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Te assistir pela TV se tornou rotineiro, observar cada um dos teus traços tão bem desenhados serem tão desvalorizados pelas câmeras era uma ação quase que diária, elas definitivamente não captarvam a luz que você transmitia pessoalmente. E por mas que sua bela imagem estivesse bem na minha frente para me distrair eu só conseguia pensar no dia em que você estaria de volta no programa, porque esse dia teria que chegar, todos sabíamos. E pensar nisso fazia minhas pernas tremerem e meu sangue passar a viajar mais rápido por entre as minhas veias, mas então você sorriu, mesmo que por aquela pequena tela incapaz de transmitir sua esplendorosidade, você sorriu. E minha abatida e imaginativa alma não pode evitar sentir que aquele sorriso vinha com uma dedicatória especial a mim.

Então, depois de tantos meses te assistindo por telas que nunca seriam capazes de fazer jus a sua beleza você voltou ao programa. E caçar os pequenos detalhes que haviam mudado na sua brisa de outono não me fez mal, pelo contrário, encontrar um pouco dos raios de sol que um dia pensei que você fosse entre todas aquelas folhas secas derrubadas pela sua fria brisa de outono me fez bem, me fez perceber que sua forma sublime e brilhosa não era um personagem que eu inventei.

E talvez o ponto alto daquele dia ter sido ver você andar da mesma forma melodiosa e harmônica de sempre na minha direção te pareça um pouco cômico, mas realmente era. E diferente de tudo o que eu imaginei pela primeira vez eu pude ver claramente sentimento nos seus olhos ao falar comigo e o movimento que seus braços fizeram até se apoiarem de forma delicada, porém desesperada, nos meus ombros e envolverem meu pescoço, onde você fez questão de afundar seu rosto e relar a pontinha do seu nariz frio pela brisa de inverno lá fora, foi em câmera lenta. Eu tinha imaginado essa cena de tantas formas, mas não dessa. E finalmente poder passar minhas mãos pela sua cintura fina e macia que eu sempre quis tocar, e te apertar no abraço acolhedor que eu sempre quis te dar foi um dos movimentos mais gloriosos da minha semana. E ouvir as palavras que saíram da sua boca a seguir recairem sobre mim me deixou leve, você sentiu minha falta. Mas minha leveza durou pouco, durou até você dizer que as coisas estavam difíceis na verdade. Era difícil comer, pois passou a ser uma ideia odiosa para você bochechas mais cheinhas, ou uma dobrinha a mais na barriga. O palco e as câmeras te assustavam, porque os julgamentos que vinham acompanhados deles eram duros demais quando misturados aos que você já fazia questão de dizer a si mesma, e as lágrimas acumuladas no canto dos seus olhos me pediam para enxuga-las enquanto meu corpo me pedia para chorar junto a você.

No entanto, eu me sentia indigna de ser a pessoa a quem você recorreu nessa situação. Nós não nos víamos ou falávamos a meses, e eu tinha medo de ser a primeira para quem você falava disso, mas mais do que isso eu sentia raiva de mim por ter te visto de forma tão pútrida todo esse tempo, claro, estar mal não te impedia de ser destrutiva para as minhas delicadas flores de primavera como o outono, mas te impedia de brilhar e me iluminar como o sol.

Falling In Autumn Vibes [ Jenlisa ] Onde histórias criam vida. Descubra agora