A Estrela na Escuridão

Capítulo 3

- Tem certeza que precisa ser tão apertado?- Isabel diz colocando a mão na barriga e se esforça para respirar.

- Quer que eu solte um pouco, senhorita?

- Sim, não consigo respirar.- a criada afrouxou o espartilho de Isabel, ainda continuava apertado mas agora podia respirar.

Depois de amarrar o espartilho, a criada colocou o novo vestido em Isabel, última moda em Londres.

Ele era da cor azul escuro com renda branca, decote quadrado que realçava um pouco dos seus seios apertados pelo espartilho, mangas até o cotovelo que abriam com renda branca e a saia que era um pouco cheia e rodada.

Seu cabelo estava preso em um coque alto, duas mechas soltas na lateral de seu rosto, brincos delicados estavam nas suas orelhas e o colar no seu peito.

A criada colocou o sapato com um pequeno salto no pé de Isabel. A menina se olhou no espelho e colocou a mão no pingente redondo do seu colar, sempre quis saber o que aquela estrela e as iniciais significavam.

- Os convidados já estão na sua espera, senhorita.- a criada diz terminando de ajeitar a saia de Isabel.

- Obrigada Olívia.- A criada deu um sorriso fraco a Isabel.

A jovem saiu do seu quarto e desceu as escadas encontrando a sala e a recepção cheia de convidados de seu pai e sua mãe.

A casa era grande então não possuía problemas de espaço.

Homens e mulheres davam os parabéns a garota enquanto ela procurava seu pai.

James estava em uma rodinha com seus colegas de trabalho, Isabel se aproximou e pediu licença por entrar no meio da conversa.

- Izzy, você está linda.- James pegou na mão da filha e analisou o vestido.- Gostou do seu presente?

- Adorei, pai.- Izzy diz com um sorriso.

- Senhores, acho que já conhecem minha filha, Isabel Carter.

- Você tem uma bela filha, James. Foi abençoado por Deus.- um homem diz.

- Tenho muito orgulho dela.- James e Isabel se olharam, o homem deu um beijo na testa da filha.

- Vou falar com os outros convidados, licença.- a jovem fez uma reverência e se afastou da rodinha.

Enquanto andava ela sentiu uma falta de ar por causa do espartilho, colocou a mão na barriga e respirou fundo.

- ¿Por qué tiene que ser tan apretado?- Isabel resmunga em espanhol.

- Isabel?- a garota se virou com o susto e deu um sorriso fraco.

- Henry, bom te ver aqui.- a garota diz. Henry pega a mão direta de Isabel e da um beijo nas costas da mão.

- Você está linda está noite, feliz aniversário.

-Obrigada.- o garoto soltou a mão de Isabel.

Ambos conversaram, comeram os petiscos servidos pelos criados e beberam um vinho doce, Isabel tomou apenas uma taça, não queria ficar bêbada na noite de seu aniversário.

Do outro lado do sala, a menina sentia o olhar dos pais, olhou por alguns segundos e viu os dois sorrindo na direção dela e de Henry.

Henry era um garoto bonito e elegante, era do mesmo tamanho de Isabel, cabelos loiros um pouco longos amarrados em um pequeno rabo de cavalo, poucas sardas nas bochechas e olhos castanhos claros.

Isabel estava com medo do que poderia acontecer essa noite.

- Isabel.- a garota saiu dos próprios pensamentos.

- Sim?- o garoto riu fraco.

- Perguntei se você leu a carta que te mandei?

- O poema? Sim, eu amei ele.- ambos ficaram em silêncio, escutando a música clássica que ecoava pela sala.

- Isabel.- a garota olhou.- Eu...eu não sei como lhe dizer isso, mas...você foi uma amiga muito boa para mim nesse último ano, eu adoro o seu jeito de ser e sua personalidade. Você é uma mulher maravilhosa...

"Não! Por favor não diga." Isabel pensou.

- Eu gostaria de saber...- o garoto pegou a mão esquerda da garota.-...se você aceita se tornar minha esposa?

O ar pareceu sumir do peito de Isabel, o espartilho parecia apertar mais.

- Henry...Eu...Eu preciso tomar um ar.- o garoto a olha confuso.

- Está tudo bem? Precisa de algo? Quer que eu vá com você?

- Não eu vou sozinha, eu já volto para responder sua pergunta, tá bom?- o garoto assentiu, Isabel se afastou.

Enquanto andava, tudo parecia girar e o ar parecia ficar pesado.

Saiu da casa pela porta principal, a garota se sentou nos degraus da varanda, a brisa do noite atingiu o rosto de Isabel, fazendo ela soltar um longo suspiro.

Ela morava em uma cidadezinha perto do litoral, era famosa por seus portos e belas praias.

- Deus, o que eu vou dizer a Henry?- Isabel diz a si mesma, a garota olhou para o céu estrelado, as estrelas pareciam brilhar mais.

Sua atenção vai para um grito feminino vindo de algumas casas afastadas, Isabel se levantou e foi para o meio da rua.

Ela viu uma mulher caída na mesma.

Isabel correu para ajudar a moça, quando se aproximou, a mulher agarrou os braços da garota, a moça estava tremendo.

- O que houve?- mais gritaria ecoou pela cidade e o barulho de tiros.

- Os piratas estão na cidade!