Capítulo 2 - Take My Breath Away

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Virando-se e voltando

Para algum lugar secreto onde se esconder

Observando em câmera lenta

Enquanto você se vira para mim e diz

Meu amor, tire o meu fôlego

(Berlin – Take My Breath Away

-Passa para cá, Tata. Eu disse que essa implicância toda tinha motivo. - YoonGi tem a cara de pau de provocar, olhando sugestivo para seu namorado que parece emburrado.

-Jimin, seu traidor! Não acredito que ajudou esse cretino a ficar rico às minhas custas! - Ranheta, pegando a carteira e entregando dois mil wons para meu hyung.

Jimin ainda me encara, fixo, parecendo estudar todos os detalhes em meu rosto. Sem querer, minhas bochechas esquentam. Ele ri disso, os olhos pequenos afiados. Eu me sinto tão acanhado que fujo de seu olhar, endireitando-me no banco, tímido como nunca. É bem difícil não cair na tentação de me aproximar mais dele pelo assento.

-Não acredito que vocês apostaram! - Jimin diz, apesar de não olhar para ninguém em especial além de mim. -Vocês são muito idiotas, se merecem mesmo.

-Babacas. - Resmungo, tomando um gole de meu milk-shake. Ergo o olhar até YoonGi e ele ri zombeiro para mim. Quase gemo internamente, percebendo muito bem que as brincadeirinhas irão começar.

-Por que está tão vermelho de repente, Jungoo? Tá com vergonha do Jimin, agora? Não esquenta, ele não morde, não.

Pego o guardanapo ao meu lado e taco em sua cara tão rápido que ele não consegue se defender a tempo. Taehyung gargalha ao lado dele.

-Como você se sente? - Meu inesperado soulmate pergunta para mim. O tom de voz parece muito mais doce do que o arisco que sempre era dirigido a mim pelos áudios no grupo do Kakao, era cuidadoso. Engulo a seco, sentindo a garganta arranhar mesmo com o milk-shake. Há um calor anormal em mim, uma sensação estranha que me deixa envergonhado, mas é bom. Embora eu nunca vá admitir em voz alta, gosto de sentir.

-Me sinto bem. - Yoon me chuta a canela por debaixo da mesa. Sufoco uma reclamação no fundo da garganta e devolvo: -E você? - Timidamente o olho, sorrindo um pouco quando vejo um sorriso bonito abrir em seus lábios. Okay, a situação toda é engraçada e irreal demais, mas por que eu estou sorrindo, meu deus? Ele é o babaca do Jimin!

-Me sinto muito bem, alma gêmea. Um pouco eufórico. Posso te tocar de novo? - Ele é direto, completamente desprovido da vergonha que sinto no momento.

-O que? Para que? - Quase esbugalho meus olhos para ele. Minha reação exagerada o faz rir de novo.

-Só para ver se aquela energia acontece de novo. - Jimin dá de ombros. -Por quê? Tá com medo, bae?

Finjo que não percebo o apelidinho cafona em sua frase e nego veementemente. Medo? Dele? Eu? Nunca!

-Claro que não. - Estendo minha mão de novo. A tatuagem reluz quando sua pele toca a minha novamente. Um toque reconfortante, conhecido. Minha alma e coração parecem reconhecê-lo, aliviam-se, e meu cérebro me faz voltar no tempo em que meus avós contavam sobre as várias vidas que tivemos antes dessa. Eu, meu irmão e meus primos, todos sentados ao redor deles na grande mesa de centro na cozinha, fissurados pelo modo com que contavam as lendas.

Talvez nós dois, eu e Jimin, tivéssemos nos encontrado em nossas vidas passadas. Era a única explicação para a familiaridade do toque.

Parecendo ser um movimento inconsciente, ele se aproxima mais no banco, sua coxa encosta na minha. Um arrepio sobe de meus dedinhos do pé até o ultimo fio de cabelo em minha cabeça. Consigo ouvir a música que toca em seus fones largados em seu pescoço. É Berlin. Take my breath away, para ser mais exato. Fico agradavelmente surpreso.

A Melodia Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora