Prólogue - Nas Linhas D(a) Destino

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"Eu odeio você, YoonHee!"

É engraçado pensar que a ultima coisa que eu disse antes de morrer foi que odiava minha namorada. Ahg! Como eu sou ridículo.

E agora eu estou em um lugar completamente desconhecido, com dores nas costas e na cabeça. Depois de tanto andar naquela cidade estranha e quase completamente branca— Todos os prédios e casas eram brancos, e os estabelecimentos eram todos espelhados— chamou-me a atenção, uma pequena fonte. Ela ficava de frente para um enorme prédio espelhado, de onde saíram algumas pessoas vestindo branco, aliás, todo mundo vestia branco.

-Com licença?—Chamo uma senhora que passeava com seu cachorro.—Onde estou? Pode me dizer?

- Você está no centro, meu Bem.—Ela me responde, meio confusa.

- Não, em que mundo eu estou?

- Ah, estamos no purgatório. Acha que não deveria estar aqui?—Pendeu a cabeça para o lado.

- Purgatório?—Franzi as sobrancelhas, mas depois comecei a rir.—Ah, pode parar com essa brincadeira sem graça.

A senhora abandonou a feição confusa e adotou uma irritada.

- Se acha que está no lugar errado, se dirija ao prédio principal!—Falou irritada, apontando para o prédio espelhado enorme. Encarei a senhora confuso, mas quando ia perguntá-la sobre o que ela falava, ela se virou e seguiu seu caminho.

Sem opção de escolha, segui para o prédio. A recepção era, como o restante do lugar, branca. Lembrava muito um hospital, mas não podia me atentar demais a isso.

- Ah, pode me dizer como isto funciona?—Questionei a recepcionista, já depois de observar todo o salão vazio. A ruiva me sorriu confusa.

- Como?

- Como este lugar funciona? Eu estou completamente confuso.—Choraminguei.—Ah, se eu pudesse ter uma conversa com o Destino.—Lamentei dramaticamente, brincando.

- Ah, quer falar com a senhora Destino? Bem, agora ela está muito ocupada, me ligou há pouco, mas disse que seu assistente estará disponível.—Digitou alguma coisa enquanto eu a olhava confuso.—Pode subir, andar 22.—sorriu.

Ainda atordoado, segui para o elevador dourado que me levou até o andar 22.

- Pois não?—Um rapaz apareceu em minha vista quando as portas do elevador. Sua camisa social estava fechada até o último botão, a jeans clara e os vans brancos o deixava com uma aparência inocente.

- A-ah, eu queria falar com... com o Destino?—Disse hesitante. O rapaz sorriu e sentou-se a mesa, apontando para a cadeira onde me sentei.

- Eu sou Jeon JungKook, assistente da senhora Destino. Como hoje ela está muito ocupada, assim como o resto da semana, eu vou te ajudar com o que estiver precisando, senhor...

- TaeHyung.—Tentei lembrar meu sobrenome, mas nada me veio a mente, mas ele pareceu satisfeita apenas com o meu nome.

- Senhor TaeHyung.—Completou sua frase e entrelaçou os próprios dedos, sorrindo gentil.

- Bem, primeiro, onde eu estou?

- Hum?—Ele franziu o cenho.—Achei que soubesse, mas vejo que é novo aqui. Aqui é o Purgatório, um lugar entre as linhas do tempo onde ficam as pessoas que não poderão ou nunca serão julgadas, sendo 40% destes, almas que ainda possuem pendências na Terra.—Explicou calmamente e eu comecei a rir. Ah, eu devo estar sonhando muito alto, ou com a imaginação muito fértil. Ele me encarou sério, piscando confuso. Mas resolvi entrar na brincadeira, portanto me mantive sério e pensei, não tinha em mente qual seria a minha pendência, já que deveria ter ido para o Inferno por ser bissexual.—Lembra-se de algum incidente de quando estava vivo?

- Não, eu não fiz nada, eu acho.—Desviei meus olhos dos seus.—Ah, céus!—Fingi desespero. Não queria passar muito mais tempo nesse lugar estranho, então, se eu fingir estar com muito medo de não voltar para casa, essa brincadeira vai ter fim.

- Mantenha a calma e tudo ficará bem.—JungKook me encarou compreensivo e risonho. Eu sabia que era uma pegadinha!

- O que acontece se eu não pagar essa pendência?—O encarei e ele riu.

- Nada de mais, apenas vai ter que ficar por aqui. Há lugares em que se pode alugar, mas vai ter que arranjar um trabalho. Aqui, apesar de ser "divino", não chove dinheiro. Mas não pense muito nisso, por agora, temos que descobrir qual a sua pendência para poder pagá-la.

- Mas eu não tenho ideia do que eu posso ter feito.—Cocei a ponte do nariz, já aborrecido com essa brincadeirinha. Ele não ia rir? Não iam me contar sobre as câmeras escondidas?

- Bem, tem a possibilidade de voltar alguns minutos antes da sua morte, talvez ali você descubra o que foi.—ele levantou-se de sua cadeira e me chamou com a mão.—Venha, vamos perguntar a ela.—Bateu na porta e o objeto abriu sozinho. Calma, a porta abriu sozinha? Ok, essa pegadinha está indo longe demais.

- O que quer, JungKook?—A morena disse ainda escrevendo com uma caneta tinteiro dourada num livro gigantesco encostado na parede, cheia de prateleiras com mais livros parecidos, porém pequenos. Encarei incrédulo o enorme livro sem pauta.

- Senhora. Desculpe incomodar, mas há muito tempo que não aparece alguém com esse caso. Não há julgamento em nome dele e ele não sabe qual a sua pendência.—Vi a mulher suspirar e prender o cabelo com a caneta tinteiro, descendo da escada logo em seguida. Os olhos castanhos me encararam de cima a baixo e os lábios rosados se ergueram num sorrisinho.

- Tem certeza?

- Tenho, chequei duas vezes. O nome dele não é tão comum.

- Meu bem, você sente seu coração batendo?—Pendeu a cabeça para o lado ainda com aquele sorrisinho.

- Se eu sinto meu- É claro que meu coração está batendo!—Exclamei já irritado com tudo isso. Ok, definitivamente eu não estou no meu mundo e aparentemente tenho uma pendência para arrumar, ou fico aqui para sempre. Oh, céus, onde eu vim me meter?—Estou de pé, não vê?—Ela riu divertida.

- Olha só, ele é nervosinho.—Gargalhou.—Querido, isso não quer dizer nada, ao menos não aqui.—Ela estalou os dedos e um estetoscópio apareceu em sua mão. É eu não estou sonhando, eu senti quando ela se aproximou de mim. Por reflexo, me afastei.—Vamos, se aproxime. Não tenha medo, eu não vou te morder.—Ela me puxou e ouviu meu coração batendo acelerado.—Olha só, Gukkie. Temos alguém na mesma condição que a sua.

JungKook arregalou os olhos escuros, dando um passo para trás. Ficou pensativo. Tudo bem, o que está acontecendo?

- Como assim?

- Você está em coma, senhor.


Nas Linhas D(a) DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora