Capítulo 1 - A Torre Real

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Vilagis, ano de 2060

"A escuridão corrompe o íntimo do mais puro ser, liberte-se de sua prisão! Não confie no oceano profundo, ele tentará te afogar..."

- Clarinha, acorde! Vamos logo, você precisa descer em alguns instantes.

Giovana estava atônita, correndo em todas as direções, tentando organizar o traje do dia para a princesa Clara, que despertou ainda ofegante em um súbito grito de pavor.

- NÃO!!!... Giovana!? Eu sonhei novamente com a luz! - a jovem princesa tenta limpar as lágrimas que descem ardendo por todo o seu rosto, enquanto que sua fiel escudeira cessa a correria e senta-se na lateral da cama, estava incrédula com a notícia.

Todos no castelo de vidro conheciam as histórias dos sonhos premonitórios que a bela princesa tinha durante toda a vida, porém, a luz que falava aos ouvidos de Clara, passou a repetir os mesmos versos, constantemente.

- A luz falou novamente sobre o oceano profundo, senhora? - Os belos olhos verdes da jovem camareira estavam ainda mais destacados diante de sua expressão de pavor.

- Sim! A luz dizia que o Oceano tentará me afogar... Disse para que eu me liberte... Não posso aceitar esse acordo nupcial com o herdeiro do Reino de Armadis. Não posso continuar o restante de minha vida presa a um casamento... - Clara sentou-se apoiando suas costas na cabeceira da cama e levando suas mãos ao rosto, tentou afugentar todo os demônios em sua mente.

- Você não pode mudar isso, Senhora! É o dever de toda mulher se casar e ter filhos... O seu casamento trará de volta a paz ao nosso amado reino de Vilagis. - Giovana uniu suas mãos às da princesa e tentou com um gesto de carinho, dar lhe um pouco de segurança.

- Mas e se eu não quiser nada disso pra mim? Eu sei lutar, posso muito bem conquistar todo reino de Armadis sem precisar servir a um príncipe nojento, feito o Marvin!

Clara prostrou-se de pé e parou diante do arco e flecha pendurado em um suporte de parede.

- Não nasci para ser uma princesa, nasci para ser A Guerreira! - Os olhos de Clara brilhavam diante da coleção de armas penduradas em sua parede, como troféus que a mesma fazia questão de exibir, como que para provar todas as suas habilidades em manusear cada arma mortal já fabricada.

- Oras, Clara... Já sabemos que você é capaz de manusear qualquer uma dessas bestas, mas uma guerreira de verdade deve saber usar a melhor arma de uma mulher: a persuasão! A força bruta lhe trará apenas metade de suas conquistas. Ande, tome sua cápsula da manhã e sigamos para a higiene matinal.

As palavras da serva desceram como líquido inflamável corroendo o íntimo de Clara. A jovem princesa sabia exatamente o quão certas estavam as palavras de sua amiga. Um bom governante deve saber usufruir de todas as habilidades possíveis, para conquistar novas terras. A diplomacia certamente não era sua maior destreza.

- Giovana use o meu comunicador e peça para o Sargento Padilha ir ao laboratório do Breno. Vou testar a minha armadura nova após a reunião do concelho supremo e preciso dar as diretrizes de segurança do casamento. Minha família, certamente, fará disso o evento da década e eu preciso garantir a segurança do reino.

Simultaneamente, ao tempo em que Giovana repassava as ordens da princesa, Clara tomou as pílulas que lhe garantiam a reposição adequada de nutrientes e caminhou até sua cápsula de banho, retirou suas vestes e acionou o dispositivo de descontaminação, era um processo simples e rápido, dentro de um box de vidro, iluminado com luzes em azul neon que eram responsáveis por boa parte do processo químico de higiene.

***

Após o banho, a criada e a princesa seguiram juntas até a sala de reuniões, onde o rei Edgar e o príncipe Jorge já confabulavam.

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