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Dois dias depois.

"Senhor Jane, isso só funciona se você compartilhar comigo."- disse a doutora após alguns minutos de silêncio em que Jane batia os dedos na coxa contando os segundos para sair daquele consultório.

"Não é que eu não goste, bom na realidade eu não gosto mesmo disso, eu só preciso de uns remédios para dormir."

"Senhor Jane, porque você veio aqui?"- continuou a doutora calma.

"Na realidade porque minha esposa  insistiu, se fosse realmente por remédios para dormir sem receita exitem formas mais fáceis de conseguir do que em um consultório médico."- disse Jane sarcástico, a doutora o observou curiosa.

"Interessante, me diga sobre suas crises de ansiedade."

"Um dos mals do século, nada diferente do que qualquer outra pessoa sente."- disse Jane balançando as mãos.

"E sobre sua insônia?"- ela continuou.

"Consequência da ansiedade."- ele respondeu apenas.

"Patrick, a terapia é algo gradual, como muitos processos da mente humana, tudo bem se não quiser se abrir agora, se quiser ficar calado ou ser sarcástico como forma de defesa, mas para isso funcionar , para surtir efeito na sua vida, você terá que compartilhar, leve o tempo que precisar."- ela disse.

O silêncio surgiu na sala novamente.

"Eu particularmente não gosto muito de falar da minha vida, desde pequena sempre fui muito fechada, entendo que é difícil, mas você está aqui, você está me procurando, espero que nossas sessões não sejam um silêncio absoluto."- ela disse calma.

"Você me entrega algo sobre você primeiro, na esperança de que eu retribua com algo meu, conheço essa técnica."- disse Jane sorrindo.

"Claro você é do ramo, um mentalista."- ela disse sorrindo.

"Olha não vou fingir pra você, eu vou vir aqui e falar o mínimo possível, chegar em casa e falar para minha esposa que conversamos muito e o tanto que isso me fez bem, e como estou ansioso para nossa próxima conversa, depois e vou deitar e ter dificuldades para dormir como todos os dias há anos."

"Entendo...devo perguntar, como era o seu pai na infância Patrick?"

"Ah para com isso."- retrucou Jane.

"Sua mãe?"- ela continuou.

Jane respirou fundo e ficou em silêncio.

"Senhor Jane , compartilhe comigo, uma, uma memória de infância, boa ou ruim, e eu lhe darei os remédios."- ela disse e Jane a olhou com os olhos serrados.

"Barganha, boa jogada...bom, você me pegou nessa... quando eu tinha 11 anos  eu era rejeitado pelas outras crianças por ser diferente, morei um tempo com meus tios em baixo de uma escada ,meu primo era um pé no saco sabe, não me deixava em paz, e um dia eu ganhei uma bolsa em uma das melhores escolas, mas meus tios não quiseram me deixar ir, rasgaram a carta diante dos meus olhos, eles não gostavam dos meus pais, e descontavam todo o seu rancor em mim..."

"Senhor Jane, isso é Harry Potter."- ela disse com as sobrancelhas levantadas e Jane riu de forma descarada.

"Aah é, é verdade, eu costumava ler para minha filha antes de ela dormir, me desculpe."- ele disse rindo.

"Primeira vez que vejo você mencionar sua filha."- Jane engoliu em seco, e mudou de expressão para atordoado.

Ele continuou calado.

"Meus filhos também adoram Harry Potter, eles adoraram o final."- ela disse.

"Eu...não tive tempo de ler o final..."- ele disse com um sorriso forçado.

The Mentalist (Pós fim da série)Onde histórias criam vida. Descubra agora