Capítulo 1

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Carta 2

Para se descobrir Marte, primeiro teve-se que descobrir o céu.

Então o significado das estrelas e de todo o Universo.

Uma coleção de falhas e expedições avulsas

Mas a determinação, juntamente com todos aqueles erros,

acabou por transformá-los em sucesso.

E eu, querido Neith, tenho uma única e preciosa qualidade:

Não desisto facilmente.

De: Seu planeta favorito.

Capítulo 1 - Vênus

"O nascimento de uma estrela está diretamente ligado ao fim de outra."

Lembro com exatidão o dia em que ouvi George Loeb em todo seu orgulho imaculado falar sobre a morte das estrelas em sua aula rotineira de astrofísica estelar pela primeira vez.

Era o meu segundo semestre cursando astrofísica em Harvard e o segundo estudando exaustivamente para impressionar cada pessoa que duvidava de minha capacidade de estar ali.

O que, de fato, não era uma tarefa nada fácil.

Ser uma mulher dentre trinta homens era exaustivo além da conta.

Na cabeça de todos, eu era nova demais, ingênua demais, ou sequer sabia calcular uma conta simples, porque, como diziam: "mulheres não sabem lidar com números, a menos que fosse para contar quanto tinham gastado com roupas no mês".

Bem, a verdade era que, se todas as mulheres convencidas de que não poderiam mexer com ciência, tirassem um minuto de seus dias para se aventurarem com astros e física, já teríamos descoberto milhões de galáxias sem qualquer esforço.

Inclusive fazendo a compra das roupas do mês.

Ninguém ali fazia ideia da minha inteligência. Desconheciam do meu talento tridimensional em calcular o tamanho de seus paus e a miniatura de massa encefálica que mantinham dentro de suas cabeças minúsculas, sem reservar um minuto do meu dia para isso.

Era claro: Todos eram menores que Plutão, que, nem mesmo era considerado um planeta.

Eu tinha apenas dezoito anos quando descobri que não era o tipo de garota inocente que todos pensavam que eu fosse.

Tinha minhas inseguranças, como qualquer mulher naquele ambiente teria, mas ainda assim confiava em mim e em meus estudos. Minha confiança e determinação eram as únicas coisas que eu tinha no momento, além dele.

Passei a pensar em meu professor quase 24 horas do meu dia, e tais pensamentos nem sempre tinham a ver com suas aulas bem ministradas sobre astronomia e a composição das massas estelares.

A menos que uma supernova estivesse entre minhas pernas.

Tudo sempre me levava ao desejo, nada sublime, de saber como era passar uma noite ao seu lado. Então, quando finalmente provei a incrível experiência pela primeira vez, senti algo ainda mais intenso do que o brilho de uma estrela: Eram as batidas de meu pobre coração.

Estava claro que a partir daquele instante eu me apaixonaria de uma vez por todas por ele. E, ainda mais claro que isso, era que me apaixonar por meu professor de faculdade seria pior do que viver na época dos dinossauros. Em um momento um meteoro irritante acabaria com tudo. E de fato, isso aconteceu antes do que eu pressentia.

Não fazia ideia que o motivo principal de seu fascínio pelas estrelas não se dava pelo simples fato delas brilharem tanto, mas sim pela destruição que elas causavam com o seu fim.

Verão de Vênus (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora