Flashback on
Há 2 anos atrás
Era férias e depois de 3 anos a gente ia viajar, até que enfim.Minha mala já tava pronta desde de segunda e hoje já é sexta. Mamãe como sempre fez aquela típica revistada na minha mala pra conferir se eu não tinha esquecido alguma coisa;
-"Ananda não esquece de pegar a malinha dos remédios e nem a tua bombinha da asma que eu deixei em cima da mesa da sala" disse a minha mãe;
Já dentro do carro minha mãe sempre coloca as mesmas músicas e meu pai sempre brincalhão, eles com toda a certeza são meu porto seguro...
"Tô pensando em adotar um cachorro quando a gente voltar de viagem?" disse seu Márcio,vulgo meu pai,e como já esperado minha mãe "surtou" e disse que não tinha condições pra ter um cachorro em casa já que eles dois trabalham o dia todo e eu fico na Escola integral e só saio 18 horas;
No jornal de ontem, a repórter do clima disse que hoje aqui no Rio de Janeiro ia dar uma tempestade, mas se Deus quiser não vai acontecer nada com a gente, mas eu tô com um mal pressentimento desde ontem, mas deve ser só coisa da minha cabeça mesmo
Quando eu olhei pra janela e vi que tinha uma nuvem que parecia tá bem carregada de água eu senti uma sensação que eu nunca tinha sentido, era um medo e uma falta de ar,minhas mãos começaram a soar.
Pela primeira vez na minha vida eu tive a sensação que eu ia morrer, senti meu coração batendo tão forte,foi com toda certeza que foi a pior experiência da minha vida...
"Vamos ter que dar uma parada,à chuva está muito forte" disse o papai, e a gente parou no posto mais próximo e aproveitou pra abastecer o carro de gasolina
Se passaram uns cinco minutos e já estava amanhecendo, a brisa do vento e aquele cheiro de café passado da lanchonete do posto me deixavam de alguma forma confortável com tudo oque aconteceu no carro...
Senti uma mão no meu ombro e olhei e vi que era dona Beatriz,mais conhecida como minha mãe,com aqueles cabelos castanhos e a pele morena faziam dela uma mulher tão linda, meu pai diz que eu sou parecida com ela, mas na verdade eu não me acho parecida com nenhum dos dois;
"Me promete que nunca vai mudar esse teu jeito incrível minha filha?em um século como o nosso você é uma menina de ouro e tão abençoada" disse a mamãe e eu abracei ela como se fosse o ultimo abraço que eu iria dar em alguém.
Segundo meu pai, ainda tava chovendo pra caramba e ainda é perigoso pegar estrada assim então ainda ficamos esperando mais um tempinho, e quando deu no relógio da conveniência 06:13 percebi que já tava melhorando o tempo e entrei no carro.
Coloquei meus fones de ouvidos e botei "Moments" do ID e essa música me fez ficar tão reflexiva, comecei a pensar em como seria a vida se não houvesse o racismo,preconceitos em forma geral, e eu não consigo imaginar, pois a cultura do racismo já vêm de décadas e infelizmente ainda esta muito presente.
Pelo fato de eu ainda ter 13 anos, meus pais sempre me alertaram sobre a minha cor de pele,e como eu seria bastante julgada por algumas pessoas por conta disso, mas eu não consigo entender como alguém poderia fazer uma maldade dessas, minha vó sempre dizia que oque importa é oque a gente é por dentro..
Olhando pra estrada eu lembrei de quando a mamãe ficou grávida pela segunda vez e perdeu o bebê, acho que até hoje ela não se recuperou,mas também acho que é uma dor incurável...
Senti que a chuva tava engrossando muito e pelo oque meu pai disse não tinha como parar pois estávamos descendo a serra, e séria perigoso.
Ainda eram 07:18 e a chuva tava muito forte, sinceramente não sei como o meu pai consegue, não dá pra enxergar praticamente nada;
A cada minuto que passava eu sentia que aquele pesadelo de um dia acontecer um acidente de carro comigo e meus pais, não ia acontecer já que já estávamos próximo da cidade...
Conseguimos descer da serra, e só faltava 7km pra chegar e voltou o temporal, por um momento eu pensei no pior, mas sem pensamentos negativos, já deu tudo certo, vou aproveitar esse pouco tempo pra descansar e cochilar;
07:57,esse foi a hora exata que o caminhão bateu na porta traseira do carro do meu pai e o carro capotou....
-"Nanda você e forte,não desista"
Essa foi a ultima frase que eu escutei da minha mãe antes de apagar......
Flashback off
E essa e a minha história, de como eu me me tornei cadeirante.
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POR TODAS NÓS- EM ANDAMENTO
Ficção Adolescente"A invisibilidade da mulher negra dentro da pauta feminista faz com que ela não tenha seus problemas nem ao menos nomeados. E não se pensa em saídas emancipatórias para problemas que nem sequer foram ditos." -Djamila Ribeiro Obra registrada, direito...