Capítulo 11

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Sou quase projectada par o chão, antes de a minha muleta esquerda conseguir travar todo o meu corpo. Acho que foi a heroína de toda a história. Estão a imaginar-me, a mim, a tropeçar em mim própria e a entrar de rompante no ginásio e a cair no chão e a ser alvo da troça do Louis e a corar bruscamente.

Ah, é que esqueci-me de referir que eu entrei num suposto ginásio, encontrei o Louis a fazer exercício num dos muitos instrumentos e ainda por cima estava sem t-shirt. Não que isso interfira muito porque… ok, interfere. Interfere muito.

“Betsy?” Ele diz e para o que estava a fazer, limpando a testa e o tronco com uma toalha.

“Ahm, eu… hum…” Ele ri, e eu quero que ele ria mais. “Desculpa.” Eu sinto as minhas bochechas ganharem cor.

“Entra. Fecha a porta.” Ele diz e levanta-se. O Louis é como uma caixinha de surpresas. Vejamos. Se num segundo pode estar carrancudo e a revirar os olhos a toda a hora, no outro está a sorrir ligeiramente ou até mesmo a rir; se numas alturas embirra com tudo, noutras mostra-se impávido e sereno ao que, noutras circunstâncias, teria sido uma tempestade; se vestido consegue ter uma imagem boa, mesmo boa, sem t-shirt e com umas calças de fato de treino meias justas, meias largas, a imagem dele é super híper mega boa.

“Ahm, eu vim interromper, desculpa. Eu… ahm… queria ir à casa de banho.”

“Pois.” Ele diz, mas mesmo de costas para mim, eu sei que ele está a sorrir. E eu quero que ele sorria quando está a olhar para mim. Ele vira-se e caminha na minha direcção. “Mentes tão mal, Betsy sem-abrigo.” Ele murmura ao meu ouvido e dou por mim a tremer. Eu não entendo porque é que todas as minhas acções são bloqueadas quando estou com ele. Quer dizer, ok, eu consigo controlar-me, consigo acalmar-me e tudo mais, mas fisicamente o meu olhar não se desvia.

Aí lembro-me que devia estar chateada com ele.

“Pois.” Eu viro costas e caminho para a entrada, mas sou agarrada.

“Para onde vais?” Ele pergunta-me.

“Bem, embora. Para minha casa.” Ele fica pensativo.

“Tu por acaso não ficaste ressentida com o que eu disse, pois não?” Burro.

“Oh, claro que não.” Eu minto descaradamente mas ele assente.

“Ainda bem.” Estúpido.

“É.”

“Ainda bem que não sabes mentir porque eu sei que estás profundamente magoada.” Um sorriso trocista aparece no seu rosto e eu rolo os olhos. Idiota.

“E agora? Satisfeito?” Ele puxa-me para o centro do ginásio e eu apoio-me nas muletas.

“Como vai a perna?” A sério? A sério? Eu devia dar-lhe um estalo.

“Bem.” Respondo.

“Oh, vá lá, Betsy sem-abrigo.” Ele diz a rir e este é, sem dúvida, o riso que mais odeio nele, apesar de não odiar nenhum.

“Ah, cala-te.” Ele continua a rir. “Então é aqui que estás a treinar para o teu exame?” Ele olha-me como se eu acertasse.

“Hum… mais ou menos.” Agora é a minha vez de rir. “Cala-te, Betsy.” Ele vira costas e senta-se no chão, começando a fazer abdominais. Eu fico a olhar para ele, a perguntar-me como é que ele tem tanta força. “Um dia… quando… estiveres boa… da perna… vou… t… treinar-te.” Ele diz ofegante e para, olhando-me.

“Treinar-me? Para quê?” Eu inquiro, sem perceber onde ele quer chegar.

“Ora, para enfrentares o teu pai, não? Ou queres continuar a levar porrada e partir todos os ossos do teu corpo?” Ele diz-me e eu reviro os olhos.

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⏰ Last updated: Dec 25, 2014 ⏰

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Salvation (L.T.)Where stories live. Discover now