— Você não deu motivos para por meus irmãos na detenção!
— Como se jogar bombas de bosta em uma monitora-chefe não fosse motivo suficiente!
— Já chega! — berrou o professor Severo Snape, com o livro em mãos e os olhos arregalados.
Agora toda a sala do sétimo ano olhava para ele, até mesmo os dois gritantes que se encaravam cara a cara, com apenas uma mesa de distância. O único barulho que poderia ser ouvido era o da capa grossa de sujeira do professor Snape, que estava com a aparência mais assustadora do que nunca, seus cabelos pretos e sebosos se esvoaçavam enquanto ele dava passos rápidos em direção aos dois estudantes.
— Creio eu que essa discussão já passou dos ingredientes da Poção de Sono Sem Sonhos, Weasley e Goldi — resmungou ele. — Façam o favor de se retirar.
— Professor! — exasperou Juliette. — É a última aula! Não posso ser expulsa na última aula!
— Muito menos eu! — disse Charlie.
— "Muito menos eu?" Ah, por favor — resmungou a menina.
— Muito menos eu si...
— Fora! — exclamou o professor, apontando para a porta de madeira escura perto dos dois e comprando algumas risadinhas de outros alunos.
Juliette não pode reclamar mais. Pegou seu livro, jogou de qualquer maneira na bolsa e saiu com passos firmes e o cabelo esvoaçante pela pesada porta da sala de Poções, onde passara o semestre inteiro implorando por aulas extras e reforços do professor Snape, para subir as notas e se qualificar para o novo projeto na Transilvânia.
— Bom trabalho em expulsar a gente de sala, Rosier. Vai se ajoelhar agora para a Minerva e pedir passe livre para detenção? — uma voz agitada e sarcástica surgiu atrás de Juliette, que dava passos fortes.
— Vá á merda, Weasley. — resmungou Juliette, apertando mais a bolsa.
— Quase tá falando como seus amiguinhos — riu Charlie. — Vai sair daqui e fazer o que? Tatuar a Marca Negra na testa? — Juliette não pode evitar parar e se virar, com o rosto pegando fogo, ela encarou o menino que lhe importunara por pelo menos 5 anos. — Eu gaguejei?
