Sete

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Os próximos minutos passaram como segundos, James, Doe e Lene entrando no Uber. As mãos de Lene e Doe juntas. Mary e Peter se despedindo e entrando no carro em direção à casa do garoto. Sirius e Remus encostados no carro no meio de um estacionamento qualquer de São Francisco apenas olhando os amigos indo embora.

- Pelo jeito somos só eu e você agora, meu bem. - Sirius sussurrou no ouvido de Remus e deu meia volta para entrar novamente no carro. O arrepio que percorreu o corpo de Rem o fez segurar a respiração e soltar ao mesmo tempo que ouvia a porta do carro se fechando com Sirius dentro.

- Para onde você quer me levar? - Remus perguntou ligando o carro e finalmente, saindo do estacionamento.

- Se eu te contar não vai ter a mesma graça, só segue minhas direções.

- Como eu posso ter certeza que você não vai me sequestrar? - Remus provocou aproveitando o sinal vermelho de uma rua vazia para se virar e olhar para Sirius.

- Acho que você vai ter que confiar em mim - O garoto respondeu mordendo os lábios e se aproximando o suficiente para que conseguisse sentir o cheiro suave do perfume do garoto.

Remus se inclinou mais ainda, até que não houvesse nenhum espaço entre a boca dos dois, e o envolveu em um beijo cheio do desejo que guardara desde que o viu pelo primeiro momento em cima do palco. Suas línguas se encaixaram perfeitamente e dançavam dentro de suas bocas. As mão de Remus puxavam levemente o cabelo de Sirius durante o beijo e as mãos de Sirius permaneciam na coxa de Remus. Só se separaram para respirar novamente. Remus finalizou o beijo com três selinhos no garoto e voltou a dirigir como se nada tivesse acontecido.

- Agora você confia em mim, pelo visto. - Sirius suspirou voltando a olhar para frente, mas ainda deixando a mão na perna de Remus. - Vira a direita.

Sirius conectou seu celular ao bluetooth do carro de Remus e deixou sua playlist no aleatório. Os dois passaram boa parte do tempo cantando e rindo com as músicas, e nem parecia que vários minutos já haviam se passado desde que saíram do estacionamento vazio.

- Você toca desde pequeno? - Remus perguntou após Sirius tocar muitos baixos invisíveis durante as músicas.

- Yep. A música sempre foi um escape para meus problemas. Pelo menos eu sempre vi ela desse jeito.

- Entendo perfeitamente. Não consigo ir para absolutamente nenhum lugar sem meu fone de ouvido. Parece que uma parte de mim ficou em casa. Eu cresci com meus pais brigando e colocar o fone no volume máximo não me fazia ouvir eles. Eu me perdia no mundo da música e ficava ali.

- Esquerda agora, você vai entrar nessa estrada. - Sirius interrompeu e viu um expressão diferente no rosto de Remus e soltou uma risada. - Relaxa, confia em mim.

- Ué, eu não disse nada.

- Mas seu rosto entregou.

- Eu meio que posso ter problemas de confiança, ok? - Remus disse rindo também, sem perceber que mesmo sutilmente, havia sido a primeira vez que ele falava isso em voz alta para alguém.

- Ok, você quer que eu conte para onde a gente tá indo? Vai estragar a surpresa, a gente está quase chegando... Mas se você insiste eu falo sem nenhum problema. Eu sou meio clichê então é meio óbvio, mas mesmo assim....

- Qualquer coisa eu grito - Remus piscou para Sirius e sorriu ao imaginar que alguém que o conhecia há tão pouco tempo se preocupava assim com ele.

- E voltando sobre a música... Eu nunca tive uma relação boa com a minha família, nunca consegui expressar o que eu sentia quando eu sentia. Quando meu pai me deu um baixo de presente eu devia ter uns 11 anos. Lembro perfeitamente da primeira vez que toquei algo nele. Do i wanna know? Do Arctic Monkeys. Foi a primeira vez que meu pai me escutou. Através da música. Mas ele me escutou. Escutou o som do meu baixo. Foi a primeira vez que senti que eu tinha uma voz. Continua reto por uns 5 minutos e a gente já chega - Sirius respirou como se estivesse liberando um peso de si mesmo. - Depois disso eu passei a compor. E eu comecei a me expressar pela música. Quando alguma coisa acontecia comigo, eu só pensava em correr para meu quarto e pegar meu caderno, que ficava entre meu travesseiro e minha cama. Eu disse que eu sou clichê. E então eu escrevia até não poder mais. Escrevia até colocar todo meu sentimento e angústia ali. Quando eu me irritava pegava meu baixo e compunha a melodia. Aquilo me acalmava de maneiras indescritíveis. Continua me acalmando, na verdade. E é por isso que a música é tão importante pra mim...

Um silêncio confortável pairou durante os próximos segundos no carro. E agora era Remus quem estava com uma mão no volante e a outra na perna de Sirius. Remus não sentia necessidade de falar nada e Sirius não precisava de uma resposta. Talvez, Sirius só precisava colocar para fora o que sempre esteve dentro dele. E com certeza, ele nunca imaginou que fosse fazer com alguém que conhecia há menos de 12 horas. Mas algo entre eles era diferente. Algo parecia certo. Era como se eles se entendessem.

San Francisco - WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora