Capítulo 3

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A chuva caia lá fora estava escorrendo pela janela.

Os olhos negros de Jeon estavam fixos nas gotas, mas não estava prestando muita atenção. Mal piscava enquanto reluzentes reflexos atingiam seu rosto. Ele não via mais nada, exceto seus devaneios.

Perto dele, Jimin se aconchega em uma mochila, realmente parecendo uma criança indefesa, exausto. Nada podia o despertar, o seu corpo estava mole. Ambos tinham ficado tempo demais lá dentro, isolados no ateliê.

O pintor se sentou ao lado do garoto sonolento saindo dos pensamentos. Delicadamente, acariciou o cabelo dele e o rosto gelado por causa do tempo. Então, arrumou a cabeça dele deitado na mochila, tirou o zíper da bochecha do outro e o cobriu com o meu casaco quente.

Park achou aquilo estranho, mas não abriu os olhos temendo uma situação no mínimo constrangedora. Depois, se encolheu sentindo o calor da blusa.

— Não precisa fazer isso — murmurou sonolento quebrando o silêncio.

Fazia quase quatro horas que eles estavam lá, ambos cansados, o de cabelos mel estava acabado de sono. A chuva do lado de fora não dava nenhum descanso para eles.

— Acho que pode ser mais fácil se eu pedir um Uber, eu acho que a chuva não vai parar tão cedo.

— Certo, já tem ideia de que hotel você vai?

— Nem ideia, mas eu me viro — o garoto sorriu com os olhos fechados, estava tomando coragem para sair do quentinho da blusa do outro.

— Tem o Kimchee de la Rose, ele é bem barato, mas o conforto não é cinco estrelas. É de se esperar que lugares baratos não sejam tão confortáveis.

— Serve, muito obrigado. Quer uma carona?

— Eu vou esperar a chuva passar, mande um e-mail para minha secretária quando chegar, gostaria de saber se chegou em segurança...

" Você vai rastrear o menino, né?"

— ... Por segurança — repetiu Jeon calmo, respondendo sua mente.

— Claro, eu mando sim, ela é sempre bem gentil e responde todos os meus e-mails.

— É o trabalho dela, afinal, querido.

O pintor não usava realmente uma secretaria para responder os e-mails, não gostava de gente se intrometendo na sua vida, mas tinha uma sim, ela comprava coisas da casa para ele, produtos de limpeza, comida, tintas. Ele só queria evitar ser visto fora de seu apartamento. O pessoal do prédio chegou a pensar que ela era sua namorada de tanto que ela ia lá.

— Oh! verdade...— Resmungou Jimin pensando o quão bobo foi com a sua resposta, acabando por soltar uma risada nasal.

A mulher quase nunca entrava na casa toda, parava na sala de entrada e lá ficava até a hora de seu expediente acabar, sem nunca entender o motivo que o Jeon não a usava do jeito convencional, mas não questionava, já que o famoso a pagava muito bem e o trabalho era fácil.

Quando Park acabou de chamar o Uber, andou até a porta, mas voltou correndo só pra dar um abraço em seu ídolo. Estava feliz, embora tivesse saído apressado depois do abraço — antes que o pintor mostrasse qualquer reação negativa para ele — e seguiu para o hotel recomendado.

O artista sacudiu a cabeça um pouco atordoado. Seus olhos passaram pela sala, ele se sentiu só, por algum motivo o menino dos cabelos mel tinha tirado grande parte da solidão rapaz de cabelos negros. Ele tinha dado um jeito para que pudessem se ver logo sem trazer suspeitas.

Tinta Vermelha - Jm+ JkOnde histórias criam vida. Descubra agora