capitulo 8

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Coragem, Sofia. Você já enfrentou coisas piores! Eu disse a mim mesma, parada em frente à casinha, me lembrando do banheiro químico que usei no último show de rock e, em vão, tentei me convencer de que a casinha não era tão ruim assim. Ela era um centro cirúrgico esterilizado comparada aos banheiros químicos. E eu não podia esperar mais, já estava no limite.
Juntei coragem e fechei a porta, amaldiçoando aquela vendedora macumbeira por não me mandar para algum lugar que pelo menos tivesse banheiros decentes. Porque ela tinha que ser uma bruxa, já que podia fazer uma garota ir para o século passado. Dois séculos passados, na verdade.
Quando eu conseguisse voltar pra casa, precisaria de muita vodca pra me esquecer daquilo, pensei. E, sem dúvida alguma, jamais comeria alface outra vez na vida!
Ainda era cedo, talvez umas sete da manhã, mas a casa toda já estava de pé. Fui para a cozinha procurar por Ian novamente ele tinha que comer, não tinha?
Eu precisaria da ajuda dele. Mais uma vez.
Encontrei Madalena com a barriga colada ao fogão de lenha, terminando de passar o café num coador de pano que se parecia muito com uma meia suja e encardida.
— Bom dia, senhorita. Gostaria de se juntar ao Senhor Clarke e à senhorita Elisa? Estou indo levar o café. — ela mexia com uma colher o líquido preto dentro da meia.
— Bom dia, Madalena. Eu estava mesmo procurando por ele, mas posso ajudá-la, se quiser. Quer que eu leve alguma coisa? — ofereci, querendo ser prestativa.
Ela pareceu ofendida com minha oferta.
— De forma alguma, senhorita. Isso não é trabalho para uma convidada do Senhor Clarke. Meu Deus! A senhorita nem deveria estar aqui na cozinha!
Realmente ofendida!
— Tá bem. Entendi. Ninguém mexe na cozinha da Madalena. — brinquei, tentando acalmá-la.
Ela corou e ficou meio abobalhada.
— Não, senhorita. Não é isso. Mas os trabalhos da cozinha são tarefas dos criados. E a senhorita não é uma criada. — ela piscava rapidamente, seu rosto escarlate.
— Ah! Tudo bem, Madalena. Eu só estava brincando. Não se preocupe. Eu não sei nem fritar um ovo! — eu sobrevivia graças aos congelados e meu micro-ondas. — Eu vou até a sala então.
Fui até uma grande bacia — parecida com um ofurô de madeira, só que um pouco menor
— e lavei minhas mãos. Passei a mão úmida no mesmo vestido que tinha usado no dia anterior pra alisar uns amassados, depois deslizei os dedos pelos cabelos e fui pra sala. Não que eu quisesse impressionar alguém, mas sabia que Teodora estaria pronta para me analisar. E ela não perderia a oportunidade de me irritar.
— Bom dia. — saudei assim que entrei na sala.
— Bom dia, senhorita Sofia. — disse Ian, se levantando e fazendo uma reverência. — Como está hoje?
— Bem, obrigada. — olhei em volta e não encontrei as duas garotas. — Onde está sua irmã? Pensei que todos estivessem acordados.
—Ela e a senhorita Teodora acabaram de sair. O Senhor e a Senhora Moura vieram buscá-las para a missa. — ele sorriu. — Hoje é domingo.
Ah! — até no meu tempo domingo era dia de ir à Igreja. Isso não mudou com o passar dos anos.
— E você, não vai à igreja? — perguntei, imaginando se ele era pagão ou coisa assim. Se bem que não conhecia muitos homens que fossem à igreja sem serem arrastados por suas mulheres, namoradas, mães, casos ou coisa do tipo.
— É claro que vou, mas como a senhorita ainda estava dormindo, pensei que seria melhor ficar em casa hoje, para o caso de precisar de alguma coisa. — ele me fitou e um sorriso meio irônico apareceu em seus lábios. — Creio que ajudar os necessitados será mais bem visto perante os olhos de Deus do que ficar sentado em um banco por quase toda a manhã.
— Oh! Valeu. — eu disse, enquanto arrastava a cadeira para me sentar. No entanto, antes que eu pudesse fazê-lo, Ian saiu rapidamente de seu assento para empurrar a minha cadeira.
— Obrigada. — falei meio sem jeito. Nunca ninguém tinha empurrado minha cadeira antes. Não de forma tão cortês e sem esperar pela gorjeta.
Madalena entrou na sala com uma grande bandeja nas mãos, a colocou sobre a mesa e saiu sem dizer nada. A bandeja estava abarrotada: café, ovos cozidos, um bolo e algumas frutas. Pareceu ótimo pra mim.
— Mas foi bom você ter ficado. — eu disse, começando a me servir. — Preciso mesma da sua ajuda. Outra vez.
Ian me observou
— Eu estava imaginando se... por acaso, você não encontrou mais alguém como eu? — peguei um pedaço do bolo. Estava muito bom!
Suas sobrancelhas arquearam.
— Alguém como a senhorita? — repetiu confuso. — Não. Como eu disse ontem, nunca em toda minha vida encontrei alguém como você.
— Talvez saiba de alguém que encontrou, então? Deve ter uma cidade aqui perto. Talvez alguém que tenha os mesmos.., modos que eu. — tentei ser mais clara.
Ele sacudiu a cabeça antes que eu terminasse.
— Há uma vila há alguns quilômetros daqui, mas não vi ou ouvi nada sobre alguém... diferente como a senhorita.
— Sofia! — corrigi. — Mas você esteve lá ultimamente? Pensei ter ouvido que você esteve fora nos últimos dias.
— Como já sabe, retornei apenas ontem. Não tive oportunidade de ir até a vila. — explicou delicadamente, então franziu cenho. — Mas por que pensa que alguém como a senhorita possa estar lá? Talvez eu tenha entendido mal, mas pensei que estivesse sozinha aqui. — seus olhos intensos observavam os meus.
— E estou! — me apressei em dizer, sentindo uma sensação estranha enquanto seus olhos prendiam os meus. — Veja só, Ian, eu vim pra cá sozinha. Mas encontrei uma... Olha, uma mulher me mandou aqui. — tentei de novo. — Sem meu consentimento e essa pessoa disse algumas coisas... Pensei muito sobre o que ela me disse e acho que acabei encontrado uma pista.
Ele me olhava de forma estranha. Pasmo ou incrédulo, sei lá.
—Alguém a sequestrou? Precisamos alertar os guardas...
— Não, não. — polícia envolvida nisso seria péssimo! —Não tipo sequestrar de verdade. É mais tipo um... exílio. Não precisa chamar a polícia. Eu nem sei o nome da pessoa que fez isso!
Ele se recostou na cadeira. Seus olhos ainda nos meus. O pobre coitado tentava entender, eu podia ver isso, mas claramente não compreendia o que havia acontecido comigo.
— Acho que não estou aqui sozinha. — comecei. Não queria que ele pensasse que eu fosse doida e, se ele continuasse a pensar muito no assunto, com certeza chegaria a essa óbvia conclusão. — Acho que mais alguém também foi vítima daquela... mulher. Então, se essa pessoa estiver aqui também, talvez juntas possamos descobrir um modo de voltar pra casa, entendeu?
Pela cara dele, não tinha entendido. Não o culpei. Se eu, que sabia da história toda, não entendia completamente, imagina ele, dois séculos atrasado, poderia compreender apenas uma pequena parte da história?
— Entendo. — ele disse mesmo assim. Mais por hábito, imaginei. — E a senhorita acredita que essa pessoa esteja aqui perto?
— Só pode estar!
Ele encarou seu café por um tempo e não disse nada. Parecia meditar sobre o que eu havia dito. Em seguida, seus olhos escuros e profundos voltaram ao meu rosto.
— Preciso fazer uma pergunta, senhorita Sofia. — sua voz séria e profunda. — Espero que não se ofenda.
— Pergunte.
Ele disse de uma só vez.
— A senhorita está com problemas ilícitos, não está?
Meu rosto desmoronou. Não esperava por aquela pergunta. Não imaginei que ele pudesse chegar a essa conclusão. Fiquei olhando pra ele com a boca aberta feita uma idiota.
— Eu não estou te julgando, senhorita. Mas preciso saber em que tipo de problema estou me envolvendo. Como sabe, sou o tutor de Elisa. Não posso permitir que ela se aproxime de... certos problemas.
Eu pisquei. Não sabia se havia entendido direito o que ele disse.
— Você acha que eu sou uma um sete um ou coisa assim? — inquiri. A incredulidade tingindo minha voz. Como ele podia pensar uma coisa dessas?
Bom, claro que poderia pensar uma coisa dessas, ele mal me conhecia. Mas ele me hospedou, me ajudou e até chamou um médico para cuidar do ferimento na minha cabeça. Como podia abrigar alguém que suspeitava ser uma pilantra?
— Não sei o que um sete um significa, mas...
— É a mesma coisa que safada, sem vergonha, picareta ou espertalhona farrista, como disse Teodora! — expliquei, sentindo o sangue correr mais rápido nas veias.
— Não foi isso o que eu quis dizer. A senhorita se envolveu com... — ele se remexeu desconfortavelmente na cadeira. — Algum problema de natureza... bíblica?
— Natureza bíblica? Do que você está falando? Eu... — então me lembrei, Natureza bíblica, no sentido bíblico! Como Adão e Eva. Oh! — Você está falando sobre sexo?
Ele se virou na cadeira enquanto fazia SHHHH pra mim, procurando ver se alguém tinha ouvido nossa conversa.
— Senhorita So...
— Por que diabos transar com alguém faria... eu me perder aqui? — minhas sobrancelhas arqueadas. Esperei que ele se explicasse.
— Isso não são modos de falar, minha jovem! — ralhou como se fosse meu avô.
— E não sei o que transar significa mas...
— É a mesma coisa que sexo, fazer amor, dormir com alguém, trep...
— Pare com isso, o rosto duro. Já entendi o que quer dizer.
Eu o encarei obstinadamente.
— Então, me explique por que acha que fazer isso me colocaria em problemas. Porque eu realmente não consigo entender! — não imaginava como o sexo pudesse me colocar naquela roubada. A não ser que eu tivesse sido dopada com alguma boa-noite-cinderela e ainda estava piradona sob o efeito da droga e estivesse imaginando tudo aquilo. Humm.,.
Ele pareceu relutante em começar. Não perdi meu foco, o encarei com olhos desafiadores. E, depois de um tempo, ele finalmente falou.
— Você disse que uma mulher a mandou aqui sem seu consentimento, eu a encontrei praticamente sem roupas e você me disse que não sabe como voltar. Deduzi que... talvez a tal mulher fosse esposa de alguém.
— Você achou que eu estava de caso com um cara casado? — berrei.
Não tinha a intenção de gritar. Não tinha mesmo. Mas fiquei tão chocada que ele tivesse pensado numa coisa como aquela que não pude me controlar. Estava chocada e furiosa. Por mais que o casamento não fosse prioridade em minha lista na verdade, não estava nem na lista! — eu jamais poderia me envolver com alguém casado. Jamais estragaria a vida de outra garota. Eu conhecia a sensação de ser traída. Conhecia bem demais. Não por um marido, claro, mas podia imaginar que doeria muito.
— Que tipo de garota você pensa que eu sou? Uma vadia que se mete no relacionamento de outras pessoas? Pois fique sabendo que eu não sou. Eu sou uma garota decente. Sempre fui. Eu nunca fui pra cama com alguém que estivesse comprometido. NUNCA! Todos os homens que passaram por minha vida eram tão livres quanto eu! — minha voz começou a subir um pouco. Minha raiva aumentando.
— Como se atreve a pensar uma coisa dessas? Pensei que você fosse diferente das pessoas que eu conheço, com esse seu jeito gentil e de aparência inocente. Mas vejo que me enganei!
Levantei-me tão depressa que a cadeira acabou caindo no chão, fazendo muito barulho. A careca do mordomo apareceu na porta, provavelmente pra ver se eu não tinha, de repente, atacado o Senhor Clarke com o bule de ferro!
Ignorei quando Ian começou a dizer alguma coisa. Dei-lhe as costas e marchei decidida até meu quarto. Ele me seguiu.
— Senhorita Sofia, perdoe-me. Não tive a intenção de insultá-la. — ele corria com as palavras enquanto apertava o passo para me alcançar. — Eu fui um imbecil.
— Foi não, você é um imbecil! — retruquei, enquanto acelerava o passo.
— Sim, senhorita Sofia. Sou mesmo! Mas, por favor, aceite minhas desculpas. Não tive intenção de lhe deixar irritada.
— Ah! Mas eu não estou irritada. Estou furiosa!
Entrei no quarto e peguei minha bolsa. Ele me seguiu, ficou ali parado, me encarando com cara de assustado. Juntei minhas coisas rapidamente — não havia muita coisa pra juntar.
— Quer olhar minha bolsa? De repente, estou roubando alguma coisa. — eu disse secamente, esticando a bolsa.
— Senhorita Sofia, por favor! — cuspiu revoltado.
— Por favor o quê, Ian?
— Por favor, acalme-se. Acalme-se e me escute. Aceite minhas desculpas, por favor! — sua voz angustiada.
Primeiro, me insultava, e depois, queria que eu o escutasse. Igualzinho a qualquer outro homem!
— Agradeço tudo o que fez por mim, mas não posso mais ficar aqui. Tem certeza que não quer olhar minha bolsa? Ultima chance! — estiquei um pouco mais meu braço, mas ele não se moveu.
Ian não disse nada. Parecia não saber o que dizer. Estava tão furiosa que joguei a bolsa nos ombros e, como ele não fez movimento algum para sair da minha frente, abri caminho a cotoveladas. Entretanto, suas mãos alcançaram meu cotovelo antes que eu chegasse a porta.
— Ouça-me, por favor! — pediu numa voz baixa e magoada. Balancei um pouco. Aquela sensação estranha de que já o conhecia inundou meu corpo mais uma vez quando ele me tocou. — Me solte! — exigi, com menos convicção do que pretendia.
Porém, Ian não me soltou. Suas mãos estavam muito quentes senti a pele de meu braço queimar. Pinicava de uma forma diferente, sem dor.
— Perdoe-me, senhorita Sofia. Foi muito rude de minha parte pensar algo tão...
Perdoe-me. Eu sinto muito por tê-la ofendido. Estava apenas tentando encontrar sentido em sua história. Não tinha a intenção de ofendê-la. Sinto muitíssimo. — Seus olhos estavam nos meus. Tão escuros quanto um buraco negro, uma estranha força me puxava para eles. Não pude desviar os olhos. Um calor repentino se espalhou por meu rosto.
Meu Deus! Eu estava corando! Que ridículo!
— Eu... hã... — meus pensamentos ficaram ligeiramente incoerentes. — Tudo bem. Desculpas aceitas. Acho que exagerei um pouquinho.
Fiquei muito confusa, realmente chocada com minha reação. Por que me incomodou tanto que ele pensasse coisas ruins a meu respeito?
— Não. Eu fui extremamente indelicado. Não sei por que pensei um absurdo desses! — seus olhos, ainda intensos, prendendo os meus. — Perdoe-me, senhorita Sofia.
— Nem sei se posso culpá-lo por pensar isso a meu respeito. Você não tem como entender a história. Eu mesma estou tendo dificuldades! Me... Desculpe também.
— eu disse constrangida, sem saber o porquê.
— Não tenho como entender, realmente. Mas não posso acusá-la da maneira tão cruel. Fui muito rude. Perdoe-me.-— suas mãos ainda seguravam meu braço e o calor provocado por seu toque começava a se espalhar por meu corpo todo.
O que era aquilo?
— Tudo bem. — murmurei.
Eu tinha que ficar ali. Pra onde iria? Eu não conhecida nada, nem ninguém. E até que Ian foi rápido pra tentar associar o que eu havia dito com algo que fizesse sentindo. Associou totalmente errado, mas ele pensou depressa. Talvez isso fosse de alguma ajuda, afinal. Quem sabe ele não conseguiria ver o que eu estava deixando passar? E, sendo totalmente honesta, eu gostava um pouco dele. Ian era um cara bacana. Mesmo sendo um cara do século dezenove que pensava que eu estava tendo um caso com um homem casado.
— Obrigado! — ele me soltou. Fiquei um pouco sem equilíbrio. Tentei me endireitar. — Agora, por favor, deixe suas coisas aqui e vamos voltar para a sala. Creio que ainda esteja com fome...? — ele sorriu timidamente, testando se tudo estava realmente bem.
— Eu não estou com fome. — tinha uma sensação estranha na boca do estômago. Não entendi o que era. Deviam ser os nervos!
Ele deliberou por um segundo.
— Então, talvez deseje conhecer a propriedade? Há um riacho muito bonito aqui perto e uma pequena floresta que cerca a lateral de uma das divisas. É um passeio muito agradável. — ele parecia entusiasmado. Até tive vontade de ver como seriam as coisas por ali, mas eu tinha assuntos mais urgentes para resolver.
— Será que a gente podia fazer isso outra hora?
— Certamente! Deseja fazer outra coisa, senhorita? — ele franziu o cenho.
— Sofia, apenas Sofia, Ian. — ele não ia aprender nunca? — E, sim, eu gostaria de fazer outra coisa.
— Se eu puder ajudar ficarei feliz em lhe ser útil. — o rosto sincero.
— Na verdade, pode sim. Gostaria que me levasse até a vila pra procurar a tal pessoa.
Se é que ela estava ali. Se é que existia realmente mais alguém.
— Como quiser. — concordou. — Pedirei aos criados para prepararem a carruagem.
Não gostava da forma como ele se referia aos empregados. Criados! Era muito ofensivo! Se o Carlos se referisse a mim daquela maneira, eu seria capaz de fazê-lo engolir o próprio pé!
Joguei minha bolsa na poltrona e fui esperar por ele na entrada da casa, mas parei antes de chegar ao corredor.
Eu farei contato, a voz dela ecoou em minha cabeça. Voltei até a poltrona e peguei o celular. Eu achava meio impossível, mas como funcionou da primeira vez, talvez ele pegasse o sinal “mágico” em outras áreas também. A ligação não teve chiados nem estalos, excelente recepção!
Eu não podia andar com o celular na mão pra todo lado. Não queria ter que explicar o que era, mesmo porque ninguém acreditaria. Na falta de um bolso — ou de um lugar melhor — enfiei o aparelho no decote do vestido. Ainda bem que o celular não era grande, pois, com peitos de tamanho médio, não seria possível escondê-lo ali se fosse qualquer centímetro maior. Ninguém iria notar a pequena adição ao volume. Dei uns pulinhos para me certificar que estava firme. Ele não se moveu. Arrumei o vestido para escondê-lo bem e saí para me encontrar com Ian.

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