Eu me encontro na beira do precipício da minha consciência, estou tão perdida que nem consigo diferenciar meus sentimentos das minhas emoções. Mas eu sei ou acho que sei, que essa preocupação é em vão, pois minha vida é muito comum, nunca acontece nada interessante. Sei que não é certo, mas ás vezes eu acabo desejando que algo ruim aconteça só para tornar minha vida um pouco interessante...
Meus pensamentos foram interrompidos pelo som de batidas na porta. Me levantei da cama um tanto assustada porque tinha esquecido que minhas amigas viriam fazer uma visita. Sai correndo do quarto e desci apressadamente as escadas, pois não tinha ninguém para abrir à porta. Meus pais estão no quarto se arrumando para irem ao cinema e a inútil da minha prima está no banho. Ela mora comigo e com meus pais desde que a mãe dela que é minha tia por parte de mãe, morreu quando ela nasceu. Ela é a irmã que eu não tive, pois sou filha única.
Quando abri a porta fui surpreendida por um abraço super apertado e familiar, mesmo antes de conseguir ver o seu rosto já imaginava o sorriso de orelha á orelha de Paolla.
- Oi Clara ! Quanto tempo que não a vejo - ela disse assim que nos afastamos.
- Não faz nem duas semanas que estamos de férias - eu disse á ela sorrindo. Paolla sempre foi um tanto dramática e carente, mas muito sincera. Com o tempo você acaba se acostumando com esse jeito dela.
- É Paolla, deixa de drama - disse minha vizinha e amiga de escola Laura, enquanto empurrava Paolla para entrar na minha casa e fechar a porta - por falar em drama. Cadê a Bel, Clarinha? - ela perguntou enquanto me cumprimentava com um leve abraço e colocava em cima do sofá algo que não deu pra ver o que era.
- Estou aqui - Foi a Bel mesma que respondeu, enquanto descia ás escadas nos pegando de surpresa. Ela penteava os longos cabelos loiros e molhados. - Estava no banho.
- Percebemos - Laura disse, enquanto a abraçava no pé da escada.
- Ainda bem que você não demorou Bel, porque elas já estavam me martilizando - disse Paolla em tom dramático e melancólico, enquanto também abraçava Bel.
Todas nos rimos de Paolla, que tentou inutilmente fazer um biquinho.
- E aí, qual vai ser? - perguntei á elas, enquanto nos sentávamos no sofá.
Antes de alguma delas responder, meu pai desceu as escadas com minha mãe logo atrás. Eles iriam ao cinema para nos deixar a sós e curtir nossa ultima noite juntas, antes da viajem que eles, Bel e eu faremos para São Paulo.
- Tchau meninas, nos já vamos - disse meu pai já saindo pela porta.
- Comportem-se - foi só o que minha mãe disse antes de sair e trancar a porta.
- Já pensei em tudo: vamos pedir uma pizza e brincar do jogo do copo. Simples assim... preparei tudo hoje de manhã - Laura disse tudo isso, enquanto ia para cozinha pegar o telefone para pedir a pizza.
- Jogo do copo? Sério? Sabem que tenho medo dessas coisas que mexem com demônios ou coisas parecidas - sussurrou Paolla com um medo ridículo que me irritou, enquanto se sentava no sofá. Nunca tive medo dessas coisas sobrenaturais, até porque eu não acredito, sou aquele tipo de pessoa que só acredita quando vê.
- Larga de besteira Paolla. Eu topo! - disse minha prima já bem animada.
- Pra mim tanto faz, não acredito nisso mesmo - eu disse enquanto pegava meu celular para verificar mensagens e me jogava no sofá ao lado de Paolla. Esse papo sobrenatural já tava me cansando e eu tava ficando com sono. Tudo me dava sono pra falar a verdade, menos livros, músicas e filmes.
- Já pedi a pizza! - Laura falou voltando da cozinha e interrompendo meus pensamentos, vendo nossas caras ela perguntou: - O que foi?
- Vejamos... - Bel começou - Paolla está quase fazendo xixi de tanto medo e a Clara não acredita em nada disso e ta ficando entediada. Só eu que estou animada pra jogar.
- Vamos gente!? É nossa ultima noite juntas esse ano, vamos nos ver agora só depois do ano-novo... - Laura já estava começando um discurso, ela é famosa por isso.
- Tudo bem, tudo bem. Eu jogo - eu disse já me rendendo. Tudo menos ouvir um discurso de vinte minutos dela.
Bel e Laura bateram nas mãos uma das outras em comemoração, depois tiraram a mesa de centro do tapete e fizeram um circulo em torno da cartolina que Laura trouxe e nesse exato momento eu reparei que ela tinha trago um copo de vidro quando voltou da cozinha. Eu me juntei a elas e puxei Paolla pro chão comigo, assim que me sentei reparei no que estava escrito na cartolina: de um lado tinha todas as letras do alfabeto, do outro lado tinha os números de zero á nove, e dos lados opostos das letras e dos números tinham as palavras sim e não
- É bem simples... nos só temos que fazer um juramento que eu até já decorei, colocar o dedo indicador direito sobre o copo que vai ficar no meio da cartolina e depois vamos nos revezar para fazer perguntas ao demônio e esperar que o copo se mexa para indicar suas respostas - explicou Laura bem certa do que dizia.Todas nos concordamos e logo em seguida o jogo começou.
Assim como Laura disse, colocamos o dedo indicador direito sobre o copo e fizemos o juramento que, consistia em: jurar que só poderíamos tirar o dedo do copo se o demônio autorizasse nossa saída.
Era bem simples o jogo e estava tudo correndo bem, até Bel que foi a primeira a dizer algo, perguntou se tinha algum demônio na casa e todas as luzes se apagaram misteriosamente em resposta e as três desmaiaram ao mesmo tempo me deixando sozinha na casa escura e com um suposto demônio.
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Segredo Revelado
ParanormalUma garota que anseia por aventura, de repente começa a ser assombrada por um demônio, graças a uma brincadeira com as amigas. Ela só não sabe que esse demônio mudará sua vida para sempre. Depois de uma mudança repentina de estado, escola e casa, o...