Capítulo 21

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Somos conduzidos imediatamente para dentro do edifício da justiça. Isso me deixa ainda mais triste, pois não terá ninguém esperando para me dar um último adeus. Mas, para minha surpresa, não há despedidas, câmeras, multidões nos esperando, nada disso. Quando me dou conta, estamos dentro do trem, Haymitch e Effie aparecem em seguida, o trem fecha as portas, e as rodas começam a girar. Então, é isso, estamos indo para a capital.

Katniss permanece na janela, com uma tristeza tão grande. Até o direito de um adeus lhe foi tirado. Mas eu não vou deixar a capital tirar a sua vida, então de certa forma, ela não precisava dizer adeus a ninguém.

— Vamos escrever cartas, Katniss — sugiro tentando animá-la. — Será melhor, de qualquer forma. Dar a eles um pedaço de nós. Haymitch pode entregar a eles se... elas precisarem ser entregues.

Penso, que mesmo que eu escrevesse essas cartas, não teria ninguém para ser entregue. Talvez Delly.

Katniss apenas assente, e vai para o seu quarto.

Durante o resto do dia, penso em ir até ela várias vezes, mas será melhor deixa-la sozinha um pouco. Terei muito tempo para ficar ao seu lado. Tomo um longo banho, e vou atrás de Haymitch. Eu o encontro num estado deplorável em seu quarto. A falta de bebida está acabando com ele. Cogito a hipótese de dar um pouco de vinho a ele, mas seria um esforço perdido se eu fizesse isso. Ele vai sair dessa, penso.

- Mudou de ideia? – ele diz com ironia.

- Ah, claro – respondo – vim pedir para você ir no meu lugar.

- Tarde demais, eu acho.

Sorrio.

- Você acha que temos alguma chance? Digo, você acha que Katniss consegue vencer?

- Bom... Temos que ver quem foi sorteado. E dependendo, acho que sim. Mas, Peeta, eles são todos vencedores fortes e experientes. Mais do que nunca, a sorte tem que estar a nosso favor.

- Mas, a sorte nunca esteve a nosso favor.

- Vocês venceram juntos uma vez, acho que isso foi sorte.

- Nas dadas circunstâncias, isso foi azar. Olha onde estamos agora – digo isso, dando a conversa por encerrada.

Quando chego a sala, o jantar está sendo servido. Me sento a mesa, e logo Katniss aparece com Effie. Haymitch também se junta a nós, mas mal toca em sua comida. Temos um jantar tenso, silencioso. Eu tento a todo custo fazer com que Katniss fale um pouco, mas desisto, e começo a conversar com Effie que parece querer muito, um pouco de atenção.

— Eu adoro seu novo cabelo, Effie — comento olhando para sua peruca dourada.

— Obrigada. Eu o fiz especialmente para combinar com o broche de Katniss. Estava pensando que poderíamos conseguir para você uma tornozeleira dourada e talvez um bracelete de ouro para Haymitch, ou qualquer coisa para que pudéssemos parecer um time — Effie explica.

Nesse instante, uma ideia explode dentro de mim. Algo, que possa fazer Katniss se lembrar dos motivos que ela tem para continuar viva. Tenho que procurar Effie para falar sobre isso depois.

— Acho que é uma ótima ideia — respondo entusiasmado. — O que acha, Haymitch?

— Sim, qualquer coisa — Haymitch responde.

Meu pobre mentor vai falhar na sua missão, se continuar assim. Effie escondeu todas as bebidas do trem, e está muito ruim ver Haymitch nesse estado. Talvez se ele voltasse a beber, ficaria melhor para me ajudar. Talvez não. Eu nem sei o que é melhor para mim, como posso decidir isso por Haymitch? Depois falarei com Effie, para voltar as bebidas para seus lugares. Se ele quiser beber ou não, será problema dele. O que eu preciso é de alguém que me ajude, e desse jeito, ele não fará nada, a não ser morrer de abstinência.

Em chamas - Peeta MellarkOnde histórias criam vida. Descubra agora