18- sangue ruim

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Boa leitura
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Daniela narrando

Me subiu um calafrio pelo corpo quando vi o rosto de quem estava junto do Jorge. Não é possível. Estou tendo alucinação. Acorda Daniela, isso não é real.

- Ma-Mateus? - minha mãe acaba me trazendo para a realidade

É ele, Mateus, meu padrasto. O medo e o espanto está estampado na testa da minha mãe. Devo aparentar o mesmo, estou apavorada. Jorge e Mateus, juntos. Mas...ele morreu. Como pode?

- Então? Não vão me dar as boas vindas? - Mateus ironiza

- Como? - as frases parecem não se formar direito para sair da boca da minha mãe

- Vocês vão pagar por tudo o que me fizeram - sua voz demonstra seu ódio mortal

- Você está aqui Mateus, vivo, não precisa disso. Deixa a gente ir embora - mais uma tentativa falhada da minha parte

- Não dei autorização para falar - Jorge grita para mim

- Você tem razão Daniela. Estou bem e vivo. E agora quem me ajudou vai se arrepender amargamente, ou já está se arrependendo - Mateus começa a andar pela sala

Quem o ajudou vai se arrepender? Que foi?

Meus olhos se arregalam ao passar uma suposição pela minha cabeça, fito Tia Martha em busca da resposta que preciso, o que encontro não me agrada nem um pouco. Tia Martha está de cabeça baixa, não diz nem uma palavra, mas seus soluços pouco audível são mais do que uma resposta.

- Martha - minha mãe a fita também, um tanto confusa.

Mateus se aproxima da Tia Martha e passa as mãos pelos ombros dela.

- Achou que o seu segredinho ia ficar num baú até quando, Martinha? - Mateus a questiona olhando para um ponto fixo - Eu conto ou você conta? - ele fala baixinho no ouvido dela mas o silêncio da sala não permite segredos

Tia Martha não se move, parece ter virado uma estátua, o que faz Mateus continuar o seu discurso.

- Eu podia ter morrido, sabia Rosa? Foi perigoso o que você fez - Mateus caminha em minha direção mas de olhos na minha mãe

- E você...Dany, quer conhecer um pouco o outro rosto da sua tia maravilhosa? - Mateus de agacha do meu lado e começa a relatar o que aconteceu

- Acordei em um hospital particular, de gente rica, com tudo o que eu tinha direito : os melhores especialistas, o melhor quarto, o melhor tratamento. - ele levanta e caminha devagar pela sala - No início eu não entendi como fui parar naquele lugar, mas quando eu já estava melhorando alguém foi me ver.

Tia Martha levanta seu rosto por fim, ela fita Mateus com um olhar de suplica, no intuito de o manter calado. Ela está de um jeito que nunca vi antes, não sei se ela está tomada pela raiva, ódio, medo, simplesmente não a reconheço.

- Martha - Mateus prossegue - Pela minha surpresa, Martinha foi me ver. Era ela quem tinha ordenado que me levassem pra lá, era ela quem tinha pago tudo. E sabe o que ela me ofereceu? - ele pergunta retóricamente para minha mãe - Dinheiro. Ela me ofereceu dinheiro.

- Isso não faz sentido. E as notícias nos jornais, da sua morte, da minha busca? - minha mãe questiona pensativa

- Falsas - Jorge responde como se fosse óbvio

Fome De ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora