suicídio em câmera lenta

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todo esse peso
essa falta de energia
tamanha dor no peito
todo santo dia

minhas asas cortadas
meu coração queimava
minha alma despedaçada
minha garganta arranhava

a angústia que as tristezas traziam
a tristeza que as memórias traziam
a memória que eu queria esquecer
e por fim posso te dizer

o que me resta é renascer
e encerrar
este livro que vai te entristecer
e mais uma vez te decepcionar

é como o querer e não poder
acreditar e se frustar
amar a vida mas não sobreviver
necessitar e não ter

precisar de um lar e não senti-lo
precisar de ar e sua garganta fechar
precisar do paraíso e não enxerga-lo
precisar de amor e alguém te deixar

meu deus, onde posso pedir ajuda?
como posso me amar?
como aceitar a perda de uma batalha?
única opção restante era voar

pro céu eu me atirei
crendo que saberia voar
então quando de lá despenquei
não havia ninguém para me segurar

as estrelas ficando longe de mim
o sol indo descansar
o chão pronto para me engolir
meu tempo só estava a desmoronar

enfim encontrei as tristes ondas do mar
preenchidas com minhas lágrimas
onde as sereias boatos iam espalhar
e os pescadores enganar

ao dizer que a queda da triste lua
em seu mar causara uma tormenta
e seu horroso fim
foi como um suicídio em câmera lenta.

amor de caixão Onde histórias criam vida. Descubra agora