Perdidos no Espaço

LEMBRANÇA II

07. 09. 2020

POV: Willian. T. Robinson

"Eu estudei. Não tem porque estar nervoso" Respiro fundo e olho para o relógio ao lado do livro aberto que passei a noite inteira lendo. Uma batida na porta e a voz doce da mamãe.

- Will? Ela abre a porta, me olha com ternura e senta-se ao meu lado, na mesma cadeira em que sempre fica quando me ajuda com os trabalhos da escola.

- Ah Will, você não pregou os olhos essa noite não é? Recebo um abraço quentinho.

- Eu tentei. Mas minha cabeça não parava de pensar.

- Não tem porque se preocupar Will, você estudou. E lembra: Você é o único da família que nunca reprovou numa prova. A Penny é a campeã nisso – Ela sussurra a ultima parte e nem me esforço pra segurar o riso – Agora vem, me ajuda acordar a sua irmã e o papai enquanto eu faço os sanduíches. Mamãe bagunça meu cabelo e se dirige a cozinha.

- Mãe. Interrompo - a antes que saia. E se eu não passar?

- Nenhum Robinson fica para traz. Ela sorri e sai.

"É incrível como a mamãe sempre consegue mudar tudo. Vai dar tudo certo".

Tudo se passou tão rápido. Acordei a Penny e depois o papai. Mamãe me deu um trabalho difícil. Judy como sempre já havia feito sua maratona matinal, tomado banho e ajudava a mamãe a montar os sanduíches de atum.

Uma hora depois já estávamos nós 4 recebendo um discurso motivacional da mamãe 1 minuto antes de entrar para a prova escrita. Cada um de nos fomos separados por idade e levados as respectivas salas. Foi mais fácil do que imaginei. Terminei tudo meia hora antes do prazo de 5 horas. Ao sair o instrutor nos informou que teríamos 3 horas de descanso para que pudéssemos comer e fazer a digestão antes da prova física.

Nos encontramos no refeitório. Meus pais e Judy já estavam lá ajeitando os pratos. Penny chegou não muito depois e estava vermelha da cor de seu cabelo. Não acreditei que fosse possível alguém ficar mais nervoso que eu, mas ela conseguiu. Comemos os sanduíches e conversamos sobre a prova no tempo que sobrou. Em seguida fomos cada um com seu grupo para as pistas de corrida. Queria que mamãe fosse me ver, mas não era permitido. Não fui nada mal, de todas as crianças da minha idade que estavam lá fiquei 14 lugar. Mais uma hora de descanso nos foi dada e dessa vez Penny chegou ainda mais vermelha que antes.

Papai contou que chegou em 5 lugar, o que é muito bom, sendo que ele tem uma cicatriz gigante na perna. Judy como esperado da vencedora estadual de corrida a longa distancia ficou em 1 lugar. Minha irmã, que estava mais para um tomate, por sua vez não quis contar.

Não mais que meia hora depois estávamos em salas sozinhos. Nada de grupo. Só eu em uma sala pequena, uma cadeira onde estava sentado e uma mesinha, com blocos de diferentes formatos a nossa frente. O ultimo teste: Autocontrole.

Tínhamos que montar 3 prismas de acordo com as instruções, usando as peças, dentro de meia hora. Era lógica e autocontrole e ... Não consegui. Fiquei lembrando que nunca passei nas competições escolares de lógica. Minha respiração aumentou, não conseguia parar de tremer e a contagem regressiva não ajudava."Eu não entendo. Eu estudei tudo. Não é justo que porque eu fracassei em uma prova, minha família desista de tudo pra ficar aqui comigo".

Sai da sala e todos estavam me esperando no salão grande em que estávamos no inicio. Dessa vez a única que estava realmente feliz era a Penny e quando esta me perguntou como fui, não consegui segurar o choro. Os quatro me abraçaram. Foi quentinho mas não reconfortante.

- Tudo bem se você não foi tão bem nessa Will. Judy se abaixa pra olhar nos meus olhos enquanto limpo as lágrimas rápido.

- É Will, Você foi muito bem nas outras duas, é impossível você ser reprovado.Penny tenta me encorajar mas não diz o que eu queria ouvir. E pelo visto ela não tinha lido a seção de informações nos manuais que nos foram dados. Deveria- se ao menos completar todas as provas, caso contrario... Reprovação.

- Will. Mamãe chama minha atenção e me lança um olhar determinado.

- Nenhum Robinson fica para traz.