Queria reconhecer essas linhas desenhadas na tua testa,
nas tuas mãos.
Severas outrora,
Suaves agora.
E que insistem em tremer de medo,
insegurança,
ou de uma fragilidade mansa
da brandura que te resta.
Já não te conheço sequer a idade.
O tempo roubou-te o tempo.
Ou foste tu quem mandou o tempo embora?
Já não contas os minutos, nem os dias, nem as horas...
Para ti, o futuro é o agora.
O passado escasseia-te na gaveta da memória,
como meias desemparelhadas,
perdidas, a ganhar pó.
O futuro é miragem, relógio estragado,
que de tão desconcertado,
descansa só.
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Aleamentos pensatórios
PoesíaPoemas e reflexões oriundas de quem dorme menos do que devia.