Assim que os raios solares atravessaram a janela daquele sobrado antigo, Sofia acordou. Seus olhos se abriram e ela se deu conta, de que estava de volta a realidade. Dizem por aí que quando despertamos, levamos três segundos para lembrar quem somos e aonde estamos, mas com essa garota não, se fosse assim todos os dias ela teria alguns segundos de felicidade e de paz, a pior parte de acordar era saber que o mundo estava igual á noite anterior.Sonhos estranhos a pertubava, ao pesquisar na internet, ela encontrava que podia ser reflexo de traumas, medos ou apenas uma mente criativa, mas ela não concordava com isso. O último que se lembra é de estar em um castelo em ruínas, com caveiras e ossos por todos os lados, ela ouve barulhos vindo de fora, parecia gritos desesperados, cheios de rancor, ódio e vingança, olha para todos os lados mas não consegue enxegar nada, tudo está um breu lá fora, a nuvem de escuridão vai adentrando o castelo, a garota vai se afastando, tentando fugir daquela mal, mas ela não consegue, mãos queimadas e destroçadas se erguem do chão frio e úmido e agarram suas pernas a levando ao chão, as mãos apaupam seu corpo e ela tenta gritar, mas é impossível, ela não sabe o porquê, a escuridão toma conta e ela sente uma mão atravessar seu peito e arrancar seu coração.
- Talvez eu esteja ficando louca- Diz ela enquanto penteia seu cabelo em frente do espelho, - Pode ser que seja apenas uma mente de uma adolescente conturbada, tenho que pedir para a psiquiatra aumentar a dose dos rémedios. A hora avança e ela esta quase pronta para enfrentar mais um dia de invisibilidade, sempre se sentiu assim, como se todos ao seu redor ignorassem a sua existência e colaborassem para que a sua vida se tornase cada vez mais insignificante. Ela desce as escadas e vê sua mãe na cozinha, sentada na mesa e de cabeça baixa, o cigarro esta apagando e é notório as lágrimas rolando pelo rosto e caindo na mesa. Sofia para no meio da escada, observando a situação e pensa consigo mesmo - Eu deveria me sentir mal? Eu deveria abraça-la? Eu não faço ideia do que fazer!-, desconfiava do que se tratava, podia ser desgosto por ter uma filha com vários problemas?, ou podia ser dificuldade financeira, mas algo estava diferente, o choro transparecia uma amargura muito grande, enraizada na alma.Sofia suspira e arregala os olhos, - Câncer!- Parece um sussuro que vinha de dentro. - Mãe?- Sua voz está tremula e suas mãos suam, ela não sabe o que esperar e nem mesmo o que falar, mas algo que ela sabia que podia confiar no seu instinto, era poderoso como uma bola de cristal. Sua mãe levanta a cabeça devagar, seu olhar era de perdição, seus olhos inchados a denunciavam que não havia dormido ainda, a pele estava seca e seus lábios desidratados dizem - Sofia.-, a voz da sua mãe soou como um chute no estomâgo, ela se aproximou e a abraçou, podiam ter suas diferenças como qualquer outro relacionamento entre mãe e filha, mas momentos como aquele nenhuma das duas consiguia segurar as lágrimas.
Estavam a caminho da escola, Sofia encara o sol iluminado daquele dia. A conversa que teve com sua mãe a deixou pensativa e preocupada, mas por alguma razão que ela não entendia, ela não se sentiu triste. - O câncer está no estado inicial, não se preocupe, eu irei conseguir, só estava chorando pois não sabia como contar para você e como iria reagir.- Elena dirigia com um olhar centrado na estrada, naquele momento, evitava olhar para a filha, pois causaria uma instabilidade nela. - Quando que você descobriu?- a filha pergunta, - Não sei exatamente, mas acho que foi depois da noite da pizza, eu tinha feito o exame de rotina e no outro dia, a clinica me ligou.- dizia, ainda sem encarar a filha.
O carro estaciona na frente da escola, sente um aperto no peito. Para Sofia, o ensino médio era mais cruel do que a notícia recebida pela manhã. Se sentia como uma presa indefesa que se jogaria dentro de uma cova de leões, mas ela não era Daniel, ele pelo menos tinha a ajuda da força superior a qual ele era devoto, mas essa garota é ateia. - Boa sorte filha!- a mãe pega nos cabelos cacheados dela e acaricia seu rosto, - Tchau, te vejo depois. - ela sai do carro e bate a porta. Até as invisíveis sofrem, muita das vezes, por serem invisíveis.
A aula era entediante o suficiente para conter a atenção dela, seus pensamentos iam dos seus sonhos obscuro á voz interior que ouvira mais cedo. Muitas dúvidas surgiram naquele momento, para tentar acabar com alguma, ela tentava reviver aquele momento, voltar e reconstruir cada detalhe na sua mente. Descendo as escadas, a mão no corrimão, um passo atrás do outro, a respiração. Repetindo a cena várias vezes para ter certeza que não perdeu nenhum detalhe. A cada vez que tentava, parecia que se tornava mais real, como se estivesse realmente voltando para aquele momento, aguçando sua curiosidade, tenta mais uma vez, os detalhes se tornam mais nitídos, a sensação se torna real. Ela abre os olhos e ali está, em pé no meio da escada, sua respiração se torna ofegante e um desespero toma conta dela, até ouvir um suspiro atrás de si. Ao se assustar, ela abre os olhos e estar de volta a sala de aula, os alunos estão a encarando e o professor chama seu nome, mas sua cabeça esta confusa e sua visão embaçada. Tenta levantar da cadeira e andar, mas ela vai perdendo os sentidos até desmaiar.
- Sofia!-, uma voz distante grita seu nome, ela tenta responder, mas não consegue. A voz vai se tornando cada vez mais perto. Ela acorda. A enfermeira da escola a encara, seus sentindos voltam aos poucos, - Eu morri? - ela diz em tom de ironia, - Não querida, não morreste, mas torna-se assunto desta escola por pelo menos uma semana.- a senhora Monroe, já estava acostumada a atender Sofia, mas esta vez foi diferente, antes crises de ansiedade e pânico, mas desta vez febre, alucinação e gritos. - Parecia que o mundo estava acabando para você, estava ardendo em febre e se debatendo, além de gritar várias e várias vezes a palavra câncer.- Sofia se levanta da maca ao ouvir as palavras da enfermeira. - O que disse?- ela pergunta, - Você não esta bem, ligamos para a sua mãe e ela vai chegar em alguns minutos.- disse sra. Monroe. Aquilo a assustou muito, sua cabeça ainda estava confusa, e depois de ouvir o que havia acontecido, parecia que o chão abrirá e a engoliu para dentro.
Uma hora depois Elena chega na escola. Ela conversa com o diretor e com a enfermeira. Sofia estar no corredor de cabeça baixa, um sentimento de vergonha misturado com ansiedade e pânico, mil coisas se passava na sua cabeça, mas tinha uma que não parava de gritar, ''câncer''. Muitos reagem de diferentes formas ao descobrimento de uma doença na familía, mas o que ocorreu foi totalmente fora do normal para Sofia. Sua mãe sai da sala do diretor e vai ao encontro dela. - Estar melhor?- Elena pergunta e olha para sua filha, acaricia o rosto dela e pega em seus cabelos, - Eu não faço ideia do que aconteceu mãe. Eu não faço ideia. - declina sua cabeça no ombro de sua mãe, - Vamos embora, vem - ; - Mas eu tenho aula?- Sofia questiona, - Falei com seu diretor, você pode vim comigo. -. O sino toca, é hora do intervalo, todas as portas das salas se abrem e o mar de alunos enchem o corredor, em qualquer outro dia, ela seria apenas uma garota que não era vista por ninguem relevante, mas tudo mudaria e não era para melhor. - Olha por onde anda, possuída!- Uma garota exclama quando esbarra em Sofia. Agora, ela já não era apenas uma invisível, ela tinha um apelido que certamente tornaria a sua vida um inferno. Ela lança um olhar para a menina, e pensa consigo mesmo - Sorte a dela do diabo não estar em mim, pois eu estragaria esse rostinho bonito.
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Woge Hexen: Hierarquia
FantasySofia, uma garota que passou a vida se sentindo deslocada e sem direção tem um ataque psicótico e mata seus colegas de turma em uma trágedia sobrenatural, após ser enviada para um hospital psiquiátrico, ela recebe transferência para um internato cha...