Emily narrando
Essa sou eu quando criança.
Com dois anos de idade ainda não temos noção de muita coisa. Só que conforme crescemos e tomamos consciência de tudo, o mundo parece ser cruel conosco.
- Emily, olha para cá, olha para mamãe e dá um sorriso.
Era 26 de maio de 1977, dia do meu aniversário. Eu estava no chão do quarto dos meus pais, fazendo careta para o espelho e nessa hora, dei o sorriso que minha mãe pediu e acabou a foto sendo assim, sem eu olhar para a câmera.
Meu pai me pegava no colo a todo momento e brincava comigo, me fazia rir.
Um tempo depois, minha tia cochichava alguma coisa para ele, fazendo com que me entregasse para meu tio Jake e ele subisse as escadas correndo, enquanto Jake me levava para o quintal e me distraía.
Eu não fazia ideia do que se passava, mas muito menos pensava que isso poderia me afetar futuramente, de uma maneira tão ruim...
Eu estava crescendo, grande parte dos meus dias estava com uma moça chamada Elisa. Ela era minha babá, mas com o tempo tornou-se alguém muito importante para mim e a considerava da família.
Sempre me levava para as minhas atividades. Igreja, aula de canto, creche, natação, pré-escola, tudo. Raro era meu pai nessas coisas comigo, tirando a igreja, já que íamos e ainda vamos todo domingo.
Já com 10 anos, eu perguntei para a Eli:
- O meu pai não gosta de mim? Ele nunca me dá atenção direito...
- Minha querida, seu pai te ama muito! Ele só está ocupado lá na emissora. - Elisa tentava me consolar e tirar da minha cabeça que meu pai não gostava de mim, porém eu começava a chorar e acabei falando:
- Por quê a mamãe teve que ir pro céu?
. . .
Meu pai não é muito presente no meu dia-a-dia e eu sinto falta disso. São poucos os momentos de alegria e diversão que temos como pai e filha (não que eu não goste, eu gosto bastante!), as apresentações na igreja e na escola que ele conseguia ir porque pediu dispensa no trabalho.
Mas, para tentar preencher isso, eu canto.
A música, eu ouvindo ou cantando, me acalma.
Agora com 17 anos, estou no 2º grau, e estou sem a mínima vontade de iniciar o ano letivo na escola que estudo desde o 1º grau, na qual meu pai me matriculou.
Sempre estou sozinha, nunca tive amigos ou os que tive, me deram as costas. De vez em sempre, alunos de outras classes até me zombam.
Tenho problemas em me socializar, mas isso é algo meu... Sempre fui bem fechada.
Sozinha no quarto, acabei pensando demais com meu eu interior:
Meu pai não tem tempo para mim, não o tanto que deveria ter, não tenho mamãe comigo mais, sou sozinha e ainda sendo motivo para rirem de mim por tanto tempo... Para que ainda estou aqui!?
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Keep The Faith
Teen FictionSaint Catherine School é uma escola que está passando por situações que causará muita preocupação em todos que nela estão envolvidos. E devido a isso, os jovens Emily Foster e Richard Cooper descobrirão uma coisa em comum que, apesar de todos os pro...