Capítulo 2

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          Cheguei em casa exausta, depois da apresentação de Carlos e Marcia nós dançamos mais duas músicas, mas o que me cansou mesmo foi a saída para um bar perto da casa de Márcia que toca samba e pagode nas noites de domingo. Gosto de samba é bem animado e dá para arriscar uma gafieira neles.
           O problema é quando começa a tocar o pagode, eles são mais lentos, as músicas românticas são... Muito românticas eu não aguento o modo que as pessoas se transformam quando as escutam, elas ficam cantando umas para as outras como se estivessem fazendo juras de amor em público isso é meio chato, nunca fui romântica mesmo quando estava namorando, sempre me disseram que eu era meio seca, sei lá eu não acho que precise ficar demonstrando o quanto gosto de alguém, penso que quando você gosta não precisara ficar falando a pessoa vai saber sem precisar dizer, o corpo da sinais disso. Arrisquei-me uma vez e me decepcionei tanto que agora prefiro não fazer, não quero passar por aquilo nunca mais.
             Peguei minha toalha, coloquei a banheira para encher e fui tirando o lápis dos meus olhos. Prendi o cabelo em um coque e entrei na água morna, encostei-me à banheira e fiquei parada tentando não pensar em nada, o que é muito difícil eu não consigo ficar sem pensar em nada a minha mente está sempre ligada pensando no que fazer ou não para o dia seguinte o que me atrapalha muito, eu demoro muito para dormi por estar sempre pensando em alguma coisa e com o festival chegando está ficando pior, venho tendo noites de insônia com muito mais frequência, preciso marcar uma consulta urgente e pedir um remédio pra dormi um pouco, venho ficando muito cansada e não posso me sentir assim para os próximos meses, Marcus sempre reclamou dessa falta de descanso em mim, “não pensar em nada é necessário Vivian” é o que ele sempre diz, eu sei que é necessário mais eu simplesmente não consigo.
             Eu e Marcus temos uma relação aberta, não é um namoro ou um caso, não sei bem que nome dar ao que temos é um lance aí, quando ele precisa de alguém na cama ele me chama, quando eu preciso o chamo e vem dado certo assim, como diz Márcia “Em time que está ganhando não se mexe”. Sai da banheira coloquei minha camisola liguei o rádio coloquei meu pen-drive na pasta capital inicial, são músicas antigas mais as que me acalmam, me deitei e tentei dormir.  
            Acordei assustada pensando que estava atrasada mais quando olhei no relógio vi que na verdade tinha acordado mais cedo que o normal, tomei café peguei o notebook para ver o que tinha de evento esse final de semana e se poderia ir dependendo dos horários. Faço um bico como coordenadora em um Buffet de uma região Sul de Belo Horizonte, com o festival chegando preciso economizar o que puder para a estadia no Rio de Janeiro, estávamos cada um guardando o que pode, queremos viajar para o Rio de Janeiro duas ou três semanas antes, para aproveitar um pouco o mar e conhecer o lugar que iremos dançar, estávamos todos com férias marcadas para setembro, já avisamos na academia que precisaram de dois instrutores substitutos nesta data. Verificando o site do Buffet ainda não tinha festas para a semana que vem, mas na outra tinha e já deixei minha presença confirmada, desliguei o notebook, coloquei minha roupa de academia peguei o uniforme para mais tarde e fui malhar.
             Quando cheguei Marcus estava na recepção e  já tinha dois alunos se alongando, Vinicius um playboy arrogante que sempre se achou o dono do mundo, mas sempre me deixa de fora das gracinhas dele, ele sabe que não sou boba e não caio nas suas cantadas baratas, ele dizia que eu era a única mulher que falava o que pensa dele e ele gostava disso, a outra era a Dani uma menina nova, deve beirar os 20, 21 mas bem vivida malhava para conquistar os homens ricos é o tipo de mulher que se vendia barato sem necessidade, ela era bem de vida mais sempre quer mais.
- Bom dia Vivian. – Disse Dani enquanto alongava as pernas.
- Bom dia Dani, Bom dia Vinicius.
- Dia gata, fiquei sabendo do show ontem, estão dizendo aos corredores que vocês arrasaram, quem diria que esse negócio aí iria parar nos Eventos Bausset.
- Pois é, pretendemos sair de casa de show direto para Austrália, se Deus quiser ano que vem estaremos lá. – O ouvi assoviar ele sempre fazia isso quando não tinha repostas.
- Quem te falou do show?
- Noelle ela está na esteira. – Disse apontando o lugar.
- Vai iniciando o primeiro exercício da sua ficha estou olhando de lá e já volto. - Fui até Noelle para poder agradecer novamente, nossa equipe com certeza ficara muito mais conhecida com o nome da Bausset envolvida.
- Bom Dia Noelle tudo bem?
- Oi Vivian estou ótima, quer dizer nem tanto, um pouco cansada fui dormir tarde, nossa como você consegue? Faz isso todo final de semana? Porque eu não aguentaria um mês. –Disse ela sorrindo.
- Praticamente todos, guardo um ou outro para descansar também. Vim para te agradecer novamente foi ótimo, muito obrigada pelo empurram com seu irmão, agradece ele por mim por favor.
- Para Vivian não precisa agradecer, vocês vão arrasar logo, logo, eu apenas acelerei um pouco. E no mais meu irmão é quem ficou agradecido a casa encheu e rendeu muito para ele. – Ela esfregou um dedo no outro fazendo o sinal de que estava contando dinheiro.
- Mesmo assim estamos gratos.
- Foi bom você ter vindo falar comigo, - Disse desligando a esteira - É que fiquei sabendo que você também trabalha em um Buffet, tenho um sobrinho que vai fazer 8 anos semana que vem, não queríamos fazer festa porque estamos passando por uma fase complicada, mais meu irmão não acha justo que meu sobrinho fique remoendo magoas, ele ainda é criança e Pierre pensa que Bernardo precisa se divertir.
- Trabalho sim é um Buffet muito reconhecido acredito que você vai gostar, o que mais tem são brinquedos para fazer as crianças esquecerem qualquer coisa, acho que tenho um cartão em algum lugar por aqui vou te passar você liga e marca tudo bem? – Disse indo para o balcão procurando o cartão.
- Claro! - Encontrei o cartão dentro da minha gaveta e entreguei a ela.
- Se puder ligar ainda hoje melhor, porque é meio difícil conseguir vaga lá, ainda mais assim encima da data.
- Vou ligar assim que acabar aqui.
- Tudo bem, vou ali trabalhar até mais.
- Te mais.
- Então Dani o que acha de reforçar seus exercícios um pouco mais? Estou pensando em trocar sua ficha.
- Eu acho uma boa ideia essa aqui já é fichinha. Disse enquanto saía do leg Press.
Meu dia foi passando como sempre ajudando alguém aqui e ali, segundas são tranquilas não tenho muito que fazer somente o trabalho de personal. Terças ajudo algumas pessoas e dou aula de gafieira na parte da tarde, na quarta-feira era mais atarefado ajudava como personal traine na parte da manhã a tarde tinha a turma de zouk e ensaio depois do meu horário de trabalho eu ficava bem mais animada, mais hoje não foi bem assim Luiz dono da academia decidiu nos visitar e ele sempre reclama de tudo por mais perfeito que estivesse, parece que é só para mostrar que está fazendo alguma coisa mais na verdade ele não faz nada, quem parece mesmo dono aqui é  Marcus.
Estamos na academia a seis anos eu entrei primeiro a academia tinha um outro dono que era amigo da minha mãe e me ofereceu um emprego quando terminei a faculdade de Educação Física, depois a academia foi ficando cada vez mais difícil de administrar sozinha e pedi para contratar Marcus também , ele não negou e com tempo Júlio vendeu a academia para Luiz  e Marcus se tornou gerente e eu a sub gerente nos praticamente fazemos tudo sozinhos e criamos nossas próprias regras desde que de lucro Luiz não intrometia e uma vez ou outra aparecia na academia tentando encontrar algo de errado no que era perfeito.
- Oi Vivian - Cumprimentou Luiz chegando um pouco mais perto, ele deveria ter quase cinquenta anos a pele clara cabelo um pouco grisalho e olhos verdes.
- Oi Luiz tudo bem?
- Sim, sim, o que faz a esta hora na academia não devia estar na sua casa?
- Hoje é dia de ensaio ficaremos até mais tarde que o normal nos próximos meses, tudo bem pra você?
- Claro, pode fazer o que você quiser, sabe que tem meu consentimento.
- Muito obrigada. –Eu Disse sorrindo
- Bem na verdade é um empréstimo, vou cobrar quando precisar de alguns favores seus. – Ele chegou mais perto me dando um sorriso cheio de segundas intenções.
- Se estiver ao meu alcance ajudarei.
- Você sabe que está. - Respondeu dando uma piscada logo depois passou os olhos pela academia. -  Onde Marcus está?
- Foi comer algo antes de começarmos com o ensaio.
- Então estamos sozinhos? Ele disse chegando ainda mais perto.
- Sim estamos. - Luiz sempre me vem com cantadas e segundas intenções eu correspondia uma ou outra, já sabendo que nunca daria em nada ele não é um homem com muita atitude e sei que não passaremos do flerte. Marcus chegou com Carlos e Márcia e Luiz foi conversar com ele, em alguns minutos já estávamos ensaiando combinamos de ensaiar quarto vezes na semana e acabamos tarde da noite. Cheguei em casa e fiz o ritual de sempre, o resto da semana não foi diferente sem muitas novidades, eu chegava em casa cada dia mais cansada e exausta e chegava na academia com muito mais sono que o normal, mais não iria reclamar sei que o sacrifício irá valer a pena no final de tudo.
Sábado a academia abre até 12:00 geralmente fica vazia só vinha mesmo os mais dedicados, quase ninguém quer acordar cedo em um sábado. Quando cheguei avistei Marcus ao telefone.
- Tudo bem linda eu vou te ver hoje ok. - Ele ouviu uma resposta.
- Claro, também estou. - Ele virou e me cumprimentou levantando a sobrancelha.
- Tudo bem então até mais tarde. - Despediu desligando o celular.
- Quem era? – Caminhou em minha direção e me deu um selinho.
- Michelle uma garota aí.
- Hum, acho que nunca ouvi falar.
- Estamos ficando a algum tempo, sem nada demais só a ficada de sempre.
- Sei, hoje não é o dia de Márcia escolher um lugar para sair?
- É sim, mas não vou demorar muito ela mora com os pais então devo chegar cedo.
- Tudo bem, vou malhar um pouco e depois vou para o Buffet.
- Você não disse que ia deixar o buffet de lado no mês passado?
- É eu disse, mas é que preciso aproveitar todas as festas agora.
- Acho que você tem o suficiente para o Rio Vivian.
-Sim, mas quero me prevenir se acontecer alguma coisa quero estar preparada.
- Não exija muito de você gata isso pode atrapalhar e não ajudar muito.
- Tudo bem eu aguento. - Eu já tenho uma boa quantia guardada para ir ao Rio de Janeiro, mas eu já estava pensando mais a frente e se ganhássemos? O que queira Deus vai acontecer, no próximo ano vamos para Austrália e lá as coisas são mais caras tem passagem, tem saídas, roupas, muitas coisas e outra dinheiro nunca é demais.
- Você acha que consegue tudo, mais não abusa você precisa ouvir alguém as vezes, eu te vejo chegando exausta para trabalhar sei que não deve estar dormindo porque te conheço, esses extras não irão ajudar financeiramente se te atrapalhar fisicamente, pense bem e vê se deixa esse bico de lado acredito que a academia esteja te pagando o suficiente já que não anda gastando muito.
- Tudo bem Marcus vou pensar sobre isso. – Por mais que não quisesse admitir ele estava certo eu estava péssima, quando acordei hoje de manhã queria mesmo ficar na cama e dormi, não tenho muito o que fazer aos sábados seria ótimo para descansar, vou ter que deixar o Buffet e começar a pensar um pouco mais em descansar o corpo. Porém mais uma ou duas festas não vão me matar.
                Noelle havia fechado a festa com a Sra. Neide para parte da tarde então precisava chegar mais cedo para adiantar algumas coisas, terminei com os exercícios e fui tomar meu banho, coloquei meu uniforme do Buffet, ele era básico calça leag preta, uma blusa polo rosa, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo imperfeito, como ele é muito cheio, cacheado e rebelde é meio complicado de alinhar então eu nem perco tempo tentando, coloquei meus brincos a sapatilha preta e fui, no meio do caminho passei em uma loja pra comprar o lápis que a Márcia vivia reclamando, acabei comprando outro gloss porque o meu estava acabando e não sabia quando iria ter tempo pra comprar outro.
Quando cheguei a equipe da decoração estava terminando o tema era os vingadores a decoração estava ótima, Noelle estava no mural colocando algumas fotos do sobrinho para enfeitar mais.
- Oi Vivian tudo bem?
- Tudo, nossa está ótimo isso aqui. -Eu disse examinando o salão.
- Está sim, bem que você disse o lugar é lindo Bernardo vai adorar e os brinquedos, nossa! Isso é excelente, não vejo a hora de vê-lo aqui. – Enquanto ela falava gesticula para tudo que via.
- Tenho certeza que sim, farei o possível para ele se divertir muito.
- Faça sim, está sendo um momento difícil pra ele, ele virá com meu irmão Pierre, que é quem está pagando a festa, então se não for pedir muito, você pode fazer tudo que ele disser.
- Sem problema.
- Este é meu sobrinho. - Ela me passou uma foto de um menino, sentado em uma escada sorrindo e uma mulher um degrau a cima com os braços em volta dele e o beijando na bochecha, ele tinha o cabelo claro um pouco mais escuro que o da Noelle os olhos eram em um tom de verde, que me pareceram familiar, tenho quase certeza que já os vi em algum lugar.
- Nossa ele é lindo.
- É mesmo ele parece muito com a mãe dele, que é outro assunto que gostaria de falar com você, infelizmente ela faleceu a quatro meses e ainda é uma ferida em aberto ele sempre pergunta dela já falamos o que aconteceu mais ele não aceita e sempre acha que ela vai voltar, não queríamos fazer a festa mais como eu disse Pierre insistiu, disse que é preciso pra ele esquecer um pouco, então eu queria te pedir um favor, é que não sei como vocês fazem aqui, e alguns Buffet chamam a mãe ou perguntam pra criança onde elas estão, eu queria te pedir para não falar nada se possível sabe, já está sendo difícil pra ele se adaptar a mudança ele morava na Itália com meu irmão e a mulher, mais teve que vir para o Brasil e se distrair um pouco.
- Claro Noelle, eu sinto muito, imagino o que ele pode estar passando é muito difícil perder a mãe, ainda mais novo assim, pode ficar despreocupada farei de tudo para que seja um dia bem divertido.
- Sabia que poderia contar com você. 
- Sempre que precisar. Tem mais alguma coisa em que possa ajudar agora? – Ela colocou o porta-retratos na mesa e o ajeitou por lá.
- Não, tudo certo por enquanto.
- Ok. Qualquer coisa pode me chamar estarei lã dentro. - Apontei para a porta do escritório.
- Sim, sim – O telefone dela tocou e saiu para atender.
Fui até o escritório encontrar o contrato da festa para conferir os salgados, doces e saber se estava tudo certo, liguei e conferi os brinquedos, vídeo games, máquina de música estava tudo ok. Dione, Sueli e Rose chegaram, eles são os garçons da festa, estão aqui a tanto tempo quanto eu, sempre que podem me dão uma força para ganhar um dinheiro extra, Clara chegou junto com eles ela é a cozinheira já é uma senhora de idade e experiente tem um espírito de adolescente está sempre animada para fazer qualquer coisa, fala sobre qualquer assunto não tem tempo ruim pra ela eu adoro isso, pessoas otimistas são mais fáceis de ter convivência sempre conseguem ver o lado bom de tudo. - Alguém bateu na porta do escritório e entrou. Era Noelle.
- Bernardo chegou você quer vê-lo?
- Quero sim. - Levantei-me e fui até o salão.
- Ele está vendo a decoração amou o cenário é ótimo vê-lo tão alegre. - O salão já estava cheio passei cumprimentando algumas pessoas e desejando que se divirtam, reconheci Bernardo quando cheguei próximo ao cenário ele estava fantasiado de capitão América e tirava uma foto ao lado do Hulck.
- Bernardo, está e a Vivian a moça que eu disse que vai te ajudar a divertir hoje.
- Oi Bernardo vi que já está se divertindo. -Agachei para poder falar frente a frente com ele.
- Estou sim gostei desses caras aqui. - Disse enquanto apontava para o cenário, ele tinha um sotaque francês muito forte foi engraçado dei um leve sorriso ao ouvir.
- Que bom espero que se divirta muito, você já foi do outro lado do salão? Tem muitos brinquedos divertidos por lá, o que você gosta de fazer?
- Hum... - Ele colocou o dedo indicador no queixo indicando que estava pensando. -Eu gosto de pula-pula e de vídeo games.
- Então você vai adorar tenho alguns ali. –Apontei para uma sala no canto do salão. - Vamos lá?
-Vamos!!! - Ele gritou e correu para onde tinha apontado. Noelle parou ao meu lado com outra pessoa.
- E este é meu irmão Pierre.  - Levantei para olhar ao lado dela e gelei, “Ai meu Deus” Era os olhos esmeraldas que agora tinha um nome Pierre, como se fosse possível ele estava muito mais gato que na semana passada, vestia uma blusa social preta aberta um botão que enfeitava com uma corrente de ouro, uma calça jeans azul, cabelo caindo aos olhos como da primeira vez em que o vi. Quando meus olhos encontraram seu rosto ele estava sorrindo, um sorriso de tirar o fôlego. “Meu Deus que homem” Estendi a mão para cumprimentá-lo.
- Prazer sou Vivian. – Ele pegou minha mão e quando seus dedos encontraram minha pele meu corpo inteiro estremeceu.
- É um prazer te rever Vivian, sou Pierre. - Ouvi meu nome vindo da sua boca foi excitante ele praticamente o cantou, pegou minha mão a levou na boca deu um breve beijo, foi um toque rápido mais foi o suficiente para sentir a boca macia na minha pele.
- Vocês já se conhecem? - Perguntou Noelle perdida.
- Não exatamente a vi conversando brevemente com um rapaz no bar da Bausset. -Disse sem tirar sua mão da minha.
- Nossa que legal mano, eu falando dela pra você e nem sabia que já tinham se visto. – Bernardo veio correndo e pegou minha mão livre, automaticamente puxei a mão que Pierre estava segurando.
- Vamos jogar vídeo game? Esfreguei minha mão que queimava com o vazio da pele dele.
- Claro de qual você gosta? - Olhei de volta para Noelle e Pierre me desculpando e sai atrás de Bernardo.
- Eu gosto de corrida.
- Oba! corrida, eu sou muito boa acho que você não vai ganhar.
- Mas eu sou muito veloz e vou ganhar sim.
Jogamos várias partidas e ele ganhou algumas, depois ele foi para a cama elástica pulando até perder o folego, as monitoras da festa chegaram, mas Bernardo insistia que queria ficar comigo, eu não liguei a festa estava muito calma e não tive muitos problemas para resolver, enquanto ele brincava na piscina de bolinha lembrei o que Noelle disse e senti um aperto no peito, ele é apenas uma criança, acho muito injusto quando as mães se vão assim quando os filhos ainda não tem muita noção de vida, quando minha mãe faleceu eu não era tão nova tinha dezesseis anos e ainda assim sofri muito, uma criança de oito anos não devia passar por isso, Bernardo está sendo muito forte.  
Ele saiu do vídeo game e voltou para a cama elástica e me deu o sorriso mais lindo que já vi, não sou muito fã de crianças elas geralmente são barulhentas, mas algo nele me fez lembrar Pierre eles não parecem muito, mas aqueles olhos eram inconfundíveis, talvez no físico ele se pareça mesmo com a mãe. Pierre também deve estar sofrendo perdeu a mulher a pouco tempo, não deve estar sendo nada fácil pra ele.
- Vivian!? - Chamou Bernardo interrompendo meus pensamentos. - Me ajuda a sair? Preciso ir na minha tia um pouco, depois eu te chamo pode?
- Claro que pode. Enquanto você estiver lá vou entrar um pouco para resolver umas coisas tudo bem. Ele balançou a cabeça em sinal de afirmação.
Entrei na cozinha para checar se estava precisando de alguma coisa mais estava tudo em ordem. Peguei meu celular na bolsa, tinha duas mensagens abri a primeira era Carlos, perguntando que horas saio e dizendo que Marcia já decidiu para onde vamos, respondi que sairia por volta das 20:00 e perguntando para onde vamos para que eu possa sair daqui e ir direto. A outra mensagem era de Marcus reclamando que a moto dele tinha estragado pela segunda vez essa semana e pedindo a minha emprestada pelo resto da semana. Respondi a mensagem dele com um ok. Guardei o celular na bolsa e estava pronta par retorna ao trabalho quando Sueli apareceu na porta.
- Tem um Deus grego de tirar o fôlego te chamando na porta. -Ela disse fingindo passar mal.
- Põe tirar o folego nisso.  -Disse abanando o rosto, Pierre me esperava encostado no batente da porta de braços cruzados.
- Oi pediu para me chamar? – Ele descruzou os braços e deu um passo em minha direção.
- Você literalmente tem muito jeito com os homens! - Disse com um sotaque que agora já sabia de onde era, França.
- Como assim? – Perguntei sem entender muito bem. O que ele queria dizer com isso?
- Bernardo está encantado com você, não para de te elogiar.
- Obrigada, ele é uma criança excelente fácil de gostar, foi muito bem-educado, parabéns.
- Obrigado você, não sabe como fico feliz quando o vejo assim.  Ele pediu para você se juntar a nós para os parabéns, você pode?
- Claro ficaria muito feliz, está mesmo na hora vou pedir um dos meninos para acender a vela. - Virei para entrar e chamar Dione, quando ele colocou a mão em meu braço me impedindo de continuar.
- Gostaria de pedir desculpas pela semana passada. – Ele me puxou para mais perto e ficamos a centímetros de distância.
- Por que exatamente? – Retirei meu braço da mão dele e levantei a cabeça para poder olhá-lo melhor, como ele é alto!
- Por causa Do que falei, você sabe, sobre a sua roupa.
- Sem problemas, não ligo muito para a opinião das pessoas, para não dizer quase que nada.
- É você me disse isso também, só que de um jeito pouco mais grossa. - Eu sorri com a acusação.
- Grossa? Eu? Você se enfia no meio de um assunto que não é da sua conta e a grossa sou eu?
- Estava apenas tentando ajudar.
- Acho que já disse semana passada e repito, eu não preciso ser ajudada, já passei por momentos mais críticos que aqueles e sempre me virei só, mas agradeço a tentativa da ajuda, outros em seu lugar teriam entrado para tentar ir para a cama com a gente.
- Você é sempre assim? - Ele cruzou os braços novamente e segurou os olhos no meu.
- Assim como? – Disse o encarando por igual.
-  Não sei você está sempre na defensiva como se todos quisessem tirar um proveito de você.
- E não querem?
- Bem eu não sei em relação aos outros mas eu não, meu único erro no momento foi tentar ajudar uma pessoa que parecia precisar de ajuda nada mais. Ele disse desviando o rosto.
- Tudo bem, como já disse agradeço a tentativa e caso aconteça uma próxima vez pode deixar que eu consigo me defender –Virei e sai sem olhar pra traz. Chamei Dione para acender a vela e me juntei as pessoas para cantar os parabéns, porem para minha surpresa ouve apenas um “Joyeux anniversaire, joyeux anniversaire, joyeux anniversaire” Eu tentei acompanhar mas acho que não me sai muito bem, Que parabéns mais estranho!, Bernardo era só sorrisos e me peguei sorrindo também, procurei Pierre pelo salão e o encontrei também sorrindo, um sorriso de alegria, doce e encantador, como se soubesse que eu o encarava ele olhou em minha direção e novamente, como se fosse na casa de show seu olhar se prendeu ao meu, ele era intenso e sensual,  um olhar que dizia tanta coisa e ao mesmo tempo não dizia nada, me forcei voltar aos parabéns, e me esforcei com o Joyeux anniversaire . Depois do parabéns diferenciado cortamos o bolo e servimos os doces, já estavam todos se retirando, Noelle veio se despedir e agradecer a festa muito mais empolgada do que chegou, consegui identificar de onde Bernardo tirou aquela energia com certeza foi da tia.
- Ei! Eu adorei a minha festa foi muito boa. - Bernardo disse atrás de mim.
- Também adorei me divertir muito com você Bernardo.
- Estou indo embora quando for meu aniversario mais uma vez vou fazer aqui de novo.
- Vem sim vou ficar esperando – Pierre vinha atrás de Bernardo.
- Bernardo pode indo com a sua tia que vou depois.
- Ta bom. Pierre chegou mais perto de mim que o necessário.
- Quer sair comigo? – “O que? Ele deve estar brincando” Claro que não!
- Pra que? – Perguntei perplexa.
- Acho que começamos mal, eu te passei uma primeira impressão errada sobre mim e tenho certeza que você também.
- Pela minha parte acredito que não. Aonde você quer ir?
- Essa pergunta não deveria ser minha? -Disse abrindo um sorriso lindo.
- Não posso ir longe mais tarde vou sair, você que beber ou comer?
- Roubando minha pergunta de novo? - Revirei os olhos.
-Força do hábito, vamos a um bar duas ruas daqui.
- Bom por mim tudo bem.
- Vou precisar de 20 minutos para verificar algumas coisas me arrumar, pagar o pessoal e fechar a casa.
- Te espero lá fora. - Ele virou e foi andando. Terminamos de arrumar o buffet, fui ao banheiro, passei uma água no rosto, ajeitei a roupa e sai.
Pierre estava ao telefone quando cheguei, conversando sobre o que me pareceu trabalho, fez sinal para que eu andasse a sua frente. Quando chegamos no bar estava tocando música ao vivo é um lugar muito agradável muitas vezes saio do Buffet e encontro com os meninos aqui para jogar conversa fora, pegamos uma mesa na varanda a única que sobrou. Assim que sentamos o garçom apareceu, esperando o pedido.
- Tudo bem, pai resolvemos isso amanhã ok. -Ele ouviu uma resposta e desligou o telefone.
- Desculpe por isso, meu pai não tem hora, nem dia para trabalhar, - Ele apontou para o celular e o colocou no bolso. - O que vai querer? Perguntou Pierre me avaliando.
- Uma cerveja, por favor.
- Pra mim um vinho. - Disse ao garçom sem desviar os olhos de mim. – Ele tinha um olhar estranho, não consigo explicar como, estou acostumada com vários tipos de olhares para mim, mas o dele não dizia nada, não fazia sentido.
- Adorei o Bernardo ele é adorável, deu uma educação excelente pra ele. – Eu disse quebrando o silêncio.
- Com certeza, meu irmão fez o melhor que pode. – Respondeu dando ênfase ao meu irmão
- Seu irmão? - Repeti meio perdida, não passou pela minha cabeça que Bernardo não poderia ser filho dele não vi mais ninguém lá que se parecesse pai de Bernardo e durante a festa eles se deram tão bem.
- Sim ele mora em Paris, com Bernardo a mulher dele que infelizmente faleceu.
- Noelle comentou comigo, sinto muito. – Disse sem graça
- Obrigado, não tive muito contato com ela, meu irmão Jean ainda está abalado tentando se recuperar e pediu para ficarmos com Bernardo até que tudo ficasse mais fácil, ele é o meu afilhado, único sobrinho e neto, ele deixa a casa com mais alegria é claro que nós aceitamos.
- Hum, pensei que ele fosse seu filho.
- Por quê?
- Não sei, Noelle disse que era sobrinho e o único que vi com ele foi você.
- Eu não queria que ele sentisse falta do pai na festa de aniversário e quis deixá-lo à vontade então fiquei mais presente.
- Entendi acho funcionou ele me pareceu bem animado.
- Ele é sempre assim acho que puxou a mãe. - O garçom chegou com a cerveja e uma taça de vinho, abriu e serviu meu copo.
- Fiquei muito surpreso em te reencontrar hoje. –Disse pegando a taça e batendo no meu copo.
- Surpresa boa ou ruim? –Peguei meu copo e bati no dele fazendo o mesmo.
- Ainda não sei. – Ele pegou o copo e bebeu, não pude deixar de reparar no movimento do vinho molhando os lábios dele, e nem mesmo passou despercebido quando ele passou a língua pelos lábios para saborear aquele vinho de bar.
- O que exatamente você quer comigo? – Perguntei tentando me distrair daquela sensação estranha de que era melhor eu sair dali.
- Está com pressa? – Perguntou colocando o copo na mesa.
- Um pouco, como disse tenho um lugar pra ir depois.
- Com seu namorado?
- Talvez. - Menti. - Então o que você quer comigo? – Perguntei novamente cansada dessa conversa fiada.
- Minha irmã jura que esse negócio que você dança está fazendo sucesso, então pensei em contratar você para fazer um show na Bausset, vamos começar como experiência pra ver no que vai dar, com o tempo você fica fixo se quiser, pensei em duas vezes por mês o que acha? – Minha expressão mudou de desconfiada para boquiaberta.
- Gafieira.
- O que?
- O nome desse negócio que danço é gafieira.
- hurum- Respondeu bebendo mais um gole de vinho - E então você aceita?
-Só aceitamos algo se for a equipe toda e não sou eu quem faz as negociações você vai precisar conversar com Marcus, te passo o número dele e vocês acertam tudo.
- Ok. Me passe mais tarde por favor.
- Tudo bem. – Respondi bebendo um pouco.
- Foi o que você imaginou que eu queria falar quando te chamei?
-Não!
- O que você acha que poderia ser?
- O de sempre, conheço seu tipo de homem Pierre, tentam bancar o Don Juan no início, mas no final todos querem a mesma coisa uma noite de sexo com uma mulher que não conhecem - Ele virou o rosto e começou a sorrir.
- Sinto te desapontar Vivian, mas não sou esse tipo de homem. – Confiante ele pegou o vinho na mesa e novamente apenas molhou os lábios.
- E que tipo de homem você é? - “O que isso importa Vivian?” – ‘Não importo mais eu quero saber”. – Perguntei e respondi ao meu subconsciente.
- Homem de paquera, filmes e flores. - Ele chegou um pouco mais perto da mesa pegou minha mão e alisou o meu punho a mão dele era suave foi um simples toque mais fez um arrepio passar pelo meu estomago.
- Acha mesmo que acredito nessa besteira? - Eu retirei a mão debaixo da dele e peguei meu copo para me manter ocupada.
- É o tipo de criação que foi me dado, sou da França e lá tudo tem um pouco de romance.
- Pra que deixar para amanhã o que pode ser feito hoje?
- Adiantar o relógio não altera a hora certa Vivian, 12:00 será sempre 12:00 mesmo que no seu relógio seja 12:30 acredito que tudo tem o seu tempo.
- Hurum sei. - Não consegui nada melhor pra falar agora, eu não caio mais nesse jogo, esse negócio de sou um rapaz bonzinho e quero ser seu amigo não me engana mais.
- E você? Que tipo de mulher você é? – Novamente ele pegou minha mão sobre a mesa e começou a alisar.
- O tipo que odeia flores, filmes e livros de romance, mais gosto da paquera. -Ele parou e me examinou bem, tentando encontrar alguma mentira, tenho certeza de que não encontrou.
- Por quê?
- Porque prefiro assim. - Novamente retirei minha mão da dele e peguei meu copo, ficando mais longe dessa vez.
- Você e sempre vaga assim? Não te conheço ainda Vivian, mas sei que está escondendo algo por trás desses lindos olhos negros, eu não consigo te entender.  - Ele encostou-se à cadeira como se estivesse desistindo de alguma coisa que não sei o que era.
- O que especificamente você quer saber? Faça uma pergunta que eu respondo, claro depende, não saiu contando minha vida para estranhos.
- Não sei se percebeu, mas estou tentando deixar de ser estranho.
- O que você quer? Ser meu “amiguinho”? – Perguntei com ironia.
- Por enquanto pode ser.
- Na verdade tenho certeza de que será sempre assim.
- Por quê? – Perguntou vindo para perto novamente.
- Você não é o tipo de homem que eu goste. – Respondi me afastando e encostando na cadeira.
- Qual é o seu tipo de homem?
- Entre outros os que vão direto ao ponto. – Disse sem pensar duas vezes, nos dois sabemos onde irá terminar.
- Quer que eu seja direto? Perguntou com o tom de voz tão baixo que parecia que estava contando um segredo, tive que levar o corpo para frente para tentar ouvir.
- Por favor.  - Levantei a mão para o alto o incentivando a falar, ele colocou a taça na mesa e novamente pegou minha mão livre e começou a acariciar de forma mais lenta.
- Eu gostei de ver você dançando, dança muito bem a propósito, eu vi um amor no seu olhar que é raro ver nas pessoas hoje, fiquei intrigado, não via alguém fora a minha família olhando daquele jeito há muito tempo e hoje com o Bernardo você foi demais ele não confia nas pessoas desde que a mãe dele morreu, você foi a primeira pessoa que ele sorriu, sorriu de verdade, não sou o tipo que insiste com alguém desconhecido mas tem algo em você que chamou minha atenção, algo que me faz querer ficar mais perto. - Ele largou minha mão, que eu nem mesmo tinha percebido que ele pegou novamente e se endireitou na cadeira. Engoli seco, odeio não saber quando as pessoas estão ou não sendo sinceras.
- Tudo bem, podemos conversar de vez em quando. - Amizades nunca são demais e eu gostei do que ele disse, por mais que eu não queira acreditar me pareceu sincero, mais eu duvido muito que essa história de amigos seja verdade, posso não conhecer Pierre Bausset mais conheço os homens o suficiente para saber quais são as reais intenções ao se aproximar de uma mulher e posso afirmar que não são assuntos profissionais, se fosse mesmo isso ele poderia ter pedido o empresário dele Victor Dupont assim como fez quando fechamos o acordo da primeira vez.
Se ele estiver mesmo fazendo joguinho vai quebrar a cara, tenho minha ética profissional não durmo com chefes, e é o que ele vai ser quando nos contratar, mesmo sendo lindo e sensual como ele, e sinceramente não gosto de loiros não que o caráter estivesse relacionado a cor do cabelo mais eu não quero ficar lembrando do Cris toda vez que um outro homem estivesse me beijando. – Eu o olhei pelo canto dos olhos e o vi me observando, ele é simplesmente o homem mais lindo que já vi, lindo e sexy, duas misturas excitantes. E se talvez eu pudesse ter somente uma noite, ele ainda não é meu chefe, e por uma noite eu tentaria não lembrar de Cris e vamos combinar, ele é bem gostosão.
- Tem certeza de que quer nos contratar para dançar na Bausset?  - Perguntei dando uma última saída.
- Sim por quê? - Respondeu pegando o copo e o levando a boca.
- Porque não transo com chefes. – Ele quase se engasgou com o vinho, me olhou e deu um sorriso malicioso.
- Não tenho a menor intenção de transar com você Vivian – “Tudo bem isso doeu”.  - Bem talvez seja melhor assim.
- Então estamos conversados, está na minha hora e eu realmente preciso ir. – Bebi meu último gole de cerveja e comecei a levantar.
- Para sair com seu talvez namorado, já sei. -Ele se levantou pagou a conta e fomos de volta em direção ao Buffet.
- Então até à próxima. - Eu disse estendendo a mão em uma despedida.
- Eu estava pensando já que não somos mais estranhos você poderia me dar o número do seu celular. - Falou ignorando minha mão estendida, eu o olhei desconfiada.
- Tudo bem. –  Ele me passou o celular dele e salvei meu número.
- Quer o meu? Perguntou, colocando o celular no bolso.
- Não, se você me ligar eu anoto. – Disse destacando o se.
- Ok até à próxima.
- Ate. -Ele pegou a minha mão levou até a boca como tinha feito anteriormente e deu um breve beijo. – Andei até o carro coloquei o cinto e fiquei ali pensando no que tinha sido aquilo tudo, balanceia a cabeça na tentativa de afastar o pensamento, peguei o celular para responder a Carlos que chegaria em vinte minutos, levei um susto quando meu celular tocou, eu atendi não reconhecendo o número.
- Alô?
- Oi, sou eu Pierre, você não vai embora? Pensei ter ouvido você dizer que estava com pressa. - Olhei para o lado para saber onde ele estava mais não vi nada.
- Não que seja da sua conta, mais estava respondendo uma mensagem no celular. – Respondi seca.
- Esse é o meu número anota aí.
- Vou anotar.
- Sua voz é ainda mais encantadora por telefone sabia?
- Tudo bem ate. - Ouvi um sorriso do outro lado da linha.
- Até Vivian. – Respondeu desligando o celular. Ele disse meu nome em apenas um sussurro rouco que me deixou embriagada eu ainda o ouvia dizer mesmo depois de desligar o telefone. Isso foi encantador. “Deixe de ser idiota menina, você não precisa disso”
- Sim eu não preciso. – Respondi minha consciência que estava mais do que certa e me forcei a pensar em outra coisa, qualquer outra coisa que não fosse Pierre e sua voz encantadora e seus olhos paralisante.

Dançando um sonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora