CAPÍTULO IV

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"Gravidez não é doença", mas causa dor. Ele estava esgotado fisicamente e emocionalmente com aquela gestação. Quando descobriu que estava esperando uma criança, Jimin chorou por todas as razões, menos os sintomas iniciais, mas agora o momento havia chegado. Estava no sexto mês e já não aguentava mais a dor nas costas, nas pernas, a azia, a insuportável falta de ar, o desconforto para dormir, os gazes e a dificuldade para evacuar.

Ele estava com o humor péssimo, ficava ainda pior quando precisava ir no médico e ouvia outros gestantes romantizarem a gravidez, dizendo que era um momento mágico em suas vidas. Mentira! Ele se sentia péssimo, se incomodava até quando a criança começava a mexer, o que depois lhe causava culpa.

Toda vez que olhava aquela barriga sentia um vazio imenso no peito, uma tristeza tão profunda, não conseguia amar aquele bebê e não via a hora do parto chegar para tirá-la de dentro de si. Ele sabia que era um pensamento horrível, mas aquilo estava afetando toda a sua vida. Não tinha ânimo para nada, ainda fazia seus trabalhos domésticos e ajudava Jungah nos estudos, mas era tudo no automático.

Nas últimas duas semanas ele quase não interagia mais durante as refeições e até teve um pequeno conflito com Jungkook quando ele insistiu para começarem a comprar o enxoval da criança. Jimin havia gritado dizendo que não precisava e que era para ele parar de atormenta-lo com aquele assunto. Logo após o ocorrido, o ômega se sentiu mal por descontar suas frustrações em pessoas que em nada tinha culpa. Então ele chorava, naquele último mês não havia uma noite em que não passou chorando.

Park se sentia tão confuso, sabia o quanto doía ser rejeitado, sentiu isso na pele e cresceu vendo a tristeza nos olhos das crianças do abrigo. Porém não tinha como mudar seus sentimentos, era sufocante ouvir as pessoas naquela sala de espera falar sobre amor incondicional por seus bebês em suas barrigas e ele não sentir nada a não ser culpa, remorso e senso de responsabilidade.

O pior é que ele não tinha com quem desabafar, porque as pessoas sempre julgam, apontam o dedo e não tentam entender o lado de quem sofre. Só esperava que os dias melhorassem porque se continuasse naquele ritmo, ele não sabia como aguentaria até o final da gravidez.

— O que você sentiu quando descobriu quando seu marido contou que estava esperando um bebê? Você a amou no primeiro momento ou foi quando a pegou nos braços? — Jimin perguntou ao marido enquanto olhava para a água límpida do lago da casa de Taehyung. Estavam apenas os dois sentados em um barco, admirando a paisagem e tranquilidade do local.

— Uma felicidade imensurável. A gravidez era o fruto do nosso amor, um pedacinho de ambos ali. Eu a amei desde o início, falava com a barriga e quando ela se mexia eu ficava bobo. — Jeon respondeu com um sorriso. — Quando ela nasceu eu chorei demais, não sei explicar a sensação de como foi segurá-la pela primeira vez. Eu só queria amá-la, cuidar dela e protegê-la.

— Eu não me sinto assim.... — O ômega resolveu desabafar o que estava sentindo. Não se importava se seria julgado pelo marido, mas precisava tirar aquilo do peito. — Eu não consigo sentir esse amor que todos vocês dizem ter por seus filhos. — Ele disse com a voz embargada e com lágrimas nos olhos. — Eu não suporto estar grávido, tudo me incomoda. Me sinto feio, pesado, inchado... E a pior parte é que eu não sinto nada por esse bebê, mesmo ele não merecendo toda essa rejeição. — Ele começou a chorar mais alto. — Eu me sinto um ser humano horrível, sempre cuidei e ofereci amor pelas crianças do abrigo e não consigo sentir nada por essa que eu carrego...— Ele colocou as mãos no rosto, tentando controlar o choro. Outra coisa que odiava era como seus hormônios estavam alterados e lhe deixavam sensível.

— Ei, não fique assim... — Jeon se aproximou e tocou na mão dele. Mesmo ainda acanhado com demonstração de afeto, seu lado altruísta falou mais alto. Ele estava surpreso com as revelações de Jimin, imaginava como ele deveria estar angustiado. Deveria ser muito triste não sentir nada pelo filhinho que carregava, ele não sabia como era se sentir daquela forma, mas tentou compreender o lado do marido. — Só o fato de você estar incomodado com este sentimento que acha ser ausente, já é uma forma de demonstrar amor pelo seu bebê. Não se culpe por isso. Eu sei que você está passando por uma fase de muitas mudanças, transformações físicas e emocionais, é totalmente compreensível tudo o que está sentindo.

A magia da vida 🌈 JJK&PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora