Capítulo 3 - Nas Linhas Da Morte Pt.2

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 TaeHyung se viu em um quarto branco. Haviam algumas flores na mesinha de cabeceira, girassóis. Encarou o corpo deitado em uma cama. Seu rosto estava machucado na lateral e a cabeça enfaixada. O braço quebrado apoiado num travesseiro azul bebe.

Suspirou e levou um leve susto ao ver a porta se abrindo e sua mãe passou por ela. O semblante cansado, as olheiras e os olhos avermelhados, Ah, por que ela chorou? Vai voltar a seu corpo, não?

- Filho, eu sei que você me ouve. Por favor, acorde, sim?—A voz da mulher embargou.—O médico me disse que você pode não acordar, por conta da pancada. Mas eu sei que você vai acordar, por isso eu não vou desistir de você, nunca vou desligar essas coisas que te mantém vivo.—Ela enxugou suas lágrimas e fungou. A porta se abriu novamente e YoonHee passou por ela, os olhos apáticos e sérios, a expressão fechada.

- Olá, Liliane.—A voz seca e gélida não combinava com o semblante que o rapaz se lembrava da moça.—Posso falar com ele, só um pouco. A sós.—Pediu, vendo a mulher beijar a testa do filho, e se retirar.—Oh,TaeHy.—Ela analisou todo o seu rosto, os machucados roxos na derme dourada, os pontos acima do olho direito, que com certeza deixaria uma cicatriz na pele.

-YoonHee?—Chamou, sua voz ficando ecoada no quarto. A loira travou, e se virou lentamente com os olhos enfeitados com lentes de contato verdes, arregalados. A boca rosada se abriu em surpresa ao ver o rapaz de pé, vestido de branco, um branco mais amarelado e envelhecido. Uma aura azulada ao seu redor.

-T-TaeHyung?—Ela se levantou e se afastou um pouco.

- Eu preciso te pedir...—Sua voz travou um pouco. Os olhos dela estavam marejados e as lentes começavam a pinicar.—Te pedir desculpas...

- Pelo que?—Ela não tinha medo. Era acostumada a ver essas coisas, só nunca achou que veria seu namorado naquela situação.

- Eu disse que te odiava. E não é verdade, você sabe.—Ele ficou envergonhado.

- Está tudo bem, não tem problema, eu sei que não me odeia.—Ela sorriu compreensiva.

- Mas, eu preciso que me perdoe de coração.—Engoliu em seco e apertou os dedos.

- Eu nunca o culpei.—Ele começou a sumir como fumaça cinza e ela não o viu mais.



- Hum, se essa não for a pendência dele? Qual o efeito colateral?—Morte olhou para o moreno, sorriu pequeno e acariciou as penas do grande corvo.

- Nada de muito ruim, ele vai flutuar no nada por algumas horas, mas vai depender da situação do corpo dele.—Pegou papeis de carta e uma caneta preta.—Não se preocupe, em breve ele estará aqui, ou em seu corpo, onde deveria estar se não for sua hora.

- Ah, sim, tem razão.—Mordeu a tampa da caneta em nervoso.

- Acha que ele tem algo haver com a sua condição?—Ela assinou seu nome na carta. A letra cursiva do século XV bem desenhada no papel grosso deixava o rapaz encantado.—Entregue a minha irmã.—Ele assentiu.

- Não sei se tem algo haver comigo. É só que é estranho que tenha outra pessoa nessa mesma condição aqui. Pensei que fosse o único, e que os superiores não fossem errar novamente.—Suspirou.—Acho que só quero descobrir o que aconteceu comigo.

- Quem sabe os superiores não erraram.—Morte jogou e JungKook franziu as sobrancelhas.

- Como assim?—Morte abriu a boca para responder quando o corpo do loiro apareceu deitado na chão, perto da mesa. A mulher levantou-se e checou seus sinais vitais, já que ele tinha a mesma condição que a morena ao seu lado.

- Ele está respirando, os sinais vitais normais.—Informou e o secretário suspirou aliviado.

- Mas, ele voltou? Ela não o perdoou?—Ele franziu o cenho em confusão.

- Das duas uma, ou ela não o perdoou de coração, ou essa não é a pendência dele.—Levantou e sentou-se em sua mesa novamente.

- Mas, se essa não é a pendência, qual é?—Arrumou os cabelos bagunçados do loiro.

- Quem sabe?—Sorriu. O maior começou a se remexer.

- Ai, onde eu estou?—Abriu os olhos, se acostumando com a leve claridade das velas mais luminosas que o normal.—Mãe? YoonHee?

JungKook suspirou, sabia exatamente o que ele iria sentir.

- Não, TaeHyung, sou eu, JungKook.—O loiro o olhou triste, mas não afastou a mão que lhe fez carinho nos cabelos.—Sinto muito, não deu certo. Aquela não era a sua pendência.

O rapaz suspirou e se aconchegou a mão de dedos gordinhos do moreno.



- Está com fome? Conheço um ótimo lugar pra comer!—Exclamou tentando animar o loiro. Ele o olhou e sorriu concordando.—Vamos, é por ali.—O puxou pela mão. Passaram a caminhar calmamente pelas ruas escuras, que parecia ter uma aurora sem fim.

Sentiram um ar pesado e os sorrisos e brincadeiras para animá-los, sumiram.

- O que é isso?—TaeHyung apertou a mão do moreno, que passou a andar um pouco mais rápido.—JungKook, o que é esse ar pesado?

- É o Karma, tente não olhar.—Murmurou. De repente parou, levantou a cabeça e olhou para o homem que estava encostado num banco de uma praça abandonada, lendo um livro de capa preta, sem desenho algum. Os olhos não eram visíveis, mas ele tinha uma aura assustadoramente pesada por si só. Alto, cabelos negros e lisos, ombros largos, imponente no mínimo.—Ou melhor, vá falar com ele!—Exclamou baixinho.

- O que?—Ele o encarou com os olhos arregalados.

- O que é? Você tem que aprender a se comunicar, você tem que saber tudo o que pode ter acontecido pra vir parar aqui!—O rapaz respondeu ao receber o olhar revoltado do loiro.

- Você quer que eu fale com o Karma?! Com o Karma!—Apontou para o homem sentado no banco enquanto lia aquele livro estranho.—Ficou louco?

Ele bufou impaciente, e o empurrou para perto do Ser, que levantou o olhar, o encarando com um olhar indecifrável. TaeHyung engoliu em seco.

- Ah, olá.—Ele permaneceu encarando-o.

- O que você quer reclamar?—O tom entediado se fez presente no lugar, rouco, cansado e arrastado.

- Reclamar? Não, não quero reclamar, não.—Abanou as mãos em hesitação.

- Vocês de branco só vem aqui para reclamar.—Voltou os olhos para a leitura.—Só fale, e vá embora.

- Ah, bem, é que eu sou novo aqui e eu queria perguntar o motivo de eu estar aqui, sabe, no Purgatório e enfim.—O Karma viu quando ele apertou as mãos em nervosismo.

Ele riu nasalmente e levantou-se, marcando a página do livro com o dedo indicador, o qual possuía um anel com um grande diamante negro.

-Eu sou justo, você pediu por isso. Não venha reclamar agora.—Cruzou os braços e encarou o homem de estatura média.—Aqui as coisas não são dadas de mão beijada, tem que fazer por merecer. Se quiser saber o que te trás aqui, vá atrás, mas não é comigo que está.—Explicou, pendeu a cabeça para o lado e sorriu pequeno, quase o perfurando com os olhos.—Pode sair, você e seu namorado de branco estão me dando dor de cabeça.—TaeHyung viu-o sorrir mais uma vez antes de ser arrastado por JungKook para longe dele.

O Karma viu o corvo da Morte sobrevoando a praça e sorriu revirando os olhos. Pegou o celular e selecionou a letra D na lista telefônica.


Notas:

Oi! Bem, se você chegou até aqui, quero pedir que desconsidere se houver erros, uma troca entre feminino e masculino, ok? Se houver algo sem nexo, por favor, me avise. 

Vota e favorita pra mim, sim? Beijo!

Nas Linhas D(a) DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora