Carência

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O sol iluminava meu cabelo avermelhado
Enquanto eu esperava a mamãe, na escola
Com olhar curioso, olhava para todo lado,
Vi então alguém pedindo esmola
Um homem velho, meio desleixado.

Também notei filhos contentes
Segurando a mão dos pais
Era bonito de se ver
Famílias tão sorridentes.

Eu queria correr, brincar
Igual as outras crianças
Mas eu não conseguia enturmar
Não sentia confiança
Eu tinha acabado de chegar
E não gostava de mudanças
Não tinha amigos nessa nova escola.

Acho que é algo de errado em mim
A cor estranha do meu cabelo
A minha magreza e a altura
Me fazem ser assim
Sem graça e sem postura

Olhei de novo para o mendigo
No início, eu o ignorei.
Mas todos foram embora
Sozinha eu fiquei
Entristeci ao perceber
Que a mamãe estava atrasada,
mais uma vez

Aquele homem pedia dinheiro
Pois precisava daquilo
Percebi que em certo sentido
Estávamos parcialmente parecidos
Ambos sozinhos e necessitados
Ele queria uma esmola
Talvez para uma refeição
Já eu almejava proeminência
E mendigava por atenção
Quem sabe um sorriso,
Uma companhia
Um amigo
Me tirassem da solidão

Resultados do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora