Capítulo-66

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[Camila Narrando]

Ouço alguns gritos e tento levantar do chão, olho para os lado e vejo a janela novamente. Eu estava novamente no quarto, me sinto fraca. Olho para meus pulsos que apresentava sangue seco, olho para janela e vejo que já estava de noite.

De repente a porta é aberta e jogam Austin.

-Sua vez de comer, vadia.-Isabella joga um pão em minha direção e fecha a porta.-Bom apetite, cadela

Ela sai e pude ouvir cada passo de seu salto sobre o solo. Olho para Austin, ele estava com um olho roxo e o canto da boca cortado. Corro em sua direção, coloco sua cabeça em minha perna.

-Austin! Fala comigo!.- viro a cabeça dele

-Camila, tá doendo.-ele derrama algumas lágrimas.-Me tira daqui, por favor.-ele chora mais

Não sabia o que dizer, me sentia fraca. Pego o pão e reparto, ponho um pequeno pedaço em sua boca, ele se apoia para comer.

-Come, Austin. Você deve estar fraco e debilitado.-ele morde o pão e me olha.-Eu vou te tirar daqui, eu prometo!

O abraço e a porta se abre.

-Vamos brincar um pouco, minha adorável Nerd.-Phelipe aparece e me puxa para a saída

-Não machuca ela, Phelipe.-Austin grita e recebe um chute em seu braço como resposta de Phelipe.

Ele me põe novamente na cadeira e sinto minhas mãos serem amarradas.

-Para que você não tente nenhuma besteira.-Isa fala em meu ouvido após amarrar meus braços

-Isabella, nos deixe a sós um instante.-diz e a mesma se retira.

Podia sentir calafrios tomarem conta do meu corpo, minha visão estava turva, meu corpo estava suado. Meus pulsos doíam, todo meu corpo estava cansado. Estava com sede e fome, fazia dias que eu não comia.

-Phelipe, eu estou com sede.-falo olhando para baixo

Os pingos de suor começavam a acumular em minha testa e caírem gradativamente.

-Vou pegar um pouco de água.- Ele vai em direção a um balde de cor azul que estava em cima de um balcão no canto da parede

Logo em seguida vem em minha direção com o balde em suas mãos, antes que eu pudesse ter qualquer reação ele joga água em mim.

-Espero que tenha matado a sede.-ele ri

Expiro afim de tirar a água que havia entrado por meu nariz.

-Por que você está fazendo isso com Austin ?.-pergunto lhe olhando

-Ele merece. Já você, bem..você me tirou meus pais, você tirou tudo que eu tinha. Agora eu juro que vou tirar tudo de você.-ele sorrir e me dá um tapa no rosto

A ardência se expande por minha bochecha, sinto meus olhos lacrimejar.

-Sabe Camila, Quando eu lhe conheci te achei incrível, cogitei até na possibilidade em não te fazer mal algum.-fala

-Mas você não só fez como continua fazendo.-digo sem lhe olhar

-Como eu disse cogitei. Quando começamos a namorar, me senti feliz. De verdade, gostava de falar com você.

-Você só me usava e manipulava.-rebato

-Pode ser, mas o que seria do amor sem suas manipulações ?.-ele sorri.-mas então descobri que você era filha dos assassinos dos meus pais.-o interrompo

-Meus pais não podiam adivinhar o que iria acontecer, Phelipe! Não seja imbecil.-ele me dá outro tapa

Solto um grunhido de dor, enquanto o mesmo sorri de orelha à orelha.  Como sentisse prazer na dor das pessoas.

-Minha vez.-falo levantando a cabeça.-Quando eu te vi pela primeira vez pude traçar todo futuro ao seu lado, te observava dia após dia. Enquanto você malhava, jogava basquete, quando você dava em cima de outra garotas. Nada disso importava, você era meu primeiro pensamento quando acordava e o último quando iria dormir. Você era aquela pessoa em que eu sonhava em ter, te imaginava perfeito. Quando me pediste em namoro, achei que tivesse sendo enganada, e por mais que tenham durado poucos dias, eu estava feliz ao seu lado. Era como se eu tivesse conquistado toda minha meta, mas ser feliz não é ser amada. Eu poderia estar feliz, mas não sentia amor por você. O que eu sentia era paixão, e paixão se esfria. E com você não foi diferente! Logo percebi o erro que estava cometendo só namorar você, logo notei suas manipulações.- ele vira de costa e olha para o teto

-Você sente amor por Guilherme ?.- pergunta ainda com a cabeça direcionanda ao teto

-Como Guilherme foi diferente, eu não precisei me diminuir para caber no mundo dele, não precisei mudar radicalmente para ele enxergar minha beleza. Ele pouco se importava com meu exterior, lembro da primeira vez que ele me olhou, pude jurar que naquele momento eu havia esbarrado com um acaso do destino. O acaso mais belo que eu poderia imaginar, quando comecei a namorar ele as dificuldades não sumiram, os obstáculos não deixaram de existir. Mas ao contrário do que eu sentia por você, com ele eu sentia amor, algo que crescia de forma exponencial, que eu não poderia conter. Ele é a minha pessoa! Meu grande amor.

Phelipe fica em silêncio por alguns segundos e ele finalmente se vira com o punho fechado. Já estava preparada para o que iria acontecer

-Resposta errada.-ele atinge meu nariz me fazendo apagar imediatamente

[...]

(Sexta-feira)

-Phelipe, para! Por favor!! Eu não tô aguentando mais.

Ouço Austin gritando e só então noto que eu estava no mesmo lugar que ontem, mas estava deitada no chão algemada, olho para os meus pulsos que estavam inflamados. Vejo Austin sentado no chão, ele estava repleto de hematomas e Phelipe com um bisturi se aproximando dele.

-Phelipe, por favor não faz isso.- ouço soluços de Austin.

Olho para os lado e vejo que Isabella tomava banho no lado esquerdo das escadas.

Empurro meu corpo com toda força que havia me restado,vou correndo o mais rápido que posso até Phelipe, retiro o canivete da minha cintura, acerto Phelipe nas costas, que consequentemente cai de joelhos gritando.

-CORRE AUSTIN! AGORA!!.-grito e ele se levanta correndo em direção às escadas.-AUSTIN! CORRA O MÁXIMO QUE CONSEGUIR, NÃO SE PREOCUPE COMIGO E NAO OLHE PARA TRÁS!.-grito já perdendo ele de vista após o mesmo subir as escadas

Corro atrás dele afim de fugir junto mas Phelipe segura meu pé, dou um chute em seu rosto e sigo em direção a escada. Quando finalmente piso no primeiro degrau, sinto uma mão me puxar e acertar meu rosto.

Sinto meu corpo pesar, meus olhos ficarem tensos, meu coração disparar e antes que eu apagasse de vez dou um sorriso.

Vai ficar tudo bem, Austin!
Então tudo escureceu-se

A Linda NerdOnde histórias criam vida. Descubra agora