Alone

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Paris. Abril de 1885

Era noite e o silêncio reinava na Ópera de Paris, Noah estava sentado no camarote n.5 enquanto observava o local mais belo que já havia estado.

Aquele era seu lugar favorito em toda Paris, o único lugar que lhe trazia o mais próximo de paz e felicidade que poderia sentir, amava observar o belo palco, os instrumentos, os assentos. Um de seus maiores sonhos, era um dia ouvir uma obra sua tocando ali, queria sorrir ao ouvir suas músicas sendo cantadas pelos cantores de Paris.  Queria poder cantar junto a eles e ser recebido com aplausos, ver as pessoas sorrindo para si, mas como poderia? Quando sabia que se alguém o visse, sua verdadeira face, sairia gritando com o mais puro medo.

Noah sonhava com o momento em que seria aceito pelas pessoas de Paris e poderia andar livremente sem o medo, a insegurança. Ele sabia que era um monstro mas não poderia deixar de desejar que tudo fosse diferente, na verdade aquele era seu maior desejo.

Queria apenas se sentir em paz, sentir felicidade, se apaixonar. Mas como poderia quando tinha sido tão terrivelmente castigado? Além do mais, quem poderia ser capaz de amá-lo?

— Noah? — Clarisse Beauchamp sussurrou.

Aquela era a única mulher que conhecia sua verdadeira identidade, que sabia seu nome e como era sua verdadeira aparência. Provavelmente a única pessoa que não se encolhia de medo e nojo.

Clarisse era amiga de sua mãe, tinha a ajudado a escondê-lo quando tudo aconteceu, e esteve ali por ele quando sua mãe faleceu.

Noah era eternamente grato a ela, não apenas por que ela o ajudava a cuidar da Ópera, seu lar, mas por que era sua única amiga e companheira nos espetáculos, sempre por perto para protegê-lo.

— Olá Clarisse. — Ele respondeu com a voz rouca,  enquanto se virava  para observá-la.

— Há algo que gostaria de te perguntar. — Ela sussurra nervosamente.

— Então diga. Sabe que não precisa sentir medo da minha reação.

— Tudo bem. — Ela suspira. — Alguns anos atrás havia um grande violinista em Paris, que vivia com sua filha, ele era um grande amigo de meu esposo, e da sua mãe. Infelizmente, ele faleceu precocemente e deixou sua filha de 10 anos.

— Sei de quem você está falando, o homem era um grande artista. A filha herdou o talento do pai? — Perguntou curiosamente.

— Sim herdou, — Clarisse sorriu. — enfim continuando. A garota foi enviada para viver com a tia até a maioridade, e ontem embarcou para retornar à Paris com sua prima. Mas infelizmente nenhuma das duas possui um lugar para ficar, como sabe, divido meu quarto com Joalin e Josh.

— Pare de enrolar e apenas pergunte de uma vez Clarisse. — Resmungou começando a ficar irritado.

— No quarto de fantasias, tem duas camas, você se incomodaria se elas ficassem lá?

— Não, não me incomodaria mas às avise para respeitar as regras durante a noite. Quero ter minha liberdade e nenhuma delas pode me ver.

— Eu mesma vou avisá-las e explicar os lugares que deverão evitar. — Ela sorriu docentemente como uma mãe e ele sentiu seu coração apertar, sentia falta de sua própria mãe. — Obrigada Noah.

— Por que me pedir permissão Clarisse? Não sou o dono da Ópera.

— Você é mais dono que qualquer outra pessoa. É sua casa e ninguém a ama mais que você. — Ela sorriu docemente antes de ir embora.

Se ele soubesse como, teria sorrido. Clarisse era uma boa mulher e seus filhos tinham sorte por tê-la. Afinal apenas uma boa mulher cuidaria de um monstro como ele e acolheria agora outras duas garotas.

Após a partida de sua amiga, Noah voltou a observar a ópera sem poder controlar a curiosidade sobre como seria a filha Gaston Hidalgo. Tinha ouvido o homem tocar violino uma vez mas ainda se lembrava de pensar que aquele som era um dos mais bonitos que já havia ouvido. Não só isso, lembrava da gentileza e paciência daquele homem, ele era uma boa pessoa e assim como todas as outras, tinha ido embora cedo demais.

Ele esperava verdadeiramente que sua filha tivesse herdado o talento de seu pai e sua incrível personalidade. O mundo precisava de pessoas talentosas e boas , ele bem sabia que a Ópera precisava urgentemente de uma boa alma.  Se ela não fosse como o pai, seria uma pena, mas se ela não fosse ou ainda fosse, não faria alguma diferença para Noah, ele nunca se aproximaria dela, nunca teria contato, continuaria na escuridão onde era o seu lugar.

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⏰ Última atualização: Jun 22, 2020 ⏰

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The Phantom of The Opera | URRIDALGOOnde histórias criam vida. Descubra agora