Capítulo 4

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— O que você tá fazendo? — Disse uma mulher com a voz arrastada. Ela não falava, apenas servia café em uma xícara branca, e muito antiga.

— Estou editando o próximo tutorial — Respondeu Jeon — Eu quero que seja bem feito, como sempre prometi. Vou terminar em alguns dias, acredito eu. Mas isso vai ser da forma mais conveniente para mim e como me for permitido. Enquanto isso, quero que não interrompa meu trabalho.

— Não se preocupe — Ela respondeu paciente, o pintor tinha um tom arrogante na ponta da língua quando se tratava de coisas inacabadas, mas nunca tinha a insultado quando ela mostrava sua curiosidade.

Ela percebia alguns olhares de desprezo do patrão quando ela fazia perguntas, considerava ele um homem muito sério e reservado. Já viu ele torcer o nariz quando ela tentava fazer coisas a mais do que ele mandava. Ela não o entendia muito bem.

— Supera isso — Jeon disse calmo como se lesse a mente dela. — Alguns de nós, são gratos por não terem tanto trabalho. Agradeça que eu não te cobro demais, e assim estará fazendo seu trabalho direito.

Ele disse antes de levantar na direção dela e tocar seu ombro com um leve sorriso.

— Como está na faculdade, hm? — Ele perguntou trazendo a atenção dela que olhou para a mesa vazia em sua frente antes de olhar para ele. Ela engoliu seco antes de sorrir.

— Fazendo o possível pra manter — Respondeu com calma se preparando para guardar as compras. Ela estava quebrada e com dificuldade para pagar o tratamento da mãe e cuidar da faculdade ao mesmo tempo.

— Quantas vezes eu lhe disse que pode me pedir ajuda? — Disse ele tirando sua carteira e pegando uma porção de dinheiro.

— Senhor Jeon, não precisa ser tão caridoso comigo, eu me viro, nem faço muito aqui na casa do senhor.

Jeon estava longe de ser uma figura caridosa, era muito esperto, pois sabia que caso ela visse de mais ela não falaria, afinal ele estava dando para ela estabilidade financeira. Era um bom jogador e manipulador. E, sabia que seria difícil achar alguém um pouco desconfiado — uma presa fácil — como ela. Ele chegava a ter carinho pela ideia dela ficar de boca calada.

— Só pegue o dinheiro, você me ajuda o suficiente — Colocou a mão no cabelo dela e acariciou, como um cachorro, os fios cacheados. — Sua mãe teve melhoras?

— Ainda está nos tubos — Respondeu calma e breve. — Mas os médicos dizem que ela vai ficar melhor - entregou a xícara a ele.

— Isso é ótimo — Respondeu. — Jogue o lixo para mim antes de sair, está liberada por hoje. Vá cuidar de sua mãe, qualquer coisa é só me ligar.

"Ainda acho que ela pode te apunhalar nas costas"

— Sim, senhor Jeon — Ela pegou o dinheiro suspirando, se sentiu um pouco desonesta pegando aquele dinheiro sendo que fazia tão pouco.

" Se ela abrir o bico, posso fingir que ela se matou, pois não estava aguentando a pressão da mãe doente, mas teria que dar jeito na velha primeiro... não quero ser obrigado a fazer isso com aquelas duas."

Demora apenas um instante e a mulher sai.

Jungkook fechou a porta e resolveu organizar aquilo que chama de "além do limite", a parte onde a maioria das pessoas não entrava. Abriu a porta que separava os dois espaços, tirou a garrafa de Gim, não era sua bebida favorita e para ser sincero não lembrava a quanto tempo ela estava jogada ali.

Tinta Vermelha - Jm+ JkOnde histórias criam vida. Descubra agora