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Temerosamente, Marinette apertava os celular entre as palmas quentes enquanto mantinha o corpo pouco encolhido sobre a cama. Não sabia exatamente o que fazer. Adrien estava com seu celular, podendo render-se a curiosidade e ler todas as notas amorosas que escrevera para ele.
Não era uma situação cômoda ou gostosa de se imaginar.
Questionava-se o que fazer naquele momento. Poderia procurar na lista de contatos de Adrien o número de Alya para pedir ajuda, porém, não queria futricar no celular alheio e Adrien tinha o celular caro bloqueado por senha e identificação facial. Sim, já havia checado.
A brilhante ideia que iluminou sua mente foi ligar para o próprio número. Sabia de cor, e era provável que Adrien atendesse. Respirou fundo, feliz pelo celular permitir ligações sem precisar se identificar.
Digitou o número, e cada toque fazia-a remoer-se na cama, indagando se ele já teria percebido o erro e se estava irritado com o ocorrido. Pensar naquilo deixava-a tensa. E se achasse que fizera aquilo de propósito? Bem, não seria algo inteligente, não quando ela tentava ao máximo esconder ser a mandante do poema...
"Alô motivo dos meus surtos?"
Marinette grunhiu ao ouvir a voz risonha do Agreste.
"Adrien." Ela suspirou. "Poderia me deixar menos nervosa? Eu agradeceria."
Ele riu.
"Desculpe, não queria te deixar incomodada. É que realmente gostei do nome do contato." Ele parecia deveras feliz. "Achei tendência."
Marinette rolou os olhos.
"Certo." Ela deu de ombros. "Estou com a sua mochila."
"Ainda bem, pensei que ela estivesse em Nárnia."
Ela não conseguiu poupar uma risadinha, meneando a cabeça.
"Quer que eu faça algo por você? Responda algum exercício na sua apostila? O Brainly pode me ajudar se eu não souber o conteúdo..."
"Fica tranquila, 'tá tudo certo, mas e você? Posso te ajudar em algo?"
"Não fuce nas minhas conversas."
"Tarde demais..."
Marinette sentou-se na cama.
"ADRIEN!"
"Estou brincando! Só fucei nas notas e... você tem um talento enorme p'ra escrita..." Ele pareceu completamente honesto. Marinette piscou, afoita. "Você transmite tudo tão bem e de modo tão gracioso que fico sem palavras. Você é... fantástica."
Ela sentiu as bochechas corarem.
"Eu... obrigada..." Suspirou. "Mas não deveria ter lido!"
"Acabei abrindo sem querer, te juro." Novamente, o tom honesto apareceu na voz do Agreste. "E... pode olhar meu celular também. A senha é 270877, data de nascimento da minha mãe."
Marinette sorriu. Ele realmente estava confiando nela desse modo?
"Obrigada pela confiança, mas..."
"Por favor, não fique tímida. Não tem nada demais, só minhas nudes nas pastas ocultas, mas nada que você não tenha visto..." Marinette engasgou-se com o dito do loiro, o que atraiu gargalhadas gostosas do maior. "Estou brincando... bem... você vai descobrir se é mentira ou não se quiser. De qualquer forma, eu tenho uns joguinhos legais, você vai se divertir."
"Não vou, vou dormir. Estou cansada. O dia foi... uau."
Ele riu.
"Então, não vou te atrapalhar. Boa noite, princesa."
O apelido repentino fez o coração da menor se acelerar. As bochechas esquentaram e ela sorriu de modo acanhado, mesmo sabendo que ele não veria.
"Boa noite, gatinho."
"Gatinho? Prefiro gatão..."
Marinette negou com a cabeça.
"Vou trocar para Cinderela."
"Se fizer isso, posso trocar o sapatinho por um beijinho?"
Marinette mordiscou o lábio ínfero. Bocejou.
"Tenha bons sonhos com o beijinho."
Não precisou vê-lo para saber que ele sorria. Desligaram ao mesmo tempo, mas antes que a tela escurecesse, Marinette percebeu como seu contato estava salvo. O coração falhou algumas batidas.
