Começou antes de mim.
Antes de nós.
Antes dessa crônica existir ou sequer pré existir.
Um se sentimento vasto, que hoje, aqui se esgota.
No primeiro instante, não havia notado de que se tratava de alguém alheio, cujo a permanência da sua presença, era incômoda. E sim, de alguém que vai além das minhas crônicas, além de mim, ele não era um personagem fictício, embora eventualmente eu tenha questionado a sua existência. Te conhecer fazia parecer que a vida começava ali, costumávamos ficar horas contando anedotas, coisas que confesso serem por minha causa, pois aliás, eu sempre amei refletir, e você sabe disso. Tolice minha querer sempre pensar sobre tudo - admito - (talvez esse tenha sido o começo da perdição na qual a gente se consolidou).
Lembro-me de todas as vezes que olhei pra você pensando:
—"seria a última vez?"
sendo que todas elas foram as primeiras.
Justo para mim, que tinha olhos vagos para todos e enxergava você.
Mas o tempo corre, isso é verdade.
E quanto mais o tempo passa, mais distante você se torna,
veloz o tempo corre,
corre depressa,
e indago se você corre mais depressa do que ele, porque afinal, você não tem o que perder, mas eu sim. Sei que, você não é ideal, sempre foi um homem desvalido e carente - confesso que compreendo - as coisas não são fáceis. Mas carrego feridas, pois sua falta me trouxe incógnitas, cujo até hoje tento compreender a razão de ter ido embora,
mas não o culpo, culpo o tempo de ter me apresentado você em um mau momento
sempre te disse isso, e hoje vejo que era verdade.
Talvez, seja uma maneira menos crua de enxergar a vida, culpar o tempo, pois, ele é a ordem de todas as coisas que se ocasionam, da mesma forma que tudo começou no mesmo lugar onde tudo terminou, aqui. Cecília Meireles tinha razão, o instante existe... e das obras que mais admiro, como tantas outras, não há graduação que me ensine o que eu aprendi com você.
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o texto da dor
Historia Cortadesde que se foi, pessoalmete, nunca consegui lhe dizer isso, queria que soubesse.