer!