Prólogo

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Eu estava sozinho. De novo sozinho.

com as lágrimas vertendo dos meus olhos em uma cascata salgada escorrendo cristalinas e frenéticas pelas minhas bochechas rosadas. O sol se punha no horizonte e logo apenas a luz pálida da lua cheia iluminaria o céu.

Senti minhas mãos tremerem e minhas pernas ficando instáveis. Sempre acontecia quando eu chegava no topo da colina e via sua lápide. Seu nome. Suas palavras entre parenteses. Uma citação da Bíblia. E o mais irônico: você nem era católico!

Repuxo os lábios em um sorriso tímido. O vento sopra e assobia nos meus ouvidos. A grama alta acariciava meus tornozelos, indo e voltando numa espécie de dominó estranho.

Ao longe, um lago se estendia, onde pequenos peixes dançavam embaixo do espelho d'água. Nuvens refletidas feito borrões de uma borracha genérica que sempre acaba por aniquilar a beleza de um desenho quase perfeito: o céu.

Deixei as flores onde devia estar seu caixão. Onde seu corpo já havia se decomposto. Onde, antes de tudo isso, costumávamos sentar para conversar sobre as infelicidades que acabávamos por cometer nas nossas vidinhas tão insignificantes...

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