CORROMPIDO [COMPLETO NA AMAZON]

CAPÍTULO 3

Alexander

"Lembranças são parte do nosso
passado que não conseguimos
esquecer, por mais que nos
empenhamos demais
para isso"
- Ayla Delacroix

Estávamos frente a frente mais uma vez. Dominique Beaumont e Alexander Litchfield, quatro anos depois. Ela continua a mesma, exatamente como me lembrava. A única diferença notável, além de seu olhar desprezível direcionado a mim ser maior, são suas curvas. Logo quando a vi caminhando em minha direção, sorrindo, corri com meus olhos pelo seu corpo sem pudor. E cacete, essa mulher está incrível. Seios mais avantajados, pernas torneadas, cabelo castanho batendo no ombro. Apesar de não nos darmos bem, nunca neguei que Dominique era uma das, se não a, garotas mais bonitas do colégio. Seus olhos esverdeados estão reluzentes, fumegando a raiva, cinismo, deboche. Todos misturados. Nos lábios, seu clássico batom vermelho, combinando perfeitamente com sua jaqueta. Essa era sua marca em Springfield: "Dominique Beaumont, a garota de vermelho". Usando um short curto, o qual releva suas coxas cada vez mais delineadas, ela ri baixinho quando percebe que a estou observando. Antigamente, fazia isso porque pensava que a deixaria sem graça. Porém, com ela, as coisas não funcionam assim. Dominique não se rende. Não baixa a guarda, pestaneja, cora. Ela sabe que é quente. Sabe que chama a atenção de todos, tanto que meus amigos não conseguem tirar os olhos dela.

— Dominique Beaumont. — Repito seu nome sorrindo, estalando a língua no céu da boca, vendo-a revirar os olhos. Se esqueceu como sou petulante, Dom? — Diferente de você, é um prazer de ver de novo. — Em um gesto ousado, ergo meu corpo para chegar perto do seu. Passo a mão pela sua cintura, tentando aproximá-la de mim para beijar seu rosto. Não deveria fazê-lo, eu sei. Entretanto, não consigo me conter. Sua feição de surpresa é impagável.

Porém, quando estou prestes a chegar na sua bochecha, sinto um tapa estalado no meu rosto. Merecido, penso comigo mesmo. Não finjo surpresa. Sabia que, dentre as demais possibilidades, essa seria a mais provável.

— Você ficou maluco, Alexander? — Exclama inconformada, se afastando. Todos ao nosso redor nos encaram, confusos, mas impressionados com o que acabou de acontecer. — Não ouse encostar suas mãos imundas em mim.

— Ah, Dominique. Essas mãos imundas já passearam pelos mesmos lugares que as suas. Não seja hipócrita, meu bem. — Sorrio. Ela tenta se aproximar de mim novamente, mas a impeço. Não quero criar mais cena nessa festa. — Ainda continua lindando com seus problemas de raiva?

— Certas coisas nunca mudam, não é mesmo? — Ri, respirando fundo, acalmando-se. Esse não é o primeiro tapa que recebo de Dominique. Está longe de ser. — E você, ainda continua com seus problemas de ego elevado?

— Certas coisas nunca mudam. — Devolvo suas palavras, dando uma golada na minha cerveja.

Ela volta sua atenção para Bryan e Trenton, analisando-os. — Vocês são amigos dele?

— Sim, somos. — Respondem em uníssono, a encarando como se fosse uma espécie de ser de outro planeta.

— Oh, uma pena. Mas devo te elogiar, Litchfield. Você tem bom gosto para amigos. — Lança uma piscadinha para ambos, fazendo-me erguer as sobrancelhas.

Ousada como o inferno.

— Obrigado, Beaumont. É sempre bom ouvir elogios vindos de você. — Digo com a voz carregada de cinismo.

— Então... vocês se conhecem? — Ellen entra na conversa, correndo seu olhar curioso para nós dois.

— Sim, mas isso é passado. Não vem ao caso. — Dominique dá de ombros, terminando sua bebida. — De qualquer forma, não gosto de ficar no mesmo ambiente que o dele. Espero não te ver mais, Alexander.

— Isso será impossível, meu bem. Estamos no mesmo curso, mesma sala. Bem vinda ao meu mundo. — Pisco. Ela nem se dá ao luxo de me responder, se retirando da cozinha, caminhando á passos apressados até a área externa. Roxy, Ellen e Emery a seguem, fazendo mil e uma perguntas, cercando sua nova colega.

— Porra, Alex, o que acabou de acontecer? — Bryan é o primeiro a perguntar, parando na minha frente, com Trenton logo ao seu lado.

— Eu pensei que aquela garota fosse te comer. E não no bom sentido. — Murmura Trent, fingindo que um arrepio percorre seu corpo.

— Então, cara! Foi assustador. Um tesão, mas assustador.

— Ah, é uma longa história... — Suspiro, lembrando-me de tudo o que aconteceu entre nós. Cada conflito, discussão. Mas, principalmente, a noite em que foi dado o ponta pé inicial para decretarmos nosso ódio eterno. — Uma puta longa história. Preparem-se, é das boas. — Dou risada, ajeitando a postura, começando a contar para meus amigos tudo o que acontecendo, focando na festa em que tudo veio por água abaixo para Dominique.