#inLove

2.2 #shopping

Storm

Summer e eu não perdemos tempo após as aulas, fomos diretamente ao shopping para parecermos mais apresentáveis na festa da Becky. Nunca fui muito de compras, então Sol teve de fazer um esforço para conseguir me convencer. O esforço dela foi me arrastar até lá, prometendo que me pagaria um sorvete.

— É bom isso valer a pena. — resmunguei.

— Quer parar de reclamar? Por acaso quer que o garoto que você gostou te veja com um maiô da Hello Kitty?

— Eu acho que já dei muitos motivos pra ele rir da minha cara...

— Não faça sua roupa ser mais um. Anda, vai ser jogo rápido.

— Espero.

Visitamos diversas lojas até conseguirmos achar algo que combinasse conosco. Assim que finalmente achamos a peça perfeita, fomos tomar o prometido sorvete enquanto cada uma carregava suas compras. Porém, no meio do caminho, as luzes brilhantes do fliperama que havia dentro do shopping me atraíram, como se uma sereia cantasse para mim.

— Ok, eu preciso entrar e quebrar meu próprio recorde naquela máquina.

— Lua, sério? Não estou nem um pouco afim de entrar aí...

— Você me levou até aqui, agora vai ter de me acompanhar até o final. Vem, eu prometo que vai ser rápido! Só uma partida.

— Só uma. Quero ir pra casa.

— Feito! — puxei Summer para dentro.

Procuro o jogo. Para minha sorte, estava desocupado. Corro até ele como uma criança.

— Summer, toma aqui, pega uma ficha pra mim. — entrego para ela o dinheiro sem retirar meus olhos da tela.

— Estou me sentindo uma mãe com uma filha de sete anos... — ela se retira respirando fundo.

A tela mudou para os recordes dos melhores jogadores. Meu nome continuava lá, mas tinha algo de errado.

— Quem foi o otário que me tirou do primeiro lugar?! — falei quase gritando.

Em poucos segundos, Summer chega com a ficha, olhando preocupada para mim.

— Aconteceu alguma coisa?

— Sim, algum... Imbecil me tirou do primeiro lugar! — segurei com todas as forças a vontade de soltar um palavrão, afinal, estávamos em público, onde a maioria eram crianças.

— Ah, pensei que fosse alguma coisa mais grave.

— Você tá brincando? Isso é extremamente grave! Se eu ver esse tal de... — parei a frase, dando uma olhada na tela — ZAC por aí, ele vai sofrer o pior acidente da vida dele!

— Você é realmente um doce de pessoa, não é? — o garoto que estava no jogo ao lado, vira-se para nós com um sorriso sarcástico.

Aparentemente, ele tinha a minha idade, seus olhos eram castanhos, assim como o cabelo. Confesso que ele era até bonitinho, mas minha raiva não me permitiu aprofundar muito nisso.

— Quem é você?

— Eu sou o cara que acabou de receber uma ameaça por bater um recorde. E você, madame?

— Eu sou a pessoa que você mais deveria temer. — olhei para ele com minha melhor cara de durona.

— Realmente assustador. Vou começar a acreditar em você,  assim que me passar. — ele me lança um olhar desafiador.

— Summer, segura minha bolsa! — retiro a sacola do meu braço, passando para ela, que se assusta com meu gesto — E meu casaco também! — o retiro rapidamente, jogando para ela.

— Quer mais alguma coisa? Um café, algo assim? — Sol fala ironicamente.

— Shh, preciso me concentrar!

Inicio o jogo. Ele me observa em silêncio enquanto eu jogava. Summer perambulava perto de nós, indo de um lado para o outro. Eu conseguia ouvi-la agonizando para ir embora, mas eu tinha de fazer isso pela minha reputação. Consigo passar de uns dez níveis, minha concentração teria de ser inabalável a partir daquele momento. Cada segundo aumentava minha tensão.

Quando os números estavam perto de alcançar o mais alto do placar, o garoto grita "Cuidado!", me assustando o suficiente para que as letras "Game Over" aparecessem na tela, com uma música desmotivadora. Ele começa a rir.

— Isso não valeu! — o empurro levemente.

— Claro que vale, não tem nenhuma regra contra isso.

— Sério, você é maligno. Tipo o Bowser ou o Dio Brando!

— Sim. — ele abre o zíper de seu casaco, revelando sua blusa com um desenho foda de JoJo's Bizarre Adventure. Depois, o fecha de novo, dando uma piscada para mim.

— Eu deveria ter suspeitado disso... — sorrio para ele.

— E eu ainda estou aqui. — Summer resmunga, sentada na cadeira do jogo de corrida.

— Isso não acabou aqui, nerd. — o ameaço outra vez — Aliás, sou Storm Evans. Aquela ali de saco cheio é a Summer, minha melhor amiga. — estendo a mão para ele, e Summer o cumprimenta com um leve aceno, que ele responde do mesmo jeito.

— Zack Mason. — ele aperta minha mão, me cumprimentando — Espero não te ver de novo, valorizo a minha vida.

— Não se preocupe, o maior mal que eu te faria seria fazer você morrer de vergonha.

— Nesse caso, adoraria ser seu amigo, Evans.

Rimos juntos, e eu acabo passando meu Instagram para ele, assim poderíamos manter contato. Nos despedimos, e Summer saltita alegremente para a saída do fliperama. Dou um último tchau para Zack, que responde de volta para mim, e corro para alcançar Sol, passando meu braço pelo dela.

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Abro a porta de casa, completamente exausta. Meus irmãos, Jake e Thomas, os gêmeos, corriam por aí com suas nerfs, fingindo ser espiões ultra habilidosos. Minha mãe estava na cozinha, em ligação com um cliente que era aparentemente abusado, pelo tom que ela usava com ele, enquanto meu pai preparava o jantar. Vou até eles, largando a bolsa no chão.

— Cheguei, pessoal.

— Oi, terremoto. — meu pai sorri ao me ver, me chamando pelo meu apelido de criança — Chegou tarde, onde estava?

— Summer e eu fomos ao shopping, precisávamos de roupas pra festa.

— Que festa?

— Sobre isso... Posso ir a festa na praia, do colégio? Eu gostaria de contribuir pro nosso baile, e você sabe, é o último ano, eu preciso me divertir um pouco...

Minha mãe desliga o celular, soltando um grunhido alto.

— Vai com calma, Shrek! O que aconteceu? — pergunto a ela.

— É incrível como as pessoas hoje em dia não tem um pingo de educação! Esse cliente...

— Mãe. — a interrompo — Com todo respeito, adoraria ouvir sua história, mas eu estou morrendo de vontade de tomar um banho frio, então, queria saber... Se por acaso, posso ir a festa na praia no final de semana?

— Irei pensar. — ela respira fundo — Conversamos sobre isso amanhã.

— Tudo bem... — me retiro da cozinha, subindo as escadas até meu quarto.

Não queria insistir nisso, ainda mais com minha mãe pistola da vida. Ela era um pouco severa, então a melhor oportunidade para pedir alguma coisa, seria quando ela estivesse totalmente calma.
Vou para debaixo do chuveiro, deixando a água cair, me afogando nas memórias de hoje.