Um oceano inteiro ao filho de Apolo ● Yeonbin

Você quer o mundo? Se ele for salgado eu te dou

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Eu nunca pensei que nas humildes marés da minha vida o filho do Sol iria pisar. Tirando de mim aquela temperatura amena até me fazer hiperventilar como só um filho de Apolo sabe fazer.

Quem diria que um dia o Sol iria querer se derramar nos braços do mar.

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No começo eu achava que era só uma atração comum a ele, afinal que campista em sã consciência nunca suspirou quando um filho de Apolo cruzou o seu caminho?

Achava que as borboletas que começavam a bater insistentemente as asas em meu estômago sempre que o seu sorriso era direcionado a mim era puro efeito. Puro efeito de Apolo.

Mas por que dentre todos os filhos de Apolo ele era o mais brilhante? Os seus cabelos loiros lhe caiam tão bem em sua pele um pouco bronzeada. O seu sorriso parecia carregar raios de sol e as flechas que ele era tão bom em lançar pareciam atingir o meu coração.

Yeonjun era tão bonito.

Meu coração palpitava feito um louco quando eu o encontrava na fogueira, sempre oferecendo algo ao seu pai. Eles pareciam ter uma boa relação, ao contrário de mim que pouco tinha contato com o meu pai mesmo sendo filho único.

Eu apenas pegava a minha comida e me sentava à mesa pertencente ao meu chalé, que tristemente era só minha, mesmo sendo tão grande.

Eu sentia saudades de quando eu ainda não sabia quem era o meu pai e podia me sentar na mesa pertencente aos filhos de Hermes. A mesma época em que éramos da mesma casa. Mesmo que nos sentássemos todos sempre bem apertadinhos, os sorrisos trocados eram animados e sinceros.

Ali, quando ele ainda nem sabia que era filho do Deus do sol e já iluminava o meu coração com o seu sorriso.

Talvez eu tenha me apaixonado assim que avistei o seu sorriso do outro lado do quarto abarrotado de gente. Mesmo que eu estivesse com um ovo podre quebrado no topo de minha cabeça e com aquele liquido fedido e nojento escorrendo pelas laterais do meu rosto eu sorri, sorri simplesmente porque ele estava sorrindo. Sorri porque os seus ombros se sacudiam pelas risadas e a mão pousada em seu peito me parecia completamente adorável.

Ou talvez eu tenha me apaixonado quando sem querer nos encontramos nas margens do lago. Porque eu adorei jogar pedrinhas na água e observá-las se afundando ao seu lado e porque eu adorei o jeito que os seus olhos eram apertados pelas suas bochechas quando me direcionava um sorriso vitorioso.

E então, no dia em que Apolo finalmente o assumiu eu me senti totalmente iludido. Achei que eu só sentia atração por ele por ser o filho de Apolo. Todos os filhos de Apolo são tão bonitos, claro que eu cairia de amores.

Eu demorei a ser assumido, mas quando fui nem ao menos percebi. Eu estava correndo, brincando com alguns filhos de Hermes. Estávamos todos rindo, porém quando chegamos ao lago eles cessaram as risadas e olharam assustados para mim.

— Soobin, você é filho de Poseidon. — Um deles, Beomgyu, falou enquanto levava as mãos até a boca em uma expressão chocada.

Eu então olhei para baixo e vi fios de água se entrelaçando por todo o meu corpo e acima da minha cabeça brilhava o símbolo do Deus dos Mares.

Foram dias estressantes os que se seguiram. Questionavam sobre a minha paternidade como se eu pudesse lhes dar alguma explicação sobre isso e por esse motivo passei a ignorar a todos.

O meu chalé? Totalmente empoeirado, assim como o de Zeus e o de Hades. Uma péssima casa para quem tem rinite, mal consegui limpar. Tive sorte dos sátiros terem sentido dó de mim e terem ido me ajudar.