Proles Olimpianas

As boas novas...não tão boas

Brian-

Enquanto Emily me levava para o Salão, ela me interou nos últimos babados do Novo Peloponeso.
Aparentemente, um ex-cidadão ilustre se tornou contra os deuses e a sua prole, jurando criar um exército e arruinar o Olimpo.
Ela não quis me dar muitas informações sobre quem era o cara e pediu para que eu não comentasse sobre isso com os outros, o que eu não entendi direito.
- Ok, geralmente após uma refeição nós levamos os novos cidadãos ao Oráculo e ele anuncia o seu progenitor para todos ouvirem.
- Entendi, então você quer dizer que eu vou saber quem é meu pai, ou mãe?
- Exatamente, e cruze os dedos para que não seja um dos encrenqueiros, o pessoal daqui tem bastante preconceito com relação a isso.
- Uau, isso é tão tranquilizante.
- Hahahaha, relaxa, vai dar tudo certo.
Assim que entramos no Salão eu fiquei sem palavras.
Era um edifício gigante, no estilo das construções gregas antigas como o Partenon. Mesas enormes cobriam o piso até um altar, onde um homem estava sentado em um trono adornado e dois estavam em pé ao seu lado.
Havia facilmente mais de 500 pessoas ali, e todos comiam alegremente.
- Se sente aí e pense naquilo que você mais quer comer.
- Ah...uns burritos seriam ótimos agora.
O prato vazio na minha frente se encheu de burritos, fazendo com que eu pulasse do banco.
Eu poderia me acostumar com isso.
Depois de uma refeição muito satisfatória, o homem que estava no trono se levantou. Com o cajado que estava em sua mão, deu algumas batidas no piso, fazendo todos ficarem em silêncio.
Ele não era alto, parecia até mesmo abaixo da média. Tinha uma barba pomposa e estava vestindo um manto roxo.
- Atenção! Novos cidadãos do nosso querido Peloponeso, venham até o altar!
Emily me cutucou com o cotovelo.
- Vai lá.
Eu e mais dois garotos fomos até a escadaria do altar.
Um homem de idade se aproximou. Ele usava um manto vermelho com adornos dourados e seus olhos estavam tapados com uma venda.
Ele foi até um dos outros garotos e tocou sua testa com o indicador.
- Ah sim...eu vejo...
Todos no Salão estavam com os olhos pregados nele, como se esperassem uma notícia ruim.
- Sim...um filho de Afrodite!
Os presentes começaram uma enxurrada de palmas e alguns assovios vieram de um grupinho de meninas com muita maquiagem.
O senhor se encaminhou para o outro garoto e novamente tocou a testa dele com o indicador.
- Huuuuuuum...
Um silêncio doloroso tomou conta do público de novo.
- Sim...um filho de Hefesto!
Mais uma vez, uma enxurrada de aplausos, e acho q dessa vez até ouvi Nikolas falando alguma coisa.
O velho veio em minha direção.
Ele tinha cheiro de canela.
Ele lentamente aproximou o indicador até minha testa.
Quando ele a tocou, levou um leve susto, quase dando um passo para trás.
Sua expressão facial foi de uma leve supresa para um gentil sorriso.
Ele tocou minha testa novamente.
- Sim...esse é um dos interessantes...
Dessa vez o silêncio na multidão parecia ser ainda mais sufocante.
- Sim...sim...um filho de Ares, neto de Hades!
Nada de aplausos.
Ouvi um garfo se chocar contra o piso de mármore e Niko gritando um sufocado "puta que pariu!".
O homem com o manto roxo estava boquiaberto.
O idoso colocou suas mãos atrás das costas e ainda sorrindo voltou para o lado do trono, de algum modo subindo as escadas sem cair mesmo com os olhos vendados.
Todos no Salão ainda estavam em silêncio.
- Bom - o homem de roxo disse tremulamente - o almoço está encerrado! Voltem para suas atividades!
A multidão começou um monte de cochichos enquanto voltam ao que estavam fazendo antes.
Me encontrei com Emily.
- Então...eu sou alguma coisa ruim?
- Ruim?! Você é um descendente do Rei do Submundo e filho do Deus da Guerra!!
- Ok, então eu sou basicamente uma cria de Satã?
- Mais ou menos por aí - Nikolas se intrometeu, pondo seu braço ao redor dos meus ombros.
- Não! - Emily secou Nikolas com os olhos. - Você é um descendente de deuses muito fortes, por isso gera uma preocupação.
Nikolas cochichou no meu ouvido.
- Cria de Satã!
- Ei, para com isso, você vai assustar ele!
Ela empurrou Niko e segurou o meu ombro.
- Olha, as pessoas provavelmente vão ser muito cautelosas com você agora. Você já tinha virado o assunto do momento destruindo aqueles monstros, agora eles não vão falar de outra coisa!
- Mas saiba que você pode contar com a gente!
Niko fez um V com os dedos e mostrou um grande sorriso.
Pode contar com a gente...eu nunca tinha ouvido aquela frase antes. Dei um leve sorriso.
- Ei, você está pálido! Vá descansar na Enfermaria.
Emily fez uma cara de brava.
- Emily...eu sou pálido. 
- A Emily tá certa, cara. O pessoal de Apolo vai te dar uns remédios que fazem maravilhas, eu te levo até lá.
- Ei, você não tá só querendo fugir do teu trabalho na Forja?
- Hehehe tarde demais.
Niko agarrou o meu braço e começou a me arrastar junto com ele.
Talvez eu tivesse feito alguns amigos.